“Todo medicamento tem hora certa para ser tomado?”; “Se eu esqueci de tomar o medicamento na hora
certa. Posso tomar assim que lembrar?”, “Existe uma maneira de
facilitar a vida de quem toma muitos medicamentos em um só dia?”, “Como
escolher a hora de tomá-los?”, “Se eu
esqueci de tomar o medicamento na hora certa, posso tomar assim que lembrar?”. Para
solucionar essas e outras dúvidas sobre o horário do medicamento, Vagner
Miguel, farmacêutico da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais
(ANFARMAG), responde um bate-bola sobre o assunto.
Todo
medicamento tem hora certa para ser tomado?
R: A
maioria não, mas alguns medicamentos têm hora indicada pelo médico. É também
importante saber que, em geral, os medicamentos têm um tempo correto de
intervalo entre as doses que precisa ser obedecido.
Existem riscos ao não tomar
medicamentos na hora certa?
R: O simples fato de tomar o
medicamento na hora devida pode influenciar na intensidade de sua eficácia ou
reduzir seus efeitos. E é aí que mora o problema, pois os efeitos colaterais
podem ficar mais propensos a ocorrer quando a orientação do médico ou do
farmacêutico não é seguida. Dependendo do metabolismo de cada pessoa, a
cronofarmacologia (ciência que estuda a hora adequada para consumir
medicamentos) identifica efeitos negativos que podem ocorrer no corpo. Alguns
são comuns, outros podem ser menos perigosos e outros muito graves.
A eficácia do tratamento pode ser
reduzida caso não se tome o medicamento na hora certa?
R: O risco mais comum é o efeito
positivo ser reduzido. Dependendo do caso, pode acontecer de o organismo não
absorver tão bem as substâncias presentes no medicamento que são necessárias
para resolver algum problema de saúde. Embora não seja em todo tratamento que
exista um horário específico para ingerir um medicamento, é importante
consumi-lo nas horas indicadas pelo médico.
Antibiótico tem horário certo para ser
tomado?
R: Depende do horário indicado pelo
médico. Cada medicamento pede um horário específico. Alguns antibióticos podem
ter a absorção diminuída se ingeridos junto com os alimentos. Já outros devem
ser tomados em jejum, mas é preciso seguir essa regra quando o médico orientar.
Há antibióticos que devem ser ingeridos após refeições para evitar que causem
dor de estômago como efeito colateral. O mais importante no caso de
antibióticos é garantir a regularidade no intervalo de tempo, seguindo à risca
as horas de intervalo indicadas pelo médico.
Alguns alimentos interferem na
eficácia do medicamento?
R: Certos alimentos ou outras
substâncias causam conflitos com medicamentos ingeridos em horários próximos,
como é o caso de fármacos à base de ferro. O médico e o farmacêutico sempre
orientam a respeito e é recomendado que o paciente faça perguntas e não volte
para casa com dúvidas.
Se eu
esqueci de tomar o medicamento na hora certa. Posso tomar assim que lembrar?
R:
Depende. Em caso de esquecimento ou no caso de não tomar o antibiótico no
horário certo, o ideal é ingerir imediatamente, assim que lembrar. Após ser digerido,
o antibiótico fica concentrado na corrente sanguínea e vai combatendo, aos poucos,
as bactérias. Quanto mais se demora a tomar a próxima dose, mais baixa fica a
concentração da substância no sangue, já que o fígado vai eliminando seu
excesso. Com isso, corre-se o risco de a bactéria ficar mais resistente. Se a
indicação for tomar antibiótico de oito em oito horas e o paciente se
lembrou com atraso, deve-se fazer uso do medicamento assim que a falha for
notada e contar oito horas novamente a partir desse último horário. No caso de
outras medicações, nem sempre se pode aguardar o horário da próxima dose. É
importante perguntar para o farmacêutico de sua confiança.
O corpo precisa se adaptar ao horário
do medicamento?
