Segundo especialista, os negócios não se restringem apenas à geração de lucro, renda e empregos, mas também a valores de bem-estar sociais
Você já ouviu falar em Capitalismo
Consciente? O Capitalismo Consciente é uma nova abordagem para condução dos
negócios que as melhores empresas do mundo estão adotando. Essas empresas são
guiadas por um conjunto de valores que promove a prosperidade e a interligação
de toda a cadeia de valor para atingir metas mais amplas de maneira justa e
equilibrada.
Em síntese, no Capitalismo Consciente,
cria-se valores diferentes para todas as partes interessadas (ou stakeholders)
como financeiro, intelectual, físico, ecológico, social, cultural, emocional,
ético e até mesmo espiritual. Os negócios não se restringem apenas à geração de
lucro, renda e empregos, mas também a valores de bem-estar sociais.
Na prática, as chamadas empresas
conscientes foram idealizadas pelos estudiosos Raj Sisodia, Jaf Shereth e David
Wolf na intenção de compreender os caminhos percorridos pelas marcas que
conseguiam manter um alto nível de fidelização dos consumidores sem precisar
realizar altos investimentos em Marketing & Publicidade. Atualmente, o
modelo de negócios concretizou-se em quatro princípios, que são:
Propósito elevado: fortes valores que vão além do lucro e que
inspiram, envolvem e energizam o empresário, bem como os colaboradores e
consumidores, que, engajados, confiam e até mesmo amam essas empresas.
Cultura consciente: cultiva o amor e o cuidado e desenvolve uma
relação de confiança entre os membros da equipe da empresa e seus investidores.
Em algumas das empresas mais bem-sucedidas e amadas, a cultura consciente
parece ser palpável, pois é baseada em confiança, integridade e transparência.
Liderança consciente: o papel do líder consciente é servir ao propósito
da organização para buscar o que há de melhor em seus colaboradores, promovendo
transformações positivas e agregando valor para consumidores e investidores.
Orientação para todos os
envolvidos no negócio: empresas
conscientes maximizam retornos para todos os envolvidos em seu negócio —
colaboradores, consumidores, comunidade, governo e investidores — e entendem
que, tendo todos envolvidos e engajados, é possível formar uma empresa forte,
saudável e sustentável.
“Hoje, estamos acostumados com a ideia
de que a razão de ser das empresas é dar lucro aos acionistas. O Capitalismo
Consciente serve para elevar a humanidade e gerar valor para todos os
envolvidos, inclusive para a comunidade e para o meio ambiente. A prática
melhora inclusive a autoestima das pessoas porque tem poder de inclusão e
sentido de pertinência”, afirma Sérgio Guerra, CEO da SG Aprendizagem
Corporativa.
O terceiro princípio: Liderança
Consciente
Não adianta ter valores, princípios,
stakeholders integrados se não houver líderes conscientes na empresa. No livro “Capitalismo
Consciente”, John Mackey e Raj Sisodia trazem uma análise histórica da evolução
das empresas. Para eles, no início, as empresas foram moldadas por
características militares.
Desta maneira, as organizações
apresentavam lideranças pautadas em comandos e controles. Por conta disso,
pessoas motivadas em exercer poder eram atraídas e contratadas.
Os autores afirmam que o ambiente de
negócios era similar a uma praça de guerra e o mito de que os melhores guerrilheiros
dão líderes exemplares se disseminou em todas as organizações. A cultura de
militarismo era tão presente que frases como “Engajar a Linha de Frente” ou
“Capturar mercado”, que perduram até hoje, são resquícios deste tempo.
Todavia, este tipo de liderança começou
a desagradar acionistas, pois as empresas se tornavam sólidas de forma interna,
mas não cresciam. Desta maneira, o estilo de liderança foi sendo alterado.
Segundo John e Raj, deixou de ser “militarista” e passou a ser “mercenário”. Nesta
nova fase, os líderes focavam no valuation e nos valores de ações das empresas,
pois se tornariam mais atrativas aos investidores.
O Capitalismo Consciente traz, por sua
vez, a ideia de que líderes conscientes devem ser motivados por servir ao
propósito da empresa. Desta maneira, sua função é desenvolver habilidades
necessárias para engajar, motivar, inspirar e orientar toda sua equipe. O
comportamento deste líder é norteado pelo exemplo e pela proposta de união dos
stakeholders.
“É perceptível que líderes conscientes deixam de
lado as características de poder (militarismo) e o enriquecimento pessoal
(mercenário) e se preocupam em construir um legado (propósito). Para conseguir
transformar sua empresa ou criar uma empresa consciente, é preciso definir valores
que a empresa acredita; trabalhar por um propósito maior que a empresa; definir
todos os stakeholders e tratá-los da mesma maneira; integrar os stakeholders e
buscar sempre uma solução Ganha-Ganha; ser um líder ou ser humano consciente,
independentemente da posição que ocupa hoje; e saber que a cultura atua
de forma inconsciente, mas impacta nos resultados. Por isso, trabalhe para
implementar uma cultura consciente na sua empresa”, finaliza Sérgio Guerra.
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