Tabu com o próprio corpo, medo de doenças e cultura machista afastam os homens dos cuidados com a saúde, mas novas terapias para o câncer de próstata ajudam a manter qualidade de vida
Sete em cada dez homens só vão ao médico por influência da mulher ou dos filhos, segundo dados do Ministério da Saúde. Enquanto 80% das mulheres faz acompanhamento frequente com o ginecologista, mais de 50% dos homens jamais consultou um urologista, segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
Estudo realizado por pesquisadores do
Instituto Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz, com homens com vários níveis
de escolaridade mostrou que, além de amarras culturais, como o preconceito com
práticas de autocuidado, o medo de descobrir uma doença grave e a vergonha de
expor o corpo são fatores que mantém os homens longe dos consultórios.
Medo de ir ao médico atrasa
diagnóstico de câncer de próstata e outras doenças
“O diagnóstico tardio muitas vezes nos impossibilita de oferecer um tratamento adequado porque os sintomas da doença são mais difíceis de manejar do que alguns efeitos colaterais de tratamentos. Então é preciso haver conscientização para tentar diminuir o medo do homem e fazer com que ele entenda que a terapia hoje é adaptada para a pessoa e temos como fazer isso ficar mais tolerável sem perder a sua eficácia ou a qualidade de vida”, diz a médica oncologista Danielle Laperche.
Segundo estimativas do Inca, em 2020
serão mais de 65 mil casos de câncer de próstata no Brasil e o Novembro Azul
busca incentivar a prevenção. Um a cada seis homens irão desenvolver câncer de
próstata ao longo da vida e o diagnóstico precoce aumenta muito as chances de
cura da doença. Hoje, a prescrição do tratamento depende do estágio, do
histórico, do tipo e agressividade do tumor.
Novos tratamentos mantém qualidade de
vida
O câncer de próstata é um dos tipos de tumor para os quais houve maior desenvolvimento de novas drogas e novas terapias nos últimos anos. “É importante a população saber dessas possiblidades até para não ter tanto medo de enfrentar o diagnóstico e o tratamento da doença porque conseguimos boa manutenção da qualidade de vida”, afirma a oncologista.
“Dependendo do estágio, avaliamos caso a caso e adequamos a melhor opção de cada tratamento de acordo com cada histórico, tipo e agressividade do tumor e extensão da doença; se está localizado na próstata ou se já saiu da próstata. Isso vai ser adequado de acordo com cada tipo de paciente, levando em conta suas crenças e medos em relação à cada terapia. Mas a verdade é que temos como fazer muitos ajustes e adaptações para o tratamento se tornar o mais adequado possível porque tratamos o paciente não a doença somente”, explica Laperche.
Além da necessidade de abordagem
cirúrgica que será avaliada em cada caso, o médico pode avaliar também a
necessidade de radioterapia localizada na próstata ou lançar mão de tratamentos
que cada vez menos envolvem quimioterapia. As terapias hormonais com medicações
orais têm apresentado resultados excelentes em função das novas drogas já
aprovadas pela Anvisa.
Fatores de riscos
Os fatores de risco são os mesmos para outros tipos de tumores: sedentarismo, obesidade, alimentação inadequada, dietas ricas em gordura, carnes vermelhas e carboidratos. Além disso, idade acima de 60 anos, histórico familiar e homens negros tem mais chances de desenvolver a doença mais agressiva.
“O ideal é fazer exames de rastreamento, como o toque
retal, feito pelo urologista, e o exame de sangue do marcador PSA. Em casos
suspeitos é realizada a biópsia. Sintomas como a piora da força do jato
urinário, dificuldade para urinar, necessidade de urinar muitas vezes em um
período de tempo curto, acordar a noite para urinar, sangramento ou obstrução
do canal aparecem quando a doença está avançada”, finaliza Laperche.
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