R: O hábito de tomar medicamentos na
hora adequada provoca uma educação metabólica no organismo. O corpo precisa se
adaptar para produzir os efeitos esperados com a ingestão do medicamento. Se a
pessoa toma o medicamento em horário desregrado, as chances de o fármaco surtir
efeito perfeitamente são menores, pois o relógio biológico não segue uma rotina
apropriada.
Tomo muitos medicamentos, como escolher a hora de tomá-los?
R: O ideal é que a medicação não
interfira no sono. Para fármacos que devem ser ingeridos a cada 12 horas, uma
boa sugestão é tomar ao acordar o primeiro comprimido e o outro doze horas
depois. Se você também tem medicamentos que precisam ser tomados de 8 em 8
horas, é possível organizar alguns horários que não interferem no sono. Por
exemplo: tomar o medicamento às 6h, 14h e 22h. Para os medicamentos que devem
ser tomados de 6h em 6h, a melhor opção é: 6h, 12h, 18h e meia noite. Já os
medicamentos que são tomados de 4h em 4h vão exigir que o paciente acorde ao
menos uma vez de madrugada para tomá-los. Para não causar tanto incômodo em
relação ao sono, sugere-se optar por estes horários: 6h, 10h, 14h, 18h, 22h e
2h. Se for preciso integrar com outros medicamentos, é fundamental verificar na
bula se o de intervalo de 6 horas não tem componentes que inibem o
funcionamento do que é tomado de 4 em 4 horas. Caso isso não aconteça, tome o
primeiro comprimido dos dois às 6h e siga o mesmo cronograma já citado. Para os
medicamentos que são tomados uma vez ao dia, deve-se verificar um horário que não conflite com outras substâncias
que serão ingeridas ao longo das horas. Vale verificar com o médico e o
farmacêutico se é possível tomar em conjunto com outros medicamentos. É
comum ficar com dúvida sobre essa combinação. Por isso, é recomendado perguntar
ao médico durante a consulta como usar o medicamento e, na farmácia, mais uma
vez, conversar com o farmacêutico, garantindo que não reste nenhuma dúvida. De
forma geral, para quem precisa tomar vários medicamentos que têm intervalos
diferentes, a melhor dica é marcá-los com cores diferentes na embalagem, com
indicação de horário. O paciente não deve ter vergonha de pedir ajuda e pode
pedir ao médico ou ao farmacêutico que o ajudem a fazer essa marcação.
Existe uma maneira de facilitar a vida de quem toma muitos medicamentos
em um só dia?
R: Sim, muitas vezes
é possível simplificar. Idosos, pessoas com doenças crônicas e outros pacientes
podem precisar de três, cinco, oito ou até mais medicamentos em um só dia.
Nesses casos, é muito grande o risco de confundir a dose, o horário e o modo
correto de ingestão, além dos esquecimentos. É válido conversar com o médico
para verificar o que pode ser feito para melhorar a rotina. Uma opção bastante
interessante é a combinação de uma ou mais substâncias em uma só fórmula,
reduzindo o número de tomadas ao longo do dia. Isso pode ser feito nas
farmácias de manipulação, que personalizam a medicação de cada paciente. A
decisão de combinar ou não diferentes substâncias, no entanto, só pode ser
tomada pelo profissional da saúde, que irá avaliar, além das condições clínicas
do paciente, um conjunto de diversos fatores, como horário em que o fármaco
deve ser ingerido, riscos de interação, riscos de efeitos colaterais e aspectos
farmacotécnicos.
Vagner Miguel - Gerente
Técnico e de Assuntos Regulatórios da Anfarmag (Associação Nacional de
Farmacêuticos Magistrais), farmacêutico, palestrante e docente. Formado pela
Unesp como farmacêutico em 1985, o profissional pós graduou-se em Gestão pela
Trevisan e em Engenharia Farmacêutica Cosmética pelo Instituto Racine.
Anfarmag
- Organização sem fins lucrativos a Associação Nacional
de Farmacêuticos Magistrais
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