Apesar do
resultado trimestral, há sinais de desaceleração em virtude da redução dos
preços, sobretudo no aéreo, segmento fundamental para o setor
O Turismo brasileiro faturou R$ 48,2 bilhões nos primeiros três meses do ano e
registrou o melhor desempenho para um primeiro trimestre desde 2019. Os dados
são da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo
(FecomercioSP). Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve alta de
1,9% — R$ 902 milhões a mais em termos monetários.
De acordo com o Conselho de Turismo da Entidade, algumas circunstâncias podem
ajudar a explicar o resultado, como a alta temporada de lazer, durante as
férias no início do ano e o carnaval. Somada a essa conjuntura, houve também
melhorias nas condições econômicas, com mais empregos e renda disponível para
as famílias viajarem mais. As atividades que apontaram o maior crescimento no
período foram: locação de meios de transporte (12,3%), alimentação (7,8%) e
meios de hospedagem (6,4%). Na sequência, atividades culturais, recreativas e esportivas
(5,3%), outros tipos de transporte aquaviário (2,4%) e transporte aéreo (2,2%),
que obteve o maior faturamento (R$ 12,1 bilhões).
Por outro lado, transporte rodoviário de passageiros (-12,4%) e agências de
viagens e operadoras de turismo (-1,1%) faturaram menos em relação ao observado
nos primeiros três meses do ano passado.
Resultados de março sinalizam desaceleração
Apesar do avanço trimestral, já há sinais de uma desaceleração no crescimento
do setor — não por falta de demanda, mas em razão da redução dos preços. Quando
analisado somente o dado de março, por exemplo, nota-se que o turismo avançou
apenas 0,4%. Além disso, a maioria dos setores sofreu retrações, com destaque
para o transporte rodoviário de passageiros, que apresentou decréscimo anual de
13,6%, em decorrência da forte base de comparação e da redução das passagens.
O segmento aéreo, que tem o maior peso para o setor, também apresentou variação
negativa (a primeira em três anos). A diminuição do valor médio dos bilhetes
interferiu no faturamento, retraindo 2,2%. O valor das passagens acumula queda
de 6,84% nos último 12 meses, enquanto o volume de passageiros permanece em
alta, conforme dados da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac).
Outros decréscimos foram observados nos segmentos de outros tipos de transporte
aquaviário (-6%), agências e operadores de viagens (-1,9%) e atividades
culturais, recreativas e esportivas (-0,5%). Na contramão desses grupos,
alojamento e alimentação registraram aumentos de 17% e 8,3%, respectivamente.
A despeito da sinalização de arrefecimento no faturamento do Turismo nos
próximos meses, a FecomercioSP acredita que os investimentos realizados nos
meios de hospedagens e na malha aérea podem contribuir para aumentar a oferta a
médio e longo prazos. Isso possibilitará um avanço no volume e uma influência
positiva, mais adiante, no faturamento.
TABELA 1
FATURAMENTO DO TURISMO NACIONAL POR SERVIÇOS PRESTADOS
MARÇO DE 2024
TOCANTINS LIDERA ALTAS
O primeiro trimestre terminou animador para os Estados de Tocantins (TO) e Acre
(AC). Ambos apresentaram as maiores variações no período entre as 27 unidades
federativas. No primeiro, a alta foi de 11,8%, e no segundo, de 10,6%. Em
terceiro lugar, o Distrito Federal, com elevação de 7,7%.
Por outro lado, São Paulo (SP) apontou leve queda de 0,5%, influenciado pelo
desempenho negativo dos transportes — importante fator para o turismo da
região. Mato Grosso (MT) e Mato Grosso do Sul (MS) sofreram quedas respectivas
de 4,2% e 3,5%. Em março, Tocantins seguiu liderando, com crescimento de 22,7%.
Na sequência, Minas Gerais (MG), com 7%, e Bahia (BA), com 5,4%. No sentido
inverso, Mato Grosso do Sul liderou as quedas, com retração de 13,1%, seguido
por Mato Grosso (-9,6%) e Rondônia (-3,8%).
TABELA 2
FATURAMENTO DO TURISMO NACIONAL POR SERVIÇOS PRESTADOS
MARÇO DE 2024
Nota metodológica
O estudo se baseia nas informações da Pesquisa Anual de Serviços, mediante
dados atualizados com as variações da Pesquisa Mensal de Serviços, ambas do
IBGE. Os valores são corrigidos mensalmente pelo Índice de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA), e foram escolhidas as atividades que têm relação total ou parcial
com o turismo. Para as que têm relação parcial, foram utilizados dados de
emprego ou de entidades específicas para realizar uma aproximação da
participação do setor no total.
Em relação aos dados regionais, a base continua sendo a PAS, mas foi adotado um
procedimento estatístico distinto, de uso da proporcionalidade nacional, para
encontrar a receita das atividades nos Estados e, na sequência, uma estimativa
setorial para se chegar na receita operacional líquida. Embora foram feitas
estimativas segmentadas, a divulgação ficará restrita ao total, pois o objetivo
é obter uma dimensão geral do setor e acompanhar o desempenho mensal. A
correção monetária é feita pelo IPCA, e não pelo índice específico, tal como
ocorre no volume de serviços, no IBGE.
O total do faturamento das UFs não coincide com o total nacional do
levantamento da FecomercioSP, por não contabilizar o setor aéreo. Pelo fato de
não haver clareza sobre como o instituto trabalha o dado de transporte aéreo de
passageiro, optou-se por não usar neste momento. Quando houver uma indicação
mais clara, haverá, certamente, uma atualização.
FecomercioSP
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