A Toyota lança o primeiro veículo híbrido com motor
flex do mundo. Mas, custando mais de R$ 120 mil, mesmo com menor IPI, parece
difícil que ele venha a vender volume considerável. Enquanto isso, o mercado
brasileiro se adequa ao programa governamental Rota 2030. Tanto para atender
suas exigências quanto para fazer bom uso das isenções fiscais e alavancar
P&D automotivo no Brasil.
Esse cenário e a relevância do tema devem estimular
a engenharia a discuti-los ante as tendências mundiais de propulsores muitas vezes
baseadas em conveniências diferentes das nossas. Qual seria a melhor
tecnologia para um país de dimensões continentais, desigualdades estruturais e
farto em variadas fontes de energia como o nosso? Que implicações haveria a
partir da definição de uma única solução? São tão diversos quanto importantes
os aspectos que podem influenciar essa resposta. Dentro deste cenário, os
principais temas serão discutidos no Simpósio SAE BRASIL de Powertrain, de 4 a
5 de novembro, em Sorocaba, São Paulo, e que destaco aqui.
Motores e lubrificantes de veículos híbridos.
Embora o motor seja muito parecido com o de um veículo convencional, seu uso
deve ser bem diferente já que as baixas rotações e cargas serão motorizadas
pelo motor elétrico, cabendo ao de combustão interna sair do desligado/frio a
um regime de alta solicitação. Ao lembrar que a viscosidade do óleo a 25°C é
quase 10 vezes maior que a 90 °C (habitual para o óleo num veículo
convencional, dá para prever que novas soluções serão exigidas para um bom funcionamento
do motor de combustão no seu uso em veículos híbridos. Vale lembrar a entrada
de novos lubrificantes, como os SAE 0W-16, que chegam por aqui.
Rota 2030. O extinto Inovar Auto acelerou a
introdução de motores 3 cilindros, blocos de alumínio, uso de turbocompressor
etc. O atual programa Rota 2030 deve trazer mudanças semelhantes e muito mais
abrangentes, já que cobre não só as montadoras, mas toda a cadeia de
fornecedores. O que podemos esperar? Desafios, oportunidades e inovação.
Manufatura avançada. Pilar para o aumento da
competitividade brasileira, tanto internamente quanto para aumentar a
exportação, a manufatura avançada, a indústria 4.0 e a manufatura aditiva, não
podem ficar fora desse contexto. Estamos falando aqui também das novas competências
e habilidades que a evolução tecnológica requer para que os profissionais
possam lidar com o crescimento exponencial do volume de dados no espaço
cibernético gerados por ela, que transformam a tomada de decisões nas
organizações. Falamos de grandes mudanças, de uma cultura totalmente nova de
aprendizado em relação à que conhecemos até hoje. De uma transição que requer a
formação de futuros profissionais e a requalificação dos atuais nessa nova
cultura.
Emissões é outro tema que não pode faltar na discussão
tendo-se em vista o que vem pela frente: “Real Drive Emissions” (RDE), maior
controle sobre emissões a frio do etanol, como medir, como controlar?
Esses e outros assuntos que desafiam a engenharia
serão debatidos no 17º Simpósio SAE BRASIL de Powertrain, que reunirá
profissionais em apresentações simultâneas dedicadas a motores ciclo Otto e
sistemas de transmissões.
Eduardo Tomanik - doutor em engenharia mecânica e
membro da Comissão Técnica de Motores Ciclo Otto da SAE BRASIL
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