Novo método de rastreio garante interpretação ainda mais precisa
dos resultados do exame preventivo
O câncer de colo do útero
– também chamado de cervical – é causado pela infecção persistente de alguns
tipos de papilomavírus humano (HPV). Segundo dados divulgados pelo Instituto
Nacional do Câncer (INCA), em 2014, o número de novos casos chegou a
aproximadamente 16 mil e o número de mortes passou os 5 mil. A infecção genital
causada por esse vírus é muito frequente e, na maioria das vezes, não gera
doença. Entretanto, em alguns casos, podem ocorrer alterações celulares que
poderão evoluir para o câncer. Essas alterações são descobertas facilmente
no exame preventivo (conhecido também como Papanicolaou) e são curáveis na
quase totalidade dos casos, desde que descobertas precocemente, por isso é
importante a realização periódica desse exame.
Esse tumor é o terceiro mais frequente na
população feminina – atrás do câncer de mama e do colorretal – e a quarta causa
de morte de mulheres por câncer no Brasil. Prova de que o país avançou em sua
capacidade de realizar diagnóstico precoce é que, na década de 1990, 70% dos
casos identificados eram da doença invasiva, ou seja, o estágio mais agressivo
do câncer. “Esse é um tipo de câncer que demora muitos anos para se
desenvolver. Por essa razão, existe um espaço temporal suficiente para ser
identificado em suas formas precurssoras. As alterações das células que dão
origem ao câncer do colo do útero são facilmente descobertas no exame
preventivo”, explicou Antônio Luiz Almada Horta, médico especialista em
citopatologia do Sérgio Franco Medicina Diagnóstica.
Recentemente, foi
introduzido um importante avanço tecnológico na detecção da doença, a citologia
em meio líquido. “A citologia em meio líquido melhora a sensibilidade do método
tradicional, constituindo uma excelente ferramenta diagnóstica na identificação
precoce das lesões celulares que podem levar ao câncer do colo do útero, pois
permite automatizar e padronizar a preparação e a coloração das lâminas
citológicas e melhorar a qualidade e o desempenho do método tradicional de
Papanicolaou”, esclarece Almada.
Uma das principais
vantagens do novo exame é que, para sua realização, é necessário apenas um
dispositivo para coleta, o que torna o procedimento mais rápido e menos
desconfortável para a paciente, diminuindo o risco de falsos-negativos, que
hoje giram em torno de 30%, a maioria por conta de erros na coleta. “A
citologia em meio líquido permite que 100% da amostra coletada seja enviada ao
laboratório, ao passo que, na citologia
convencional, somente 37% do material celular é lançado no
esfregaço, o restante é desprezado junto com o instrumento de coleta, podendo-se
perder elementos celulares importantes para o diagnóstico. O exame permite
também a remoção de interferentes, o que reduz a quase zero a ocorrência de
amostras insatisfatórias, evita a solicitação de nova coleta, reduz o tempo de
leitura das lâminas e possibilita, com a mesma coleta, realizar testes de
biologia molecular para papilomavírus humano (HPV), Chlamydia trachomatis
e outros exames”, disse o especialista. Como o material em meio
líquido pode ser conservado por até um mês em temperatura ambiente e até seis
meses refrigerado (2ºC a 8ºC), esse teste complementar pode ser realizado sem
incomodar a paciente e o médico com a marcação de nova consulta para coleta de
material.
Outra vantagem é que, no método convencional, é preciso utilizar
dois dispositivos de coleta para a obtenção do material. Após a coleta, faz-se
o esfregaço e, em seguida, fixa-se o material na lâmina para então fazer a
coloração, ou seja, são três etapas manuais. Já com a citologia em meio
líquido, apenas um dispositivo de coleta é usado, que recolhe as células
endocervicais e ectocervicais. Logo depois, destaca-se a ponta da escova no
frasco com o meio líquido e a coleta está concluída. “Nesse novo procedimento,
além da redução para apenas um dispositivo de coleta para células endocervicais
e ectocervicais, a preparação e a coloração das lâminas são totalmente
automatizadas, o que padroniza e melhora sua qualidade”, finalizou o médico.
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