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segunda-feira, 12 de setembro de 2016

DEZ mitos e verdades sobre CÁRIE



A cárie dentária é uma lesão do esmalte que reveste o dente e protege sua polpa e dentina. Quando a acidez corrói parte do esmalte, uma cavidade se forma – provocando dor e mau hálito, para dizer o mínimo. Quando não tratada, a cárie pode se aprofundar e levar à perda do dente. Por isso é tão importante que, independentemente da idade do paciente, toda cárie seja tratada. Com um check up odontológico regular é possível identificar pontos que ainda vão se transformar em cárie ou até mesmo quadros mais severos em que é necessário o tratamento de canal para eliminar a dor.

Quem já se submeteu a tratamentos odontológicos sabe que o melhor mesmo é agir de forma preventiva, escovando os dentes regularmente e evitando tudo o que possa enfraquecer os dentes. Mas o que é mito e o que é verdade? A cirurgiã-dentista Katia Izola, professora da APCD – Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas, esclarece a seguir as 10 dúvidas mais frequentes:

1.      O açúcar é o grande vilão dos dentes. “A bem da verdade, o que causa cárie é o ácido produzido pelas bactérias da boca. Ao ingerir qualquer tipo de carboidrato, seja um doce ou macarrão, pães ou frutas, esse processo tem início. Todos temos milhares de bactérias na boca, mas, quando a higienização é falha, há um acúmulo de bactérias atuando no enfraquecimento do esmalte dos dentes e, consequentemente, no aparecimento da cárie”. 

2.      Crianças têm mais cárie do que adultos. “Antigamente, isso tinha um fundo de verdade. Na última década, entretanto, com a adição de flúor na água tratada de quase todos os lares brasileiros e o uso de selantes, a incidência de cárie foi drasticamente reduzida em crianças em idade escolar. Por outro lado, temos constatado um aumento na incidência de cárie entre idosos, muito provavelmente porque alguns dos medicamentos de uso contínuo produzem o efeito de ‘boca seca’ que, por sua vez, aumenta a população de bactérias na boca”. 

3.      Refrigerante estraga os dentes. “O que estraga os dentes é ingerir muitas bebidas e alimentos ácidos. Isso inclui desde sucos de frutas cítricas, até refrigerantes e bebidas esportivas. Portanto, é fundamental ter uma dieta equilibrada e adotar o hábito de fazer vários bochechos com água corrente durante o dia para evitar que a acidez da cavidade bucal não resulte no enfraquecimento dos dentes”. 

4.      Toda cárie provoca dor. “Nem toda. Em muitos casos, pontos pretos que vão se transformar em cárie ou ainda pequenas lesões são identificadas durante o check up odontológico sem que a pessoa tenha se queixado de dor. Já quando não tratada por um bom tempo, a cárie vai se intensificando até atingir o nervo do dente e provocar uma dor bastante incômoda. Nesse caso, só o tratamento de canal resolverá o problema”. 

5.      Quem usa aparelho tem mais cárie. “Quando uma pessoa está em tratamento ortodôntico tem de redobrar os cuidados com a higiene bucal. Isso porque é muito comum que, não sendo móvel, os alimentos se prendam ao aparelho. Como a falta de escovação adequada está diretamente ligada ao surgimento de cárie, é claro que essa pessoa estará mais sujeita a esse e outros tipos de doença do aparelho mastigatório”. 

6.      Uma vez tratada, a cárie não surge mais. “Quando tratamos uma cárie, restauramos a cavidade do dente com uma resina que tem determinada expectativa de vida útil e precisa ser trocada depois de alguns anos. Nesse exato ponto não vai mais surgir outra cárie. Porém, se o paciente continuar a cuidar mal da higienização bucal, poderá surgir uma nova cárie ao lado ou em torno da antiga. Sendo assim, não é indicado descuidar da escovação dos dentes”. 

7.      Preencher a cavidade com aspirina ajuda a reduzir a dor de um dente cariado. “Isso é totalmente desaconselhado. Primeiramente, porque para surtir efeito contra a dor é preciso ingerir a aspirina. Depois, esse medicamento é ácido e sabemos que a acidez contribui ainda mais para a formação de cárie. Nesse caso, inclusive, a acidez do medicamento pode até queimar a gengiva e formar uma ferida ainda mais dolorosa”. 

8.      Bolachas e salgadinhos provocam cárie. “Temos aqui dois problemas. Um em relação aos carboidratos que se transformam em açúcar e aumentam a acidez da boca – favorecendo o surgimento de cárie. Outro problema são esses alimentos que, uma vez mastigados, penetram todo tipo de espaço entre os dentes – dificultando a correta higienização. Além de eliminar esse hábito por questões de saúde em geral, o ideal é que a pessoa escove bem os dentes depois de ingerir esse tipo de alimento, fazendo uso também do fio dental”. 

9.      Dentes sensíveis geralmente têm cárie. “Isso não é verdade. A sensibilidade nos dentes pode ser provocada pelo desgaste do esmalte – que, inclusive, piora se a pessoa emprega muita força na escovação. Como vimos, também a acidez de alimentos e bebidas resulta em erosão dentária. Outra causa é a ingestão de determinados medicamentos, bem como a existência de doenças como bulimia e refluxo gastresofágico. Por fim, até mesmo a retração da gengiva pode expor a raiz do dente e torná-lo mais sensível sem que haja cárie”. 

10.  Escovar bem os dentes é a melhor forma de evitar cárie. “Para uma grande maioria das pessoas, isso se aplica. Prevenção é palavra de ordem e a forma mais fácil, mais rápida e menos dispendiosa de evitar cárie – para não dizer menos dolorosa também – é através da correta escovação dos dentes e do uso de fio dental. Em geral, são necessárias duas ou três escovações por dia – lembrando-se de não empregar muita força, mas permanecer tempo suficiente para a completa higienização de cada um dos dentes e dos espaços entre eles. Vale lembrar que a remoção da placa bacteriana é mecânica, através de escova de dente macia com cerdas arredondadas e de creme dental com flúor. Quando a pessoa está longe de casa e sem acesso ao kit de higiene bucal, é importante fazer vários bochechos com água corrente depois de ingerir qualquer tipo de alimento ou bebida. O ato de ‘lavar’ a boca ajuda bastante até que se possa fazer a limpeza ideal”.



Prof. Dra. Katia Izola - professora da APCD - Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas – www.apcd.org.br/


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