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quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Acidentes aéreos e as indenizações

Recentemente tivemos o trágico acidente aéreo envolvendo a companhia Voepass, que resultou na morte de 62 pessoas. A tragédia trouxe à tona questões muito importantes sobre a responsabilidade civil das empresas aéreas em casos como esse e também os direitos dos familiares das vítimas. Em algumas situações anteriores de grandes acidentes aeronáuticos no Brasil as indenizações e conflitos se estenderam por vários anos.

Primeiramente, é fundamental esclarecer que em situações de acidentes aéreos, as companhias têm uma responsabilidade objetiva. Isso significa que a empresa é legalmente responsável pelos danos causados aos passageiros, independentemente de culpa, ou seja, aquela responsabilidade de uma pessoa por um ato que causou dano a outra, e é um conceito central no Direito civil e Direito penal. Em outras palavras, a culpa está ligada ao conceito de que uma pessoa pode ser responsabilizada por suas ações ou omissões quando elas causem danos a terceiros.

A chamada responsabilidade objetiva prevista no Código de Defesa do Consumidor e na legislação aeronáutica impõe à companhia aérea a obrigação de indenizar os prejuízos sofridos pelas vítimas e seus familiares, sem a necessidade de provar falhas ou negligência por parte da empresa. Nesse contexto, as investigações sobre as causas do acidente com a Voepass são essenciais para identificar se houve falhas técnicas, humanas ou operacionais que possam ter contribuído para essa tragédia. No entanto, independentemente dos resultados dessas investigações, a Voepass tem a responsabilidade legal de compensar os danos causados às famílias das vítimas.

Os familiares podem buscar reparações por meio de ações judiciais, que visam indenizações por danos morais e materiais. Isso inclui a cobertura de despesas de funeral, por exemplo, perda de renda e principalmente o sofrimento emocional decorrente da perda de um ente querido. A responsabilidade objetiva da empresa garante que os direitos dos familiares sejam preservados, independentemente das circunstâncias específicas do acidente.

De acordo com o Relatório Anual do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), consolidado em 2022, no Brasil foram registrados 264 acidentes aéreos naquele ano. Desses, 17 foram classificados como acidentes graves (com vítimas fatais ou danos substanciais), e 247 deles considerados incidentes com menor gravidade. Nas falhas mais comuns constam erros de pilotagem, problemas mecânicos, e condições meteorológicas adversas. Vale frisar ainda que a principal causa de acidentes aéreos tem sido o erro humano, principalmente por falhas de julgamento e procedimentos inadequados.

Sempre é importante deixar esclarecido que, em caso de morte, em desastres aéreos, além do seguro de vida (cujo nome oficial é Reta Civil do Exploradores de Transporte Aéreo) já previsto na compra da passagem nas companhias aéreas ou contratos na aviação executiva, e que envolve as despesas preliminares, os familiares também podem entrar com uma ação judicial requerendo indenizações. Elas tratam de reparações por danos morais e materiais. No caso dos danos materiais, o ressarcimento calcula até o que a vítima fatal poderia receber ao longo de sua vida como produto do seu trabalho.

A indenização em caso de acidentes aéreos às vezes pode também ser muito morosa e desgastante como informou a imprensa na época. A queda há quase 28 anos do avião Fokker 100 da TAM, que aconteceu perto do aeroporto de Congonhas e levou a vida de 99 pessoas, é emblemático. Após a decolagem, dois minutos depois a aeronave caiu, destruindo oito casas no bairro Jabaquara, na Zona Sul de São Paulo. Além dos passageiros, três pessoas morreram no solo.

Os parentes das vítimas ficaram 11 anos esperando receber uma indenização compatível com a perda, porém as propostas eram muito aquém do que era a importância pretendida. Não houve acordo entre as partes e o litígio só foi decidido na Justiça. Na época, o valor da indenização para danos morais foi de 333 salários mínimos, o equivalente hoje a R$ 470,2 mil. O Tribunal de Justiça de São Paulo sentenciou a indústria Northrop Grumman Corporation, fabricante da peça defeituosa que gerou o acidente, a indenizar as famílias de vítimas daquele desastre.

