Modalidade médica de atendimento remoto, a Telemedicina se moderniza na pandemia e indica que veio para ficar
O ano de 2020 tem sido desafiador para todos, especialmente quando
o assunto é saúde. A pandemia do novo coronavírus transformou drasticamente a
rotina das pessoas em todo o mundo e, desde março, quando chegou oficialmente
ao Brasil, vem exigindo um processo rápido de adaptação de praticamente todos
os setores da economia para que as demandas sejam atendidas neste cenário de
“novo normal”. Diante do panorama caótico que a Covid-19 proporcionou com um
crescente número de vítimas e rápido aumento no número de contágios, somado ao
sistema incipiente de saúde no país, a Telemedicina ganhou espaço, sendo seu
uso autorizado oficialmente de modo emergencial desde o último mês de março. A
modalidade ganhou muita relevância na vida dos brasileiros, uma vez que seu grande
momento de evidência possibilitou grandes, rápidas e inovadoras melhorias que
revolucionaram os atendimentos médicos remotos.
Para o Responsável Técnico Médico da Docway, empresa de tecnologia
que trabalha com Telemedicina desde 2019, Dr. Aier Adriano Costa, havia no
início uma certa desconfiança de que as consultas por Telemedicina não
permitiriam uma boa relação médico paciente, o que foi logo descartado. “Com os
relatos de que os médicos conseguiam ouvir seus pacientes e fornecer um
atendimento humanizado, mesmo que à distância, profissionais da saúde e
pacientes perceberam que o novo formato de interação poderia ser benéfico para
ambos”, relata Costa. Uma vez identificada pelo mercado como uma oportunidade
promissora no contexto do isolamento/distanciamento social devido à pandemia, a
Telemedicina atraiu o olhar do universo das inovações e startups, e assim,
iniciativas de saúde suplementar e health techs começaram a se desenvolver com
o objetivo de suprir a demanda de uma população assustada pela Covid-19,
oferecendo serviços de consulta médica remota. “A percepção dos usuários da
saúde digital como parte de um mundo digital interconectado por carros
autônomos, rede 5G, internet das coisas, Big Data, entre outros,
definitivamente continuará a se acelerar com o uso de gadgets transmitindo
informações de saúde para os médicos”, prevê o médico da Docway.
Além das notáveis melhorias tecnológicas no setor, os avanços
também são visíveis no âmbito de controle e segurança, como o uso de
assinaturas digitais para prescrições médicas, o que permitiu que médicos em
todo o território nacional pudessem prescrever medicamentos à distância,
mediante atendimento remoto. Tudo isso popularizado pelos mecanismos de
facilitação ao seu acesso, como preços mais acessíveis, opção de certificados
em nuvem, certificados sem sair de casa, entre outros. Vale ressaltar, também,
que houve uma grande necessidade de evolução em termos de segurança de
documentos, uma vez que o processo de digitalização teve que ser ampliado em uma
velocidade quase que imediata na maioria das cadeias de trabalho.
Do ponto de vista do profissional médico, o desenvolvimento da
Telemedicina durante a pandemia foi um elemento que trouxe oportunidades
rentáveis e seguras, especialmente neste ano em que as consultas presenciais
foram impossibilitadas devido ao alto risco de contágio da Covid-19. “A
oportunidade de atender seus pacientes remotamente, mesmo diante das imposições
sociais de restrição de circulação, acabou sendo a única alternativa para muitos
profissionais da área médica. Tudo isso sem contar que a oportunidade de
trabalhar em regime de home office, traz benefícios para a qualidade de vida do
médico, que não precisa se preocupar com deslocamentos e ainda pode passar mais
tempo com a família”, conta o especialista.
Legislação sobre a Telemedicina
Atualmente, a Portaria nº 467, de 20 de março 2020, deixa claro em
seu 1º artigo que a legislação mantém o uso da Telemedicina em caráter
temporário, enquanto perdurar a emergência de saúde pública do Covid-19.
Contudo, a popularização da Telemedicina e os claros benefícios que esse novo
formato de atendimento pode trazer ao usuário, gerou uma grande repercussão e
fez com que os legisladores e o Conselho Federal de Medicina (CFM) se
mobilizassem para criação de uma normativa definitiva que pode representar uma
maior segurança jurídica, seja para o médico como para o paciente. “As recentes
declarações da comissão para regulamentação da Telemedicina no CFM têm
fornecido comunicados animadores, uma vez que reconhecem o papel da modalidade
frente à atuação contra o coronavírus, especialmente pela redução de consultas
presenciais, bem como no seu claro benefício, desde que usado de modo ético e
seguro”, explica Costa.
Dessa forma, o cenário atual de regulamentação da Telemedicina
ainda é um fator limitante para investimentos mais robustos no setor. A
aprovação e regulamentação definitiva trariam uma maior segurança para que
grandes companhias de saúde expandam seus setores de tecnologia, aumentando a segurança
na comunicação entre os médicos e pacientes, melhorando a experiência do
usuário e aumentando o nível de interação. “Além disso, as possibilidades para
que a nova geração de algoritmos e dispositivos médicos de suporte à decisão
clínica serão ampliadas de modo a tornar a prática da Telemedicina ainda mais
segura e eficiente, consolidando sua presença no dia a dia das pessoas”,
completa o médico.
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