Marcelo Matusiak |
Médicos relatam uma
piora no quadro de uma série de doenças dermatológicas
O período de distanciamento social provocado pela pandemia do
coronavírus traz repercussões na saúde da pele de muitas pessoas e o estresse
pode ser uma das causas envolvidas. A pele tem a mesma origem do sistema
nervoso central, ambos provêm do mesmo tecido, o ectoderma, a camada mais
externa do embrião. E são os dois primeiros órgãos a se formar no nosso corpo.
Segundo a dermatologista e diretora da Sociedade Brasileira de Dermatologia –
Secção RS (SBD-RS), Juliana Boza, na resposta do organismo ao estresse, seja
físico ou psicológico ocorre liberação de hormônios, tais como as catecolaminas
(entre elas a adrenalina) e o cortisol, isso desencadeia uma ampla gama de
respostas, inclusive na pele.
“Dermatite seborreica, psoríase, vitiligo, dermatite atópica,
rosácea, acne e queda de cabelos são exemplos de problemas de pele que sofrem
grande influência do estado emocional de cada pessoa. Todas essas doenças têm
tratamento e sempre faz parte do manejo avaliar os aspectos emocionais que
estão presentes e tentar melhorar eles também”, afirma.
A médica reforça que é importante estar atento aos sinais de
estresse psicológico e traçar estratégias para enfrentar este período da melhor
maneira possível, uma vez que isso tem repercussões em todo nosso organismo,
inclusive na pele.
“Para isso é importante ter uma alimentação saudável, realizar
exercícios físicos, dormir bem (é reconhecido que a privação de sono tem um
impacto importante na saúde). Lembramos que todos estes problemas de pele tem
tratamento, em caso de crise é importante procurar o dermatologista. E lembrar
que faz parte do tratamento da pele cuidar dos aspectos emocionais que envolvem
a doença”, afirma.
Psoríase: a psoríase afeta cerca
de 1-2% da população, é uma doença inflamatória sistêmica. O estresse tanto
pode desencadear ou exacerbar a psoríase, ou surgir durante o curso da doença,
devido a todas as repercussões que ela gera na qualidade de vida. Pacientes com
psoríase também têm uma prevalência aumentada de doenças como depressão e
ansiedade.
Dermatite atópica: doença inflamatória
crônica, em que ocorrem alterações na barreira cutânea, levando a prurido
(coceira). É mais frequente em crianças, mas pode ocorrer em adultos também. O
estresse através de citocinas pro inflamatórias causa alterações na barreira
cutânea, levando a piora dos sintomas. Assim como na psoríase pode ocorrer um
ciclo vicioso, em que o estresse causa mais inflamação, que piora a doença.
Acne: a liberação de
catecolaminas estimula as glândulas sebáceas, com isso há aumento da
oleosidade.
Envelhecimento: o estresse pode levar
a um aumento na produção de radicais livres, que atuam em enzimas que degradam
o colágeno e fibras elásticas.
Marcelo Matusiak
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