Posteriormente a queda do Fokker 100 da TAM, as pressões de familiares para mudar regulamentações de segurança e ressarcimentos na aviação civil foi tão crescente e incisiva que a Superintendência de Seguros Privados (Susep), ligada ao governo federal, fez uma consulta pública visando modificar alguns dispositivos legais. Uma das cláusulas da legislação, por sinal, agora dispõe que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), bem como organismos de controle de tráfego aéreo, precisam obrigatoriamente ser avisados de imediato pelos operadores de seguro no caso de inadimplência do pagamento do ‘Reta’ (seguro de acidente com avião). Assim sendo, nesta situação tanto as aeronaves de linhas aéreas quanto as executivas de locação ficam impedidas de decolar.

Como se pode concluir é crucial que os familiares estejam amparados por advogados especializados em responsabilidade civil e Direito do consumidor para que possam ser orientados de forma adequada e garantir que seus direitos sejam plenamente respeitados. Por fim, este triste episódio reforça a importância de as companhias aéreas manterem rigorosos padrões de segurança e manutenção a fim de evitar que tragédias como essa se repitam no futuro. A Voepass, assim como todas as empresas do setor, tem obrigação contínua de zelar pela segurança de seus passageiros e pela integridade das operações.



Dr. Gabriel Funichello - advogado, formado pela Faculdade de Direito ‘Laudo de Camargo’ (Unaerp) e sócio-fundador da Funichello Advogados. Tem pós-graduação lato sensu/especialização em Direito Civil e Processo Civil; Direito Imobiliário, Notarial e Registral pela Escola Paulista de Direito e também pós-graduação lato sensu/especialização em Direito Contratual e Responsabilidade Civil pela Escola Brasileira de Direito. Possui educação executiva em Direito e Negócios Imobiliários pela FGV.



Revogar ou reformar? Especialistas defendem a Lei da Alienação Parental

Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) refletem aumento de casos, com crescimento em número de processos

 

No dia 26 de agosto, a Lei da Alienação Parental completa 14 anos de existência, marcando mais de uma década de proteção aos direitos das crianças e adolescentes em casos de separação dos pais. Criada para combater práticas que prejudicam a relação da criança com um dos genitores, a lei tem sido fundamental para garantir que menores de idade possam desfrutar de uma convivência familiar saudável, mesmo em meio a divórcios contenciosos. 

Conforme dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), foram 401 casos de alienação parental em 2014 e chegaram a 5.152 até outubro de 2023. O aumento foi maior a partir de 2016, quando houve 2.225 processos, e o pico foi em 2022, com 5.824 ações — variação de 1.456% em relação a 2014. 

De acordo com a advogada Mérces da Silva Nunes, sócia do escritório Silva Nunes e especialista em Direito de Família e Estratégias Sucessórias, a lei reconhece a alienação parental como uma violação dos direitos fundamentais das crianças e adolescentes, garantindo medidas efetivas para prevenir e corrigir tais situações. Para ela, a Lei da Alienação Parental tem ajudado a identificar e minimizar comportamentos alienadores, que vão desde a desqualificação de um dos genitores até a imposição de obstáculos para o exercício do direito de visita. 

"Os tribunais observam sinais claros de alienação”, explica a especialista. Entre eles, estão a desqualificação do genitor alienado, a interferência na comunicação da criança ou do adolescente com o genitor alienado, e até obstáculos impostos para dificultar ou impedir o direito de visita do outro genitor. “Também é possível identificar pela apresentação de alegações falsas ou exageradas em relação ao outro genitor, rejeição injustificada da criança pelo genitor alienado, lealdade incondicionada da criança ao genitor alienador, narrativas da criança ou do adolescente repetindo as críticas feitas pelo genitor alienador, recusa de afeto do genitor alienado, sem motivo efetivo”. Perceber esses sinais é crucial para a intervenção judicial, que pode incluir desde advertências até a mudança do regime de guarda, visando sempre o melhor interesse da criança. 

Além das sanções previstas na lei, a mediação familiar tem se mostrado uma ferramenta eficaz na prevenção e resolução de casos de alienação parental. “Ela tende a resolver conflitos, de forma precoce, reduz a hostilidade entre os pais, sempre com o propósito de buscar o melhor interesse da criança. A mediação poderá resultar em acordos mais duradouros e em menor necessidade de intervenção judicial”, diz Mérces. 

Entretanto, o tema ainda enfrenta desafios, como o recente movimento que busca a revogação da Lei da Alienação Parental, pelo PL 1.372/2023. Críticos argumentam que a lei pode ser manipulada para desqualificar denúncias legítimas de abuso, o que tem gerado debates intensos sobre sua eficácia e aplicação. Entretanto, a advogada entende que a revogação da lei poderia enfraquecer a capacidade dos tribunais de combater a alienação parental, prejudicando pais que já enfrentam dificuldades para provar a prática e garantir seus direitos de convivência. 

