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quarta-feira, 19 de abril de 2017

No dia mundial da bicicleta, me ajuda a te ajudar



Nossa mais eu suo muito!”. Quem nunca escutou isso ao perguntar se determinada pessoa usa a bicicleta para ir ao trabalho? Neste 19 de abril, comemoramos o dia da bicicleta. Ao mesmo tempo, chegamos em 2017 com um aumento médio de 1,1º C na atmosfera da Terra e cenários de temperatura preocupantes, que podem dificultar mais ainda a vida de quem pedala em várias cidades brasileiras. Porém, isto não acontece por causa dos ciclistas, que tentam reduzir suas emissões se desafiando no trânsito das cidades brasileiras.

A cultura da bicicleta cresceu muito nos últimos anos, fortalecida pelo aumento do número de ciclovias nos principais centros urbanos. Somente em São Paulo, já são 414,5 Km de vias, seis vezes mais do que existiam em 2014. Assim como ela, outras grandes capitais seguem no mesmo ritmo e, junto com esse movimento, o interesse dos cidadãos pela bicicleta tem aumentado. Nos últimos anos somente o Bike Sampa atingiu 627 mil usuários, quase dobrando de 2014 para 2016, enquanto no Metrô, o embarque de passageiros com bicicleta aumentou em 41% em comparação a dois anos atrás. A bicicleta, com todos os problemas de mobilidade, tornou-se uma alternativa barata, sustentável e saudável.

E qual o custo benefício de fazer tantas ciclovias? Em 2016 o Sistema Único de Saúde registrou 11.741 internações com um custo aproximado de R$ 14,3 milhões para os cofres públicos somente com o tratamento de acidentes de trânsito. Os gastos com tratamento de doenças associadas à poluição geram um enorme custo aos centros urbanos. Em São Paulo, o valor gira em torno de R$200 milhões por ano para os cofres públicos estaduais. Se usamos o exemplo de da capital paulista, que gastou em torno de 48,5 milhões para instalar ciclovias, esse retorno a longo prazo mais do que se paga - e isso nem considera os bens associados à produtividade de pessoas nos seus postos de trabalho. As magrelas são muito mais do que uma opção ambiental; é uma questão de saúde pública e de eficiência de gastos públicos.

Ao optar pela bicicleta em detrimento ao carro, faz-se um bem para a sociedade e para a cidade. Atualmente, se consideramos grandes centros urbanos brasileiros, mais da metade das emissões é proveniente do setor de transporte. Porém, somente na cidade de São Paulo os ciclistas que circulam ali, podem reduzir até de 60 toneladas de CO2 eq por dia. Isso corresponde a aproximadamente a emissão de 20 mil carros no mesmo período na região. Além disso, as bicicletas reduzem o espaço necessário para carros e podem também significar mais verde e menos vias asfaltadas. Um carro ocupa quase seis vezes mais espaço que uma bicicleta nas vias urbanas no horário de pico. Ou seja, se você, motorista, vir um ciclista, pense que ele está lhe ajudando.

Por tudo isso, a bicicleta foi eleita como o transporte ecologicamente mais sustentável do planeta pela ONU, mas ainda não é tratada como tal. O Brasil continua sendo um dos países com mais acidentes com bicicletas no mundo, e o ciclista não é respeitado por ser um carro a menos. Segundo o levantamento do Ministério da Saúde, em 2013 tivemos uma média de 32 ciclistas internados por dia, vítimas de acidentes, e aproximadamente 1.357 ciclistas morrem por ano por acidentes no trânsito.

Apesar dos avanços, ainda precisamos reconhecer que mais bicicletas na rua é mais saúde, mais produtividade, economia, menos emissões de gases de efeito estufa, menos tempo no trânsito, mais áreas verdes e menos vias asfaltadas. Precisamos comemorar este dia e reconhecer a importância do ciclista na rua, o ciclista na ciclovia, o ciclista na cidade, afinal aquele ciclista está suando por ele, por você, pela cidade, pelo país e pelo mundo. Neste dia mundial da bicicleta, respeite mais o ciclista. Ajude-o a te ajudar a criar uma sociedade de baixas emissões e mais sustentável e ser parte da solução na sustentabilidade da nossa sociedade.



André Nahur e Ricardo Fujii -coordenador e analista de conservação do Programa Mudanças Climáticas e Energia, respectivamente, e apaixonados por bikes.
WWF-Brasil



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