A
Olimpíada do Rio de Janeiro, como ocorre a cada quatro anos em todas as edições
dos jogos, demonstrou a forte relação de causa-efeito entre a qualidade do
ensino e o desempenho das nações no quadro de medalhas. Embora esse recorte de
análise não tenha sido enfatizado na imprensa e opinião pública, é algo muito
importante para a reflexão dos brasileiros.
Para entender melhor a questão, tomemos o exemplo dos Estados Unidos, grande
potência olímpica e campeões dos pódios no Rio de Janeiro. Parte expressiva das
medalhas conquistadas por seus atletas, nas modalidades do atletismo, natação e
esportes coletivos, tem origem nas escolas, de seu ensino básico e do superior.
Lá, as bolsas de estudo para atletas são uma espécie de PronUni, democratizando
de modo amplo as oportunidades.
Porém, não basta alto rendimento nas quadras,
piscinas e pistas. Também é preciso estabelecer boas marcas e recordes em
matemática, história, ciências, inglês e, na universidade, nas múltiplas
disciplinas inerentes a cada ramo da formação acadêmica. Essa performance não é
cobrada apenas aos atletas, mas a todos os alunos. As instituições de ensino
oferecem contrapartida de qualidade dos conteúdos, instalações e boas condições
de escolaridade. O resultado de tudo isso não se vê apenas no desempenho
norte-americano nas olimpíadas, mas também – e sobretudo! – no registro de
patentes, na solidez da economia, no mercado de trabalho, na alta
competitividade e no grau de desenvolvimento do país.
O ideal olímpico de que “o importante não é
vencer, mas competir”, tem uma concepção bastante diferente na economia mundial
e na luta de todos os povos para conquistar a prosperidade socioeconômica: é preciso alta competitividade em todas
as cadeias de valores para vencer na corrida do desenvolvimento.
Tal capacidade, sem dúvida, começa nas salas de aula, pois somente o ensino de
qualidade e o acesso amplo das crianças e jovens, da Educação Infantil,
passando pela fundamental e média, até as universidades, são capazes de
preparar de modo adequado um país para ser vencedor no contexto global.
Nesse aspecto, lamentavelmente, o Brasil está
atrasado. Nossa classificação no quadro de medalhas a cada olimpíada tem sido
um retrato da qualidade de nosso ensino, que não provê de modo adequado,
esportes, matemática, português, ciências e as disciplinas essenciais na
Educação Básica e ainda não consegue oferecer acesso amplo dos jovens à
universidade. Nosso grau de desenvolvimento é, portanto, proporcional ao
descaso com que temos tratado essa prioridade ao longo de décadas. Que os novos
rumos da política nacional reparem tal lacuna da história!
Rubens F. Passos - economista pela FAAP e MBA pela Duke
University, é presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes e
Importadores de Artigos Escolares e de Escritório (ABFIAE) e diretor titular do
CIESP Bauru.
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