Doença que atinge
memória e leva a perda cognitiva muda a vida de paciente e familiares Quadro foto criado por freepik
Setembro é o Mês Mundial da Doença de Alzheimer,
que incentiva a conscientização e move campanhas no mundo todo, coordenado pela
Alzheimer’s Disease International (ADI), associação que congrega todas as
instituições mundialmente. Este ano o tema é ‘Vamos conversar sobre demência’ e
a ABRAz (Associação Brasileira de Alzheimer) chama a atenção para os números da
doença.
A cada 3 segundos alguém é diagnosticado com esse
tipo de demência no mundo e até 2050 serão 152 milhões de pessoas com
Alzheimer, de acordo com a estimativa da ABRAz. “É preciso falar sobre o
assunto, trabalhar para prevenção e diagnóstico precoce, já que não há cura,
mas há possibilidades de tratamentos avançados capazes de retardar o avanço.
Por isso é tão importante o conhecimento e acompanhamento com profissionais
especializados”, explica Marcella dos Santos, enfermeira chefe do Grupo DG
Sênior e responsável por três casas de residenciais para idosos, em Santo Andre
- SP.
Quem tem um familiar com Alzheimer ou conhece
alguém que já cuidou de um parente com a doença sabe que a experiência não é
nada fácil. Doença neurodegenerativa mais frequente na espécie humana, o
problema afeta a memória, o comportamento e outras funções mentais de forma
progressiva. Nos estágios mais avançados, impede a pessoa de exercer suas
atividades diárias, reconhecer os familiares e se comunicar adequadamente. Na
maioria dos casos, a doença é detectada após um longo período, trazendo cada
vez mais dificuldades para os familiares em lidar com o paciente.
Hoje já é possível contar com diversos tratamentos
e tecnologias para diagnosticar, tratar e facilitar o dia a dia do portador e
dos familiares. A última novidade veio de neurocientistas suecos que
desenvolveram o aplicativo Altoida, recém-chegado no Brasil. A ferramenta
reconhece alterações cognitivas, o que pode ajudar a identificar a doença de
Alzheimer 10 anos antes da manifestação dos primeiros sintomas, e de acordo com
o desenvolvedor, o app tem até 94% de precisão, e através de um teste rápido
ele trabalha com inteligência artificial identificando o CCL (comprometimento
cognitivo leve), que é a fase inicial do Alzheimer.
Marcella explica que é preciso ter cautela com a
realização dos testes, para que os pacientes não fiquem ansiosos ou até mesmo
deprimidos com resultados que apontem para o diagnóstico positivo. “Sempre
conversamos muito com a família. A confirmação do Alzheimer pode mudar a forma
de lidar com o familiar, mas é importante entender o que realmente é possível
fazer por aquela pessoa querida.”
Há muitos fatores que levam ao aparecimento da
doença e o papel dos profissionais da saúde é ajudar paciente e familiares a
entender melhor a questão para tomar as providências com o máximo de
antecedência possível. “É preciso deixar de lado o estigma da doença e trabalhar
o psicológico de todos. Acompanhamos de perto tanto pacientes com perda
cognitiva e de memória quanto a família que passa por fases bastante delicadas
de aceitação”, conta a profissional.
Demência x Alzheimer - Uma dúvida
muito frequente é sobre a diferença da demência e do Alzheimer. De acordo com
doutor Dráuzio Varella, é necessário entender que a doença de Alzheimer é um
dos tipos de doença do quadro demencial. “Para a medicina, a demência não tem
ligação com o conceito popular, conhecido como loucura”, explica.
De acordo com o médico, a demência se refere a
alterações da cognição. Ele explica que toda análise que fazemos sobre o mundo,
como visão, audição, reflexos, percepções de vida, acontecem por meio de
processos cognitivos. Nas demências, esses processos vão se embaralhando e a
visão da realidade começa a ser deturpada.
“Há vários processos que provocam demência, por
exemplo, um derrame cerebral que atinge uma área responsável pelo entendimento
de mundo que nos cerca, ocasionando uma confusão”, diz Varella. O doutor
reforça que existem vários tipos de demência, como falta de vitamina B12 ou até
mesmo casos de hipotireoidismo que levam a quadros confusionais.
“A demência mais comum de todas é a doença de
Alzheimer. Ela se deve à deficiência da cognição que vai se instalando
gradativamente, começando com pequenos lapsos de memórias, esquece
acontecimentos recentes, mas tem memória para fatos tardios. Começa confundir
pessoas, contar a mesma história dezenas de vezes, o quadro vai progredindo gradativamente
até atingir a parte motora, e acabam sendo dependentes totalmente”, conclui.
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