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sexta-feira, 6 de março de 2015

Inovação contra o câncer de colo de útero




Novo método de rastreio garante interpretação ainda mais precisa dos resultados do exame preventivo
O câncer de colo do útero – também chamado de cervical – é causado pela infecção persistente de alguns tipos de papilomavírus humano (HPV). Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2014, o número de novos casos chegou a aproximadamente 16 mil e o número de mortes passou os 5 mil. A infecção genital causada por esse vírus é muito frequente e, na maioria das vezes, não gera doença. Entretanto, em alguns casos, podem ocorrer alterações celulares que poderão evoluir para o câncer. Essas alterações são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolaou) e são curáveis na quase totalidade dos casos, desde que descobertas precocemente, por isso é importante a realização periódica desse exame.
Esse tumor é o terceiro mais frequente na população feminina – atrás do câncer de mama e do colorretal – e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Prova de que o país avançou em sua capacidade de realizar diagnóstico precoce é que, na década de 1990, 70% dos casos identificados eram da doença invasiva, ou seja, o estágio mais agressivo do câncer. “Esse é um tipo de câncer que demora muitos anos para se desenvolver. Por essa razão, existe um espaço temporal suficiente para ser identificado em suas formas precurssoras. As alterações das células que dão origem ao câncer do colo do útero são facilmente descobertas no exame preventivo”, explicou Antônio Luiz Almada Horta, médico especialista em citopatologia do Sérgio Franco Medicina Diagnóstica.
Recentemente, foi introduzido um importante avanço tecnológico na detecção da doença, a citologia em meio líquido. “A citologia em meio líquido melhora a sensibilidade do método tradicional, constituindo uma excelente ferramenta diagnóstica na identificação precoce das lesões celulares que podem levar ao câncer do colo do útero, pois permite automatizar e padronizar a preparação e a coloração das lâminas citológicas e melhorar a qualidade e o desempenho do método tradicional de Papanicolaou”, esclarece Almada.
Uma das principais vantagens do novo exame é que, para sua realização, é necessário apenas um dispositivo para coleta, o que torna o procedimento mais rápido e menos desconfortável para a paciente, diminuindo o risco de falsos-negativos, que hoje giram em torno de 30%, a maioria por conta de erros na coleta. “A citologia em meio líquido permite que 100% da amostra coletada seja enviada ao laboratório, ao passo que, na citologia convencional, somente 37% do material celular é lançado no esfregaço, o restante é desprezado junto com o instrumento de coleta, podendo-se perder elementos celulares importantes para o diagnóstico. O exame permite também a remoção de interferentes, o que reduz a quase zero a ocorrência de amostras insatisfatórias, evita a solicitação de nova coleta, reduz o tempo de leitura das lâminas e possibilita, com a mesma coleta, realizar testes de biologia molecular para papilomavírus humano (HPV), Chlamydia trachomatis e outros exames”, disse o especialista. Como o material em meio líquido pode ser conservado por até um mês em temperatura ambiente e até seis meses refrigerado (2ºC a 8ºC), esse teste complementar pode ser realizado sem incomodar a paciente e o médico com a marcação de nova consulta para coleta de material.
Outra vantagem é que, no método convencional, é preciso utilizar dois dispositivos de coleta para a obtenção do material. Após a coleta, faz-se o esfregaço e, em seguida, fixa-se o material na lâmina para então fazer a coloração, ou seja, são três etapas manuais. Já com a citologia em meio líquido, apenas um dispositivo de coleta é usado, que recolhe as células endocervicais e ectocervicais. Logo depois, destaca-se a ponta da escova no frasco com o meio líquido e a coleta está concluída. “Nesse novo procedimento, além da redução para apenas um dispositivo de coleta para células endocervicais e ectocervicais, a preparação e a coloração das lâminas são totalmente automatizadas, o que padroniza e melhora sua qualidade”, finalizou o médico.

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