“Em vez de revogar a lei, seria mais sensato revisar e aprimorar o texto legislativo. Uma reformulação poderia corrigir ambiguidades e garantir que ela continue protegendo os direitos das crianças sem ser mal utilizada em litígios complexos", sugere Mérces. 

Na mesma linha, a advogada Amanda Helito, sócia do PHR Advogados e especialista em Direito de Família, acredita que a revogação representaria um grande retrocesso em termos de garantia de direitos a crianças e adolescentes. “A revogação de uma lei que tem o fim de garantir a efetividade de direitos a pessoa vulneráveis apenas poderia ocorrer após um debate mais técnico e profundo das críticas que recebe e uma palpável apuração dos reais benefícios que essa lei vem trazendo para milhares de crianças, o que até agora não ocorreu”, defende.

 

Outra crença popular considerada equivocada é a de que o tema consiste em uma questão de gênero, como se apenas mulheres fossem acusadas da sua prática, o que não procede. “Não são raras as vezes em que a alienação parental é praticada por homens, como forma de abuso psicológico”, explica Amanda.

 

Novidades para a Lei da Alienação Parental

Em maio de 2022, foi promulgada a Lei 14.340, que introduziu como inovação o fortalecimento da abordagem multidisciplinar em processos judiciais relacionados à proteção de crianças e adolescentes. Ainda que recente, a lei vem sendo implementada pelos tribunais, magistrados, além de representantes do Ministério Público.

“A ideia é a de que profissionais especializados de diversas áreas de atuação, não apenas jurídica, sejam envolvidos nos processos em que existiam acusações de violência contra crianças para que se tenha uma apuração mais técnica e profunda do contexto em que a criança está inserida e suas reais condições emocionais”, destaca Amanda.




Fontes:

Amanda Helito - advogada, sócia e co-fundadora do PHR Advogados, especializada e atuante em Direito de Família. Membro da Comissão de Direito de Família e Sucessões da OAB/SP e do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM).

Mérces da Silva Nunes - sócia do escritório Silva Nunes Advogados. Especialista em Direito de Família e Sucessões. Especialista em Direito Societário pelo Insper e Estratégias Societárias, Sucessórias e Tributação pela Fundação Getúlio Vargas – GVLaw. Diretora do Instituto Brasileiro de Direito Constitucional – IBDC.


Volume de passageiros afetados por cancelamentos de voo cresce 104% até julho, aponta levantamento AirHelp

 

Passageiros atingidos por cancelamentos de voos até julho somaram 2,838 milhões ante 1,394 milhão no mesmo período do ano passado 

• 1 em cada 17 passageiros foi afetado por cancelamentos nos sete primeiros meses do ano contra 1 em cada 39 no mesmo período de 2023 

• Atrasos superiores a duas horas atingiram 416 mil de passageiros até julho deste ano ante 402 mil no mesmo período de 2023, alta de 3% 

• 1 em cada 120 passageiros foi afetado por atrasos de voos superiores a duas horas nos sete primeiros meses do ano contra 1 em cada 138 passageiros no mesmo período do ano passado 

• 1 em cada 15 passageiros é elegível a pleitear compensação financeira às companhias aéreas no período analisado

 

Os cancelamentos até julho já atingiram 2,838 milhões de passageiros nos aeroportos do país, o que representa 1 em cada 17 passageiros transportados no período. O volume já supera os 1,394 milhão afetados por esse mesmo tipo de ocorrência no mesmo período do ano passado, representando 1 em cada 39 passageiros transportados nos sete primeiros meses do ano passado. Os dados fazem parte de levantamento da AirHelp, líder mundial em direitos de passageiros aéreos. 

Nos sete primeiros meses deste ano as companhias aéreas brasileiras transportaram 50,1 milhões de passageiros. O volume contabilizado foi inferior à marca registrada no mesmo período de 2023, quando 55,7 milhões de passageiros foram transportados nos aeroportos brasileiros.

