A convivência com o tráfego intenso e a maneira como nos
adaptamos aos seus impactos variam de acordo com a percepção e geografia de
cada um. Em São Paulo, por exemplo, as pessoas que enfrentam o tráfego
diariamente perdem em média três horas do seu dia indo de casa para o trabalho
e vice-versa. Em outras cidades, o tempo gasto pelos paulistanos pode causar
espanto, enquanto que algumas regiões perpassam pela mesma situação ou pior
como Curitiba, Rio de Janeiro, entre outras.
Além de desperdiçar tempo nos coletivos e nos transportes
privados, as pessoas estão prejudicando a própria saúde, aumentando o consumo
de comidas pouco saudáveis e se tornando antissociais. No velho continente, uma
pesquisa realizada na Inglaterra e no País de Gales pela Royal Society of
Public Health (RSPH) demonstrou que a população ingere cerca de 800 calorias a
mais do que deveria semanalmente por conta do trânsito.
O estudo mostrou que 29% dos entrevistados aumentaram o
consumo de comidas do tipo fast food; 33% afirmaram que passaram a
ingerir mais snacks e doces; 41% reduziram as atividades físicas e 36%
reportaram alguma alteração no sono como consequência do trânsito. As pessoas
entrevistadas também associaram ao tráfego intenso o motivo pelo qual
diminuíram o tempo com a família e os amigos.
Estas são situações que se repetem globalmente. Estudo feitos
com a base de dados da Emprego Ligado, no Brasil, demonstraram que é maior o
nível de satisfação daqueles que trabalham próximo de sua residência e não têm
que enfrentar longas horas no trânsito, já que acabam tendo mais tempo para
cuidar de assuntos pessoais, como ir à academia, estudar ou ficar com a
família.
Além disso, segundo o levantamento, trabalhar perto de casa
pode gerar uma economia de tempo equivalente a 20 dias livres. E o trabalhador
vem reavaliando esta questão. Estudos afirmam que 43,3% das pessoas saem das
empresas por não visualizarem um plano de carreira. Já 36,7% deixam o cargo em
função da distância da casa ao trabalho. Outros 33,3% disseram levar em conta o
ambiente e o clima, enquanto 30% afirmaram que o salário é essencial para
retê-lo.
Contudo, o tema qualidade de vida, cada vez mais presente no
consciente do trabalhador e também das áreas de recursos humanos, tem orientado
o mercado de trabalho a se preocupar com melhores condições de trabalho para os
colaboradores. O levantamento realizado pela RSPH inclui algumas dicas para
ajudar a resolver o problema das longas horas no trânsito, entre elas, a
flexibilidade da jornada laboral. Quase três em cada cinco pessoas
entrevistadas disseram que horários de trabalho flexíveis poderiam melhorar a
sua saúde e bem-estar.
É preciso encontrar alternativas para a mobilidade com o
intuito de construir um trânsito adequado às necessidades atuais da sociedade.
O assunto precisa ser discutido urgentemente por todos os setores, empresas,
governo e população. Somente assim conseguiremos encontrar meios para melhorar
o tráfego urbano, além de alcançar uma melhor qualidade de vida para todos.
Jacob
Rosenbloom - CEO da Emprego Ligado.
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