Diagnóstico e tratamento precoces são essenciais para impedir a recorrência dos problemas
Se tem algo que causa temor e angústia nos pais é
ver o filho doente. Independente da gravidade do caso, o sofrimento dos
pequenos costuma gerar uma sensação de impotência. Nesse sentido, infecções
recorrentes no nariz, nos ouvidos e na garganta são uma das principais causas a
tirar o sono dos pais, principalmente nos primeiros anos das crianças.
Afinal, por que o processo infeccioso nessas regiões do corpo é mais comum em
crianças do que em adultos? De acordo com as otorrinolaringologistas Cristiane
Mayra Adami e Leila dos Reis Ortiz Tamiso, do Hospital Paulista, parte da
explicação está na imunidade mais baixa dos pequenos, que só será formada
definitivamente na pré-adolescência.
“Os tecidos de proteção local da criança na garganta e no nariz são as
amígdalas e a adenoide. De forma natural, a criança tem a higiene um pouco mais
defasada do que a do adulto, pois leva tudo à boca, inclusive as mãos. Dessa
forma, sua imunidade tem que trabalhar muito mais. E onde produz essa imunidade
local? Nas amígdalas e na adenoide, que aumentam de tamanho para produzirem
mais células de defesa. É aí que ocorre a hipertrofia da adenoide e da amígdala,
que tem como consequências as infecções de garganta, nariz e ouvido”, explica
Leila.
Cristiane ressalta outros dois fatores que contribuem para uma maior incidência
destas infecções nos pequenos. “A criança que está escola tem contato com todo
mundo. Assim, a escola é o principal fator de disseminação das infecções nas
crianças”, explica a otorrinolaringologista. De acordo com ela, entretanto, os
pais não devem esperar o passar dos anos para buscar tratamento médico.
“Essas infecções de repetição podem prejudicar a criança. Vamos deixar essa
criança sofrendo e tomando antibióticos uma vez por mês, destruindo, portanto,
a imunidade do seu intestino? Temos exemplos de crianças que tomam antibiótico
todos os meses. Terminam um, passam alguns dias bem e ficam doentes de novo.
Para caracterizar essa repetição, falamos no mínimo de 3 a 4 vezes com
infecções em um ano. No entanto, tudo depende da intensidade da doença. Se a
criança sente muito os efeitos das infecções, não consegue fazer nada, não
consegue ir à escola, já é indicação de tratamento cirúrgico. O melhor é
prevenir”, complementa Cristiane.
Alguns outros sintomas ajudam os pais a identificarem se a criança está
sofrendo com as infecções recorrentes. Dificuldades auditivas, ronco, sono
muito agitado e dificuldade de alimentação são alguns deles.
“Às vezes, os pais entendem que as infecções são normais, pois eles também
tiveram durante suas infâncias. O tempo vai passando, eles deixam de tratar e
perdemos o momento correto para realizar o diagnóstico e o tratamento. Isso tem
extrema importância. Para que a criança tenha um bom desenvolvimento físico e
psicológico, é preciso que todos os seus sistemas – de imunidade e de
crescimento, por exemplo – estejam em evolução. O hormônio de crescimento é
produzido durante a madrugada. Se a criança não dorme direito, provavelmente
não terá um desenvolvimento adequado. A recomendação, portanto, é sempre
procurar um otorrino para verificar essas questões”, complementa Leila.
Ao diagnosticar problemas na adenoide ou nas amígdalas, frutos de infecções
recorrentes, Cristiane explica que o tratamento inicial irá priorizar soluções
clínicas, com o uso de medicamentos e vacinas.
“Se o tratamento clínico não é suficiente ou eficaz, indicamos tratamento
cirúrgico. Alguns casos, no entanto, requerem cirurgia de imediato. Na apneia
do sono, por exemplo, a indicação primordial é cirúrgica, pois a criança pode
sofrer paradas respiratórias enquanto dorme. Sempre buscamos o tratamento
clínico, mas a cirurgia pode ser necessária em alguns cenários”, avalia.
Na maioria dos casos, as cirurgias de amígdalas e adenoide são feitas em
conjunto. Os pais, no entanto, devem se preparar para o pós-operatório do
procedimento, já que a criança precisa permanecer em repouso e pode reclamar de
algumas dores. O ideal é que essas cirurgias sejam realizadas ainda na
infância, desde que haja indicação médica.
“O adulto passou mais tempo com esse problema e naturalmente sentirá
muito mais dor após o procedimento cirúrgico”, conclui Cristiane.
As otorrinolaringologistas do Hospital Paulista participaram de uma Live no dia
2 de setembro, promovida pela revista Pais&Filhos, para esclarecer aos pais
as principais dúvidas envolvendo a especialidade de otorrinolaringologia. Para
assistir ao conteúdo completo, acesse as redes sociais do Hospital (YouTube,
Instagram e Facebook): @hospitalpaulista.
Hospital Paulista de
Otorrinolaringologia
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