Estudo inglês mostra eficácia de
imunizante desenvolvido com a tecnologia de RNA mensageiro, a mesma usada
contra a Covid-19; Homem de 55 anos com tumor
colorretal foi a primeira pessoa a receber o novo tratamento
Um estudo desenvolvido no Reino Unido recém-divulgado
traz boas perspectivas para pacientes diagnosticados com câncer de intestino,
um dos mais prevalentes em todo o mundo. Um
novo ensaio clínico utilizando a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), a mesma
usada nas vacinas contra a Covid-19, se mostrou eficaz na geração de
tratamentos que podem revolucionar o controle da doença.
O
estudo avaliou a resposta à nova alternativa terapêutica aplicada a um
professor universitário de 55 anos, Elliot Phebve. Diagnosticado com câncer
colorretal agressivo (que afeta a porção final do intestino) em 2023, o pai de
quatro filhos passou por cirurgia e quimioterapia antes de se tornar o primeiro
paciente a receber um imunizante personalizado experimental para evitar a
recidiva do tumor.
A
vacina, desenvolvida pela empresa de biotecnologia alemã BioNTech SE, foi
criada analisando o tumor específico de Phebve cada paciente para identificar
mutações. Com essas informações, uma medicação personalizada é desenvolvida
para estimular o sistema imunológico do paciente a reconhecer e destruir
células cancerígenas remanescentes após a cirurgia.
A
diretora executiva do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS), Amanda
Pritchard, destacou a importância do projeto, descrevendo-o como um dos maiores
do mundo. "Estamos buscando maneiras melhores e mais eficazes de combater
o câncer. Graças aos avanços no cuidado e tratamento, a sobrevivência ao câncer
está em alta recorde neste país, mas esses testes de vacinas poderiam um dia
nos oferecer uma maneira de imunizar as pessoas contra seu próprio câncer para
ajudar a salvar mais vidas," afirmou.
Segundo
Alexandre Jácome, líder nacional da especialidade tumores gastrointestinais da
Oncoclínicas, a introdução das vacinas personalizadas representa um avanço
significativo no combate à doença. “Esse tipo de medicação criada de forma
individualizada para cada indivíduo tem por objetivo criar uma ‘memória’
imunológica que pode prevenir o retorno do câncer após a cirurgia ou
quimioterapia. Estamos falando de tratamentos que são menos invasivos e
potencialmente mais eficazes, o que pode transformar a jornada de muitos
pacientes”, diz.
O
oncologista explica que essas vacinas ainda não estão disponíveis fora dos
ensaios clínicos, pois dependem de novas etapas de avaliação e também da
aprovação dos órgãos reguladores. No entanto, ele ressalta que a perspectiva de
usar a própria resposta imunológica do paciente para combater o câncer traz uma
nova esperança para o futuro dos tratamentos oncológicos.
“Há
inúmeras estratégias em desenvolvimento no mundo envolvendo vacinas contra
vários tipos de câncer, tanto em doenças localizadas como em doenças avançadas,
que têm por objetivo estimular o sistema imunológico a reagir contra proteínas
que estão presentes em células cancerígenas e, consequentemente, eliminá-las.
São estratégias extremamente promissoras, mas é fundamental destacar que são
experimentais, sendo necessários mais dados e estudos antes de aplicarmos em
nossa prática clínica”, frisa Jácome.
A partir desse resultado positivo, a intenção dos pesquisadores é, a partir do envolvimento de mais de 30 hospitais, recrutar até 10 mil pacientes para receber essa modalidade de imunoterapia contra diversos tipos de câncer além do de intestino, como de pâncreas e pulmão. De acordo com o NHS, o acesso a ensaios clínicos poderia fornecer uma outra opção para pacientes e suas famílias por meio da ampliação de oportunidades de participação nesses estudos científicos, sinalizando um promissor para novas chances de cura e uma melhor qualidade de vida para muitos pacientes.
Oncoclínicas&Co
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