O mundo nunca mais será o mesmo. Com a pandemia de
Covid-19, tivemos que nos adaptar à distância, ao isolamento e à mudança
completa de rotina. Quem estava acostumado a acordar cedo, tomar um rápido café
da manhã e encarar longos minutos – às vezes, horas – no trânsito para chegar
ao trabalho ficou com uma sensação estranha ao ouvir o despertador tocar mais
tarde. Isso lá no começo da quarentena. As empresas, por outro lado, tiveram de
criar mecanismos para que as atividades continuassem sendo cumpridas, com
preocupação com os funcionários e a saúde financeira do negócio. Um verdadeiro
caos.
Hoje, com todas as incertezas que ainda nos
esperam, já aprendemos a lidar com este novo cenário. Reuniões virtuais,
videoconferências e plataformas digitais de organização de tarefas integraram
nosso dia a dia e, quanto mais tempo passa, mais nos perguntamos: saberemos
voltar ao que era normal? Ou, melhor, vamos querer voltar ao que éramos antes?
De acordo com a FGV, 67,4% dos brasileiros com
trabalho formal estão trabalhando remotamente. Além disso, uma pesquisa da ISE
Business School mostra que o home office tem gerado experiências muito
positivas para as empresas. Segundo o levantamento, 80% dos gestores disserem
gostar da nova maneira de trabalhar. As equipes também elogiam o home office,
como mostra o Instituto Renoma. Um levantamento recente aponta que 44% dos
funcionários formais aprovam o trabalho a distância, enquanto apenas 16% dos
empregados mostraram-se contrários.
Se, por um lado, a pandemia atrasou diversos
planos, no âmbito do trabalho, ela acelerou muitas tendências. Agora, começam
as dúvidas: como se preparar para o futuro iminente do trabalho remoto? Que
habilidades são importantes para líderes e colaboradores? Que outras
competências o home office exige, em relação ao trabalho presencial?
Em um mundo com predominância de home office,
três habilidades são essenciais. A primeira é o planejamento. As relações de
trabalho tendem a se tornar muito mais horizontais, pensando nos objetivos a
serem cumpridos e destacando o papel fundamental de cada colaborador. Por isso,
os gestores deverão ser verdadeiros líderes, dividindo as tarefas e fazendo um
acompanhamento direto de tudo que acontece na empresa. Deve haver um
crescimento da utilização de softwares e plataformas de acompanhamento de
atividades, calendário e lista de pendências, inclusive com estabelecimento de
prazos.
Em seguida, a organização. Para que tudo caminhe
conforme os planos, todos devem estar alinhados ao propósito da organização.
Outra coisa que deve mudar é a necessidade de todos cumprirem o mesmo horário
de trabalho. Por exemplo: empresas que decidirem manter seus escritórios e
permitirem o home office alguns dias por semana deverão ter suas equipes
trabalhando em escalas, para evitar aglomerações. Isso exige comprometimento e
colaboração de todos.
Por fim, manter uma boa comunicação talvez seja o
mais importante dos itens. A quarentena está deixando todos mais vulneráveis ao
estresse, à ansiedade e a doenças psicossomáticas, de modo geral. O trabalho
não pode ser mais uma sobrecarga. O novo momento pede também novas relações
entre empresas e colaboradores, buscando a compreensão e a flexibilização de
jornadas, prazos e rotinas. Deve-se humanizar as relações de trabalho.
Apesar de ainda estarmos na parte turbulenta do voo
com destino ao incerto, parte da tripulação já começa a aceitar a nova
realidade e o que ainda está por vir. Devemos nos manter otimistas, afinal não
é a primeira grande mudança que experimentamos como sociedade. Sairemos mais
fortes de tudo isso e mais preparados para possíveis instabilidades.
Marcos
Yabuno Guglielmi - coach empresarial certificado da ActionCOACH,
empresa número 1 do mundo em coaching empresarial.
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