O câncer de intestino é o terceiro mais comum no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a previsão, em 2020, é de aproximadamente 41 mil novos casos. O câncer colorretal, como também é denominado, classifica-se como o segundo mais incidente na população masculina e o terceiro mais incidente nas mulheres. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é o terceiro tipo de câncer que mais mata pessoas no mundo. Desenvolve-se gradativamente por uma alteração nas células, que começam a crescer de forma desordenada sem apresentar qualquer sintoma. Por isso, a campanha “Setembro Verde” serve para alertar a sociedade sobre as formas de prevenção e diagnóstico da doença. Quanto mais cedo é diagnosticado, maiores são as chances de cura.
Um dado preocupante vem gerando
alerta: o aumento do número de casos desse tipo de câncer em pessoas cada vez
mais jovens. Recentemente, o tema veio a público com o falecimento do ator Chadwick
Boseman, que morreu aos 41 anos de idade, vítima do câncer de cólon. O
astro do filme “Pantera Negra” já lutava há quatro anos contra a doença.
De acordo com Lucas Sant’Anna, médico oncologista que integra o corpo clínico
do Hospital Dona Helena, de Joinville (SC), a média de diagnóstico é de cerca
de 65 anos, sendo que a grande maioria dos diagnósticos ocorrem em pacientes
com mais de 50. O motivo pelo aumento em adultos jovens são os maus hábitos.
“Os principais fatores de risco
evitáveis são o tabagismo, etilismo, obesidade, ingestão elevada de carne
vermelha e embutidos”, aponta o oncologista. Segundo o INCA, as taxas de
incidência são maiores no Sul do Brasil. Uma das explicações é o
predomínio do consumo de carnes vermelhas e gordurosas. Na região, há uma
elevada prevalência de excesso de peso e obesidade, inatividade física,
tabagismo, ingestão de bebida alcoólica e consumo de carnes processadas
(salsicha, presunto, linguiça, carne seca etc.).
O médico ressalta que existem
fatores de risco não modificáveis que também causam a doença, como presença de
pólipos intestinais, histórico de câncer de cólon em familiares, histórico de
doenças inflamatórias intestinais (retocolite ulcerativa e doença de Crohn) e
certas síndromes genéticas, como, por exemplo, síndrome de Lynch e polipose
adenomatosa familiar.
Sintomas e
tratamentos
Pacientes com câncer colorretal
podem apresentar dor ao evacuar, alteração do padrão intestinal (constipação ou
diarreia) e sangue nas fezes. Outra alteração comum é a ocorrência de anemia,
que ocorre em virtude da perda de sangue pelas fezes. De acordo com o
oncologista, o tratamento depende do estadiamento inicial do tumor. “De forma
geral, para pacientes que não apresentam doença metastática ao diagnóstico, a
cirurgia é a terapia de escolha com intuito curativo. Para pacientes em estágio
II ou III de câncer de cólon, pode ser necessário a realização de quimioterapia
após a cirurgia, para diminuir as chances de recidiva”, explica. “Para tumores
de reto também pode ser necessário realizar quimioterapia e radioterapia antes
ou após a cirurgia”, completa o profissional.
A terapia padrão para o câncer de
intestino colorretal não metastático inclui quase sempre a colectomia, ou seja,
a ressecção cirúrgica de parte do intestino. Após a cirurgia, o uso de bolsa de
colostomia pode ser indicado para uso temporário ou mesmo definitivo. “Em casos
mais avançados pode haver disseminação do câncer para outros órgãos, o que
chamamos de metástase. A depender do local acometido podem surgir sintomas
específicos, como falta de ar em caso de metástase pulmonar, e dor abdominal em
caso de acometimento do fígado”, exemplifica o especialista.
Quanto mais cedo o diagnóstico,
maior a chance de cura
O câncer colorretal é altamente
curável, especialmente quando diagnosticado cedo, por isso é importante a
realização de exames periódicos. O check-up é indicado a partir dos 50 anos.
Caso não apresente alterações, os exames devem ser repetidos a cada 5-10 anos.
A adoção de um estilo de vida saudável é a principal arma contra o surgimento
de diversos tipos de câncer, dentre eles o colorretal. “Dieta rica em fibras e
pobre em gorduras pode diminuir o risco dessa neoplasia. Cessação do tabagismo
e evitar álcool em excesso também podem reduzir a incidência”, indica Lucas.
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