Os atrasos superiores a duas horas também trouxeram uma boa dor de cabeça aos passageiros que passaram pelos aeroportos brasileiros. Até julho 416 mil passageiros foram afetados por atrasos de voos nos aeroportos do país, representando 1 em cada 120 passageiros transportados no período. O volume supera os 402 mil afetados por esse mesmo tipo de ocorrência no mesmo período do ano passado, representando 1 em cada 138 passageiros transportados nos sete primeiros meses do ano passado. Este tipo de ocorrência e os cancelamentos, quando não provocados por questões meteorológicas ou de força maior, podem originar pedidos de indenização às companhias aéreas. 

Segundo levantamento da AirHelp, do total de passageiros afetados, 3,2 milhões teriam direito à indenização pelos transtornos com atrasos superiores a duas horas e cancelamentos, ou seja, 1 em cada 15 passageiros é elegível a pleitear compensação financeira às companhias aéreas no período analisado. No ano passado foram 1,7 milhão (1 em cada 31).
 

Compensação de passageiro

Para reivindicar uma indenização, os passageiros devem estar cientes de certas condições. A primeira é verificar se o atraso ou cancelamento realmente causou sofrimento, estresse ou lesão ao usuário. Acontecimentos como faltar a uma consulta médica importante, cancelamento de contrato, demissão, afastamento de um acontecimento de grande relevância emocional, são situações que podem dar lugar a um pedido de indenização perante a companhia aérea. Se o passageiro já sofreu os chamados "danos morais" e pode prová-los, os passageiros têm boas chances de obter uma indenização financeira média de R$ 10.000 por pessoa. 

O passageiro tem mais chance de obter uma compensação financeira se a companhia aérea for a responsável direta pela interrupção do voo, por problemas técnicos ou falta de tripulação, por exemplo. A interrupção do serviço devido a condições climáticas extremas pode ser usada como justificativa e aceita pelos tribunais, como estando fora do controle da companhia aérea. No entanto, nesta situação, os passageiros continuam a ter direito ao serviço e à informação. 

“O conjunto de direitos dos passageiros aéreos que temos no Brasil é orientado para o cliente e oferece aos passageiros aéreos uma grande consideração, especificando exatamente quais os cuidados que as companhias aéreas devem oferecer e quando em caso de problemas de voo. No entanto, a lei é muito vaga quando se trata de critérios de compensação e pode ser um desafio para um único indivíduo sem conhecimento especializado interpretar a lei corretamente. Entre os principais motivos pelos quais os passageiros brasileiros não reivindicam seus direitos em caso de problemas de voo, podemos encontrar: falta de conhecimento sobre como fazer uma reclamação, mas também falta de consciência dos direitos dos passageiros”, diz Luciano Barreto, diretor-geral da AirHelp no Brasil. 

Leis de passageiros no Brasil 

Quem voa no Brasil está amparado pelo Código de Defesa do Consumidor e pela legislação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), que são os instrumentos jurídicos mais relevantes para o passageiro. Essas leis definem claramente as responsabilidades das companhias aéreas para com seus passageiros sempre que houver problemas de voo. 

A legislação brasileira abrange voos domésticos dentro do Brasil, voos internacionais com partida ou chegada em aeroportos brasileiros, bem como voos com conexão em um aeroporto brasileiro. 

A legislação brasileira protege os passageiros, desde que seus voos atendam aos 4 critérios a seguir: 

● O voo pousou ou decolou em um aeroporto brasileiro 

● O voo foi cancelado com aviso tardio, o voo estava com mais de 3 horas de atraso ou estava com overbook 

● Os passageiros não foram atendidos adequadamente pela companhia aérea 

● O problema ocorreu nos últimos 5 anos (2 anos para voos internacionais) 

Para mais informações, visite www.airhelp.com/pt-br/

 

Metodologia 

Todos os dados da pesquisa AirHelp são baseados em voos regulares em aeroportos brasileiros, contidos no banco de dados global de voos da AirHelp. Para garantir dados precisos, AirHelp usa uma variedade de fontes e as combina em um banco de dados global.  

AirHelp
airhelp.com


Confraternizações de fim de ano: cuidado com os golpes nos aluguéis de salões de festas

 

Especialista em Direito do Consumidor do CEUB dá dicas de como não errar na hora de alugar espaços

 

Faltam quatro meses para dezembro e a agenda de espaços para confraternizações já está quase lotada. Com encontros corporativos e pessoais programados, o mercado de produção de eventos está em alta. Nesse cenário, é fundamental prestar atenção ao contratar um espaço para realizar a festa e evitar problemas futuros. Daniella Torres, professora de Direito do Centro Universitário de Brasília (CEUB) e especialista em Direito do Consumidor, alerta que, especialmente no final do ano, quando a demanda é maior, o consumidor deve tomar algumas precauções ao alugar salões de festa. 

