Cirurgião plástico aponta as técnicas mais recentes disponíveis e de que forma elas ajudam na qualidade de vida após o acidente
O mês de junho é marcado pelo Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras, acidente que representa um grave problema de saúde pública no Brasil. Anualmente, cerca de 1 milhão de pessoas sofrem queimaduras no país e, dentre elas, pelo menos 100 mil procuram atendimento hospitalar, segundo dados que abrangem o período de 2011 a 2019 e divulgados pelo Ministério da Saúde.
Entre as discussões sobre o tema, as
possibilidades de tratamentos após acidentes que ocasionam lesões emergem como
uma esperança para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. A cirurgia
plástica assume, então, papel importante no tratamento não apenas para
recuperar a estética da região acometida pela queimadura, mas também contribui
para a funcionalidade da região e para a saúde psicológica das vítimas de
queimaduras.
Em geral, as lesões podem ser causadas por calor, produtos
químicos, eletricidade ou radiação e podem penetrar na pele em diferentes
níveis, ocasionando queimaduras de primeiro, segundo ou terceiro graus. Segundo
o cirurgião plástico Fabio Nahas, professor da Unifesp e Diretor Científico
Internacional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, os métodos de
tratamento variam conforme a gravidade e extensão da queimadura. “Os
procedimentos mais realizados incluem enxertos de pele, retalhos e técnicas
mais recentes, como enxerto de gordura do próprio paciente, em que a capacidade
regenerativa das células-tronco atuam na melhoria da elasticidade da cicatriz”,
afirma o médico.
O momento ideal para iniciar a cirurgia reparadora varia de
paciente para paciente - isso vai depender da gravidade da queimadura e da
região do corpo afetada. Nahas alerta que, em áreas em que a função é
imediatamente comprometida, como pálpebras que não fecham adequadamente, as
intervenções assumem um caráter mais urgente. Em outros casos, pode-se esperar
entre três a seis meses após o acidente para que o paciente se recupere e melhore
seu estado nutricional, o que é crucial para a recuperação pós-operatória.
É possível realizar esse tipo de cirurgia pelo SUS?
No Brasil, é possível realizar algumas cirurgias plásticas
reparadoras pelo Sistema Único de Saúde (SUS), um dos maiores sistemas públicos
de saúde do mundo e que atende a milhões de brasileiros em diversos serviços.
Se a finalidade não for somente estética, como no caso de cirurgias de
reparação de pele após queimaduras, é possível que o sistema cubra o
procedimento. O intuito da cirurgia precisa ser a melhora na qualidade de vida
e no bem-estar do paciente.
Além disso, é necessária uma indicação médica formal, comprovando
que a pessoa deve passar pela cirurgia por estar com sua saúde física ou
psicológica comprometida.
Crianças também podem realizar este tipo de intervenção
Em acidentes envolvendo crianças, também é possível realizar a cirurgia plástica reparadora, especialmente nos casos em que a função das articulações ou outras áreas importantes são comprometidas. Nesses casos, procedimentos em idade precoce podem prevenir prejuízos a longo prazo.
“Dependendo da gravidade da queimadura, a criança pode apresentar diminuição na mobilização de uma articulação e, se não for tratada, não terá a extensão adequada dessa articulação no futuro, por isso é essencial que o tratamento da lesão seja realizado ainda em fase de desenvolvimento. Assim, há chances de minimizar o impacto que uma cicatriz pode trazer em suas vidas, inclusive emocionais”, destaca o cirurgião plástico.
Seja para pacientes na fase adulta ou ainda na infância, existe hoje um arsenal técnico capaz de conferir uma melhora significativa na qualidade de vida das pessoas afetadas por um acidente que ajuda a alterar forma, função e estética. A cirurgia plástica surge, assim, como uma grande aliada na recuperação física e emocional.
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