Desafio com o bem-estar masculino vai além do câncer de próstata; Especialistas reforçam que é fundamental entender mais sobre o corpo e a mente, e compreender o que está em jogo
Durante muito tempo, cuidar da saúde do homem foi visto como algo secundário ou
desnecessário. Evitar ir ao médico, não falar sobre sintomas ou emoções e
negligenciar sinais de alerta pode trazer consequências graves ao longo da
vida.
Hoje, os números
mostram que essa resistência custa vidas. O câncer de próstata continua sendo o
segundo tipo de tumor mais comum entre os homens, com cerca de 72 mil novos
diagnósticos por ano no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Em 2023, foram 17.093 mortes registradas, o que representa 47 óbitos por dia.
Além disso, o envelhecimento populacional e o aumento da expectativa de vida
fazem com que o número de casos possa dobrar até 2040, segundo projeções da
revista The Lancet.
Mas o desafio vai
além da doença. Ele passa por uma mudança cultural. Um estudo recente da
Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) revelou que 46% dos homens só procuram
um médico quando sentem algo, e apenas 32% afirmam se preocupar muito com a
própria saúde.
Para o oncologista
Denis Jardim, líder nacional da especialidade de tumores urológicos da
Oncoclínicas, o primeiro passo é compreender o corpo e entender o que está em
jogo. “De maneira didática, podemos dizer que durante toda a vida, nossas
células se multiplicam e as antigas são substituídas pelas novas. Contudo, quando
ocorre um erro nesse processo (mutação) há um crescimento descontrolado,
levando a formação de tumores, como é o caso do câncer de próstata”, explica.
A próstata é uma
pequena glândula, do tamanho de uma noz, que fica abaixo da bexiga e à frente
do reto. Sua função é produzir o líquido seminal, que nutre e transporta os
espermatozoides. O problema é que o câncer de próstata costuma ser silencioso,
no qual a maioria dos casos não apresenta sintomas até estar em estágio mais
avançado.
“Por apresentar
sintomas mais evidentes quando a doença já apresenta evolução, é recomendável
que homens a partir de 50 anos façam anualmente o exame clínico e a medição do PSA.
Em casos específicos, o início da avaliação de PSA pode ser mais cedo
inclusive. Quando há suspeita da neoplasia, indicamos a biópsia, muitas vezes
precedida de ressonância, para confirmar o diagnóstico”, orienta Jardim.
A importância
do olhar integral
A saúde masculina,
no entanto, não se resume à próstata. Dados do Ministério da Saúde mostram que
os homens vivem, em média, sete anos a menos do que as mulheres, em parte por
negligenciarem consultas preventivas e hábitos de autocuidado.
A saúde mental tem
se tornado um tema cada vez mais urgente no contexto do câncer. Dificuldades em
reconhecer emoções, pedir ajuda ou lidar com a vulnerabilidade ainda contribuem
para o sofrimento silencioso de muitos homens. “Em diversos contextos, ainda
persiste a ideia de que o homem precisa ser sempre forte, o que pode dificultar
que ele fale sobre o que sente. Isso impacta diretamente sua saúde. Muitos
ainda associam o ato de procurar ajuda a uma fraqueza, quando, na verdade,
trata-se de um gesto de cuidado e responsabilidade consigo mesmo. A prevenção
também passa pela escuta, pelo acolhimento e pela construção de espaços
seguros, onde ele possa se cuidar sem medo de julgamento”, explica Cristiane
Bergerot, psico-oncologista e líder nacional da especialidade Equipe
Multidisciplinar da Oncoclínicas.
Ela ressalta que o
cuidado emocional tem papel determinante não apenas na prevenção, mas também na
adesão aos tratamentos oncológicos. “Quando os pacientes compreendem o impacto
das emoções e aprendem estratégias para lidar com a ansiedade e o medo,
conseguem se adaptar melhor ao diagnóstico e seguir o tratamento com confiança
e regularidade. A saúde mental influencia diretamente a recuperação e a
qualidade de vida durante e após o câncer”, complementa Bergerot.
Mais do que tratar
doenças, é essencial promover um cuidado integral que ajude os homens a
reconhecer precocemente sinais de medo, ansiedade ou depressão. Identificar
essas mudanças permite buscar ajuda e adotar estratégias que favorecem o
equilíbrio emocional e o enfrentamento do tratamento. Esse cuidado inclui
incentivar consultas regulares, oferecer informações claras sobre saúde mental
e fortalecer redes de apoio – familiares, sociais e profissionais – que
contribuam para que o paciente mantenha o foco na recuperação e na qualidade de
vida.
Prevenção é
atitude
Quando
diagnosticado precocemente, o câncer de próstata apresenta altas taxas de cura.
O tratamento depende do estágio da doença e pode envolver cirurgia,
radioterapia, bloqueio hormonal, braquiterapia e, em casos mais avançados,
radioisótopos, que emitem radiação diretamente nas áreas afetadas.
“Nos casos
iniciais e de baixa agressividade, existe a possibilidade de acompanhamento
próximo, sem necessidade de tratamento imediato. Já nos pacientes com
metástases, temos hoje diversas abordagens que possibilitam um excelente
controle da doença com preservação da qualidade de vida”, explica Denis Jardim.
A conscientização, portanto, precisa ir além da lembrança anual de novembro. “Cuidar da saúde é um ato de coragem e de amor próprio, e deve começar desde cedo, com educação em saúde e com a desconstrução da ideia de que o autocuidado é sinônimo de fraqueza”, finaliza o oncologista.
Planejando o futuro
Para apoiar a
conscientização sobre o câncer de próstata e a saúde do homem como um todo, ao
longo do mês de novembro estará no ar a campanha “Atitude & Consciência” da
Oncoclínicas&Co, cuidar da saúde é atitude de quem planeja o futuro. A ação
promove conteúdos informativos e estimula a realização de exames e consultas em
dia.
Com ativações em redes sociais, a iniciativa tem como objetivo promover a importância do diagnóstico e o tratamento precoces, incentivando a atenção aos sinais do corpo e a busca por acompanhamento médico, aumentando assim as chances de cura.
Oncoclínicas&Co
www.oncoclinicas.com
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