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Muita gente deve estar se perguntando qual o motivo para a criação de uma nova cédula de 200 reais, ainda mais neste momento. Anunciada no final de julho, muitos questionamentos e inseguranças surgiram, afinal, realmente existe essa necessidade de uma nova cédula?
A crise fez com que o valor em circulação e notas
emitidas disparasse. Para que se tenha uma ideia, a atual quantia é de R$342
bilhões, sendo que a média histórica até então, era de R$300 bilhões. E devido
a este comportamento, a autoridade monetária ficou em alerta pela possível
falta de dinheiro em circulação, caso seja um comportamento contínuo, e com a
nova cédula, será possível carregar um maior valor com menor emissão de papel.
Mas para a população mais madura que já vivenciou
situações parecidas em outras décadas, a notícia causou um grande susto, isso
porque remete a um passado já vivido de notas de valores altos como as cédulas
de Cruzeiro e Cruzado, porque dá a entender que podemos viver novamente em um
cenário de maior desvalorização no real.
Entesouramento e Auxílio Emergencial
De acordo com o Banco Central, uma das razões para
a decisão é porque a pandemia impulsionou uma demanda maior por papel-moeda no
Brasil. Com a população preocupada em fazer uma reserva em casa para garantir a
segurança de sua renda, esse “entesouramento” gerou uma quantidade de saques
acima do que se podia mensurar. Esse tipo de comportamento é gerado pelo
pensamento de que ter o dinheiro na mão é uma certeza de que ele não será
tomado pelo banco.
Além disso, também foi alegado que o pagamento em
espécie de R$600 aos beneficiários do auxílio emergencial alterou a forma do
brasileiro lidar com a moeda, utilizando mais papel e menos as transações
virtuais. Mas vale saber também que o entesouramento não é novidade da
pandemia, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), até o final de 2019, o Brasil tinha uma média de 45 milhões de pessoas
que não movimentam a conta bancária há mais de seis meses ou que optaram por
não ter conta em banco.
Com o começo de sua produção durante o mês de
agosto, é estimado que ao longo do ano já estejam circulando cerca de 450
milhões de unidades da nova cédula. Mas alguns economistas defendem que o ideal
era fazer um teste de circulação para avaliar a demanda e a popularidade que
elas podem ter, pois para que a nova nota circule, haverá uma redução na
produção das cédulas de R$2, R$5, R$10 e R$20 para minimizar os impactos no
orçamento, segundo o Banco Central em matéria feita pelo site O Antagonista.
Troco para R$200 e favorecimento da corrupção
Outro fator que preocupa é a dificuldade para
troco. Se atualmente conseguir troco para uma nota de R$100 já é uma tarefa
difícil, imagine só, para uma nota de R$200? Apesar de facilitar a distribuição
logística, já que menos cédulas precisarão ser carregadas, por outro lado,
dificultará o troco para transações de baixo valor. Um exemplo: quem recebe o
auxílio emergencial, ao invés de sacar 6 notas de R$ 100, o saque poderá ser de
3 notas de R$ 200, mas ao fazerem transações de valor baixo, precisará de um
grande volume de notas menores para receber o troco.
Atualmente, com a escassez de moedas em circulação,
o troco já é muito dificultoso, embora uma pesquisa de 2018 do Banco Central,
mostre que 60% das pessoas ainda utilizam o dinheiro em espécie como forma de
pagamento de maior frequência.
De outro lado, temos um outro grande problema no
Brasil: a corrupção. A emissão de cédulas de maior valor pode impactar
negativamente o combate a esse mal por necessitar um volume menor de dinheiro
em espécie e assim facilitar a ocultação de recursos.
E para finalizar, no que diz respeito à economia, a
maioria dos economistas e especialistas da área financeira dizem que a relação
da nota de R$200 não deve gerar impacto expressivo na base monetária e nos
investimentos, e alguns afirmam, inclusive, que a medida pode ser um tanto
quanto precipitada.
Dora Ramos - consultora contábil com mais de 30 anos de experiência. Empreendedora desde os 21 anos, é CEO da Fharos Contabilidade e Gestão Empresarial.
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