Relatório divulgado recentemente pela Capital Research analisa vantagens e desvantagens de investimentos em ativos estrangeiros via BDRs, ETFs, fundos de ações e corretoras americanas
A busca por renda variável está cada vez mais
presente na vida dos brasileiros. Prova disso é que, em julho, o número de
investidores ativos no segmento de ações passou, pela primeira vez, de 2,8
milhões, o que corresponde a um aumento de 130% se comparado ao mesmo período
do ano anterior. Paralelo a este movimento, cresce também a quantidade de
pessoas interessadas em diversificar geograficamente seus investimentos, estratégia
altamente recomendada pela Capital Research para alcançar uma rentabilidade
satisfatória, mesmo com as taxas de juros nas mínimas históricas.
No primeiro momento, é natural que os investidores
concentrem seus ativos no Brasil, afinal, é mais fácil se sentir confortável
com empresas que são presentes no dia a dia e que têm atuação local.
Entretanto, esses aspectos não estão relacionados com o nível de oportunidade
ou de rentabilidade de cada ação. Na prática, isso significa que nem todas as
melhores opções estão listadas na bolsa brasileira. Mesmo considerando fatores
de risco, como o câmbio ou as relações políticas, apostar na diversificação geográfica
da carteira de investimentos é uma boa pedida. E o melhor, uma pedida que está
cada vez mais acessível.
Para facilitar a vida dos investidores e auxiliar
na busca por opções de ativos, a Capital Research publicou um relatório
que explica, de forma detalhada, as quatro principais alternativas para quem
quer investir no exterior, com as vantagens e desvantagens de cada um. O texto,
do analista Felipe Silveira, aborda os ETFs (Exchange Traded Funds), os fundos de
ações ou multimercados, as corretoras americanas, e os tão falados BDRs (Brazilian
Depositary Receipt), que de antemão já não são a melhor opção, e você
vai entender o porquê.
BDRs: taxa de 5%, IOF de 0,38%, dividendo
tributado, baixa liquidez e variação cambial
Os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) são
certificados de depósito de valores mobiliários emitidos no Brasil que
representam outro título no exterior. Eles voltaram aos holofotes desde que a
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) alterou as regras, no início de agosto, e
ampliou o acesso a este tipo de ativo. Até então, os BDRs Nível 1 eram
restritos a investidores qualificados, ou seja, àqueles que possuíam mais de R$
1 milhão em aplicações. Com a atualização, as possibilidades de se tornar dono
de uma ação da Amazon ou da Apple, por exemplo, ficaram maiores. É possível
executar toda a negociação na B3 direto com sua corretora aqui do Brasil.
Porém, apesar de serem uma alternativa mais fácil
para investidores brasileiros aplicarem em ativos estrangeiros, os BDRs têm
inúmeras desvantagens, como a baixa liquidez, a variação cambial, os custos
tanto na corretagem quanto no pagamento de Imposto de Renda no Brasil e as
taxas descontadas pelas intermediadoras. “Os pagamentos em dinheiro são taxados
em 5% pelos bancos que vão intermediar a emissão. E você também paga 0,38% de
IOF. Além de que, o dividendo, nos EUA, já é tributado, ou seja, efetivamente,
você pagará a mesma coisa para comprar uma ação, mas levará 5% menos”, explica
Felipe Silveira.
ETFs: Fáceis, disponíveis em pequenos lotes e de
baixo custo
Já os ETFs (Exchange Traded Funds) são fundos de
investimentos com a particularidade de que são negociados diretamente no home broker.
Nesse caso, para investir em ações estrangeiras na B3, existem duas
possibilidades: o IVVB11 e o SPXI11,
ambos de gestão passiva e que replicam o S&P 500, principal índice de ações
americanas, com empresas como Microsoft, Apple, Amazon, Facebook, Google e
Johnson & Johnson.
A escolha de um ETF deve passar por três
características principais: o índice que ele busca replicar, a taxa de
administração e a liquidez do ETF. O IVVB e o SPXI replicam o mesmo índice, e
possuem taxa de administração muito próximas (0,23% e 0,21%, respectivamente).
Com isso, a principal diferença entre eles é a liquidez, que coloca o IVVB11 em
uma posição mais favorável, com uma média de R$ 49 milhões de negociação por
dia, enquanto o SPXI11 tem cerca de R$ 4,5 milhões por dia. “É uma diferença
considerável. E sabemos que quanto maior a liquidez de um ativo, mais
facilidade você terá para vendê-lo sem influenciar muito o preço. Por isso,
apesar da taxa de administração, aqui
na Capital nós preferimos o IVVB11”, afirma Silveira.
Para ter acesso ao mercado americano e conseguir
diversificar seus ativos via ETFS, o pequeno investidor só precisa de uma conta
em alguma corretora brasileiras e arcar com o custo referente à taxa de
administração e à corretagem, muitas vezes zerados. Esta é a grande vantagem
dos ETFs, que ainda podem ser negociados em lotes com 10 cotas,
consideravelmente menor que o lote padrão de ações, de 100.
Entretanto, como as outras alternativas, os ETFs
também têm seus pontos negativos: “A desvantagem é que você não
consegue fazer uma gestão ativa dos seus investimentos no exterior, o
chamado stock picking, escolhendo uma carteira diversificada, mas
que te proporcione buscar retornos mais altos que o S&P 500”, ressalta
o analista.
Fundos de ações ou multimercados: Gestão ativa e
restrições de investimento
Também é possível investir em ativos estrangeiros
via fundos de ações ou multimercados. Eles são de fácil acesso, pois estão
disponíveis nas principais plataformas de bancos e corretoras, e têm como
principal vantagem a gestão ativa e profissional, que permite buscar retornos
acima do índice. Porém, existem poucas opções de fundos, especialmente para
pequenos investidores. Além disso, dependendo do fundo, as taxas podem ser
elevadas, e há limitações de investimentos para investidores não-qualificados.
Para Felipe Silveira, “os fundos poderiam ser opções
interessantes, mas a limitação de exposição para fundos abertos para
investidores não-qualificados e, em alguns casos, as taxas de administração e
performance elevadas também são fatores que pesam bastante contra”.
Corretora Americana: Diversidade de ativos
Por último, ter uma conta em uma corretora
americana também é uma opção e pode ser mais simples do que se imagina. Hoje em
dia, muitas delas aceitam investidores não residentes nos Estados Unidos e, com
a conta aberta, é possível negociar livremente milhares de ativos por
diferentes vias, como ETFs e REITs. Em alguns casos, há até isenção de
corretagem. O processo de abertura de conta não é difícil, mas possui alguns
pontos de atenção, que estão detalhados no relatório
da Capital Research.
Com base na análise das quatro alternativas
citadas, o analista Felipe Silveira conclui que “a baixa liquidez e as
comissões em cima dos dividendos tornam os BDRs poucos atraentes. Já no caso
dos fundos, o problema está na limitação de exposição para investidores não
qualificados e nas taxas de administração e performances elevadas”.
Sendo assim, o especialista da Capital Research
acredita que as melhores opções para quem deseja ampliar seus investimentos
negociando ativos no exterior é investir em ETFs e em corretoras:
“ETFs cumprem bem o básico: tem um custo baixo, oferecem diversificação e
facilidade. Já nas corretoras gringas você vai ter acesso a todos os ativos do
maior mercado do mundo também a um custo baixo. Com ETFs, você tem bem
menos trabalho e com as corretoras americanas você pode escolher exatamente os
ativos da sua carteira. E aí a melhor escolha depende apenas da sua
preferência!”, encerra.
O relatório completo está disponível aqui.
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