Docente
do Senac São Paulo analisa as transformações ambientais e alimentares e destaca
a importância do combate ao desperdício
Durante o período de
distanciamento social vivemos e observamos mudanças de hábito em diferentes
esferas. O isolamento proporcionou uma redução significativa das atividades
econômicas como estratégia preventiva e adaptação às novas demandas pessoais e
profissionais, o que acabou gerando mais participação e proximidade a algumas
dinâmicas como as compras de alimentos e até cozinhar as próprias refeições.
Com isso, o período
também proporcionou, para um número significativo da população, a busca por
alternativas de consumo consciente que está diretamente ligado ao estilo de
vida de cada um. Esse movimento chamou atenção para questões que exigem cuidado
como formas corretas de descarte de resíduos, e alimentação, ajudando a reduzir
o desperdício de alimentos.
Essa é uma das
questões mais importantes, pois estima-se que hoje cerca de um terço da
produção mundial de comida acaba no lixo. O atual ritmo de produção e consumo
não é sustentável a longo prazo, como mostra o crescimento da fome no mundo. Um
levantamento, realizado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
Agricultura (FAO)* em 2019, aponta que 20% das perdas alimentares acontecem na
América Latina e Caribe, embora 47 milhões de pessoas enfrentem situação de
fome nestas localidades. Enquanto isso, só no Brasil, cada pessoa desperdiça
41,6 kg de alimentos por ano considerando apenas o desperdício de alimentos que
ocorre nas refeições feitas em casa. Segundo pesquisa realizada pela Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em parceria com a Fundação
Getúlio Vargas (FGV), em 2018, arroz, carne vermelha, feijão e frango estão na
lista dos alimentos que mais foram jogados fora.
"Não estamos
afirmando que resultados positivos de equilíbrio ambiental só irão acontecer
com a redução das atividades econômicas, mas que essa desaceleração obrigatória
nos trouxe a possibilidade de refletir sobre os impactos humanos negativos para
o meio ambiente e a importância de pensarmos e agirmos em benefício por um
verdadeiro desenvolvimento sustentável", analisa a docente Talita
Oliveira, da área de meio ambiente do Senac São Paulo.
A docente traz dicas
de alternativas conscientes para o combate ao desperdício. A principal delas é
a educação e se dedicar em obter mais informações sobre o tema. O Senac São
Paulo oferece cursos livres como Gestão dos Resíduos Sólidos e Técnico em Meio
Ambiente. Mais informações em https://www.sp.senac.br. Confira mais dicas
abaixo:
1. Faça uma lista de
compras: verifique
quais alimentos você precisa comprar e evite fazer estoques desnecessários,
veja a despensa e a geladeira antes de ir fazer compras;
2. Verifique a
validade dos produtos: dê preferência aos alimentos que estão mais próximos do
vencimento. Uma dica: quando estiver organizando a despensa anote quais são
eles e cole na geladeira;
3. Evite estocar
alimentos:
com a necessidade de reduzir as idas ao mercado, o "comprar menos e
melhor" nunca fez tanto sentido. Por isso, com uma lista em mãos você
conseguirá selecionar os alimentos de maneira mais assertiva.
4. Cuidado com
promoções:
são as grandes vilãs do consumo consciente. Estimulam a compra desnecessária e
em grande quantidade. Fique atento!
Uma estratégia para
evitar o desperdício de alimentos é usar as promoções para variar as coisas que
você sempre come: substituindo a compra de algum item pelo produto em oferta;
5. Acondicione os
alimentos corretamente: antes de guardar as compras, em especial frutas, verduras e
legumes na geladeira, higienize-os e seque-os. Depois de consumir, guarde esses
alimentos em embalagens hermeticamente fechadas para evitar a proliferação de
bactérias. Mantenha a sua atenção e cuidado a higienização dos produtos, ainda
estamos em pandemia;
6. Congele as sobras: se cozinhar demais ou
se comprar muitos alimentos frescos, congele as sobras ou use a técnica de
branqueamento* para congelar legumes, frutas e verduras; *A técnica de
branqueamento é um processo de conservação de alimentos, que consiste na
imersão do alimento em água fervente, ocorrendo o cozimento por um curto
período, e em seguida esfriados imediatamente em um recipiente com água gelada.
O objetivo é inativar as enzimas que causam o escurecimento dos alimentos,
assim como manter o aroma e o sabor do vegetal. Desta maneira, o alimento pode
ser congelado sem perder as suas características, seus nutrientes garantindo
uma conservação mais duradoura.
7. Aproveite os
alimentos em sua totalidade: literalmente, aproveite seus alimentos até o
talo. É possível reaproveitar partes não convencionais, como as sobras e cascas
das frutas;
8. Não descarte apenas
pela aparência: se uma fruta ou legume apresentar uma aparência feia em
algumas partes, corte-as e use o que sobrou. Não há nenhuma necessidade de
jogar tudo fora. Lembrando que o primeiro passo para a prática do consumo
consciente é repensar sobre a real necessidade de se adquirir determinado
produto. Caso opte pela compra, escolha produtos que favoreçam o comércio
local, pequenos produtores, sempre os produtos originais e solicite a nota
fiscal, pois somente no comércio legal pode-se buscar igualdade nas competições
de mercado.
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