Daniella Torres destaca que o primeiro passo para garantir uma contratação segura é conhecer o local pessoalmente e evitar fechar o negócio apenas online. “É importante verificar se o local realmente existe, para não correr o risco de contratar algo que não é real”, explica. A professora enfatiza a importância de ter acesso ao contrato de modo antecipado, que deve conter o CNPJ da empresa responsável e todos os detalhes sobre o salão de festas. 

Com essas informações em mãos, a especialista recomenda que o consumidor faça buscas em sites como ‘Reclame Aqui’, no Programa de Proteção e Defesa do Consumidor de cada estado, para verificar se há reclamações ou problemas relacionados àquela empresa. “Outra forma de se precaver é buscar informações nos tribunais estaduais, onde qualquer cidadão pode, com um simples cadastro, verificar se há muitas ações judiciais contra a empresa pelo CNPJ”, complementa Daniella. 

Quanto ao pagamento, a docente do CEUB alerta que não é recomendado o pagamento totalmente antecipado. “Isso não significa que o consumidor não possa contratar com pagamento à vista, mas é preciso cautela”, destaca. Por exemplo, se a festa está marcada para daqui a três meses e o pagamento é feito integralmente agora, há o risco de o dinheiro não ser usado efetivamente para a festa. Por isso, a recomendação é que o pagamento seja feito em duas partes, 50% no momento da contratação e 50% no dia da festa. Ela explica que os principais golpes relacionados à contratação de salões de festa envolvem o pagamento antecipado, onde, mesmo após o pagamento total, a festa não acontece. A especialista também sugere que, no dia da festa, alguém vá ao local horas antes do início, para confirmar e  garantir que o espaço está sendo preparado corretamente.  

“O ideal é que o pagamento final seja realizado no dia da festa, seja no início ou no final, após verificar que tudo está acontecendo conforme o combinado. Nunca se recomenda o pagamento total antecipado, embora seja aceitável dar um sinal para garantir a reserva do salão”, afirma. O pagamento integral antecipado é questionável e deve ser evitado, com preferência por deixar uma parte significativa para ser paga no dia da festa.

 

Caí em um golpe, e agora? 

Caso o consumidor acabe caindo em um golpe, a professora do CEUB orienta registrar a reclamação nos sites de reclamação, no Procon e buscar a judicialização do caso. Ela diz que tentar um acordo ou conciliação extrajudicial nesses casos, nem sempre é recomendado, pois, como o pagamento foi integral e antecipado e não houve a realização da festa, é necessário entrar com uma ação judicial.  

Para judicializar o caso, Torres destaca a importância de buscar o contrato social da empresa para identificar os sócios e pedir o bloqueio de contas, passaporte e carteira de habilitação, já que muitos golpistas desaparecem com o dinheiro, mudando de cidade ou até de país. “Nesses casos, cabe também a solicitação de danos morais, já que a falta de uma festa contratada, seja de aniversário, casamento ou evento corporativo, causa prejuízos significativos ao consumidor”, completa.

 

Confira onde consultar a procedência dos espaços:  

• Procon: procon.df.gov.br

• Portal do Consumidor: consumidor.gov.br

• Sites dos tribunais estaduais


Do online ao offline: como as mudanças no comportamento do consumidor influenciam o varejo omnichannel

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60% dos consumidores preferem experiências fluidas de compra e os varejistas devem adequar os negócios às novas tendências 

 

 

Com o avanço da tecnologia e a crescente demanda por conveniência, os consumidores esperam uma experiência de compra perfeita, onde possam transitar de forma fluida entre as lojas físicas e as plataformas online. Nesse cenário, o varejo tem se reinventado, criando soluções que unem o melhor dos dois mundos. Um estudo recente conduzido pela MindTree revelou uma tendência clara: 60% dos consumidores preferem a combinação da compra online com a física. O relatório "O Amanhecer do Consumidor Phygital" destaca a importância da integração do varejo para impulsionar as vendas e atender às expectativas dos consumidores modernos.

 

“No nosso mercado atual, é fundamental conhecer o comportamento e as necessidades dos consumidores para entregar soluções mais personalizadas aos clientes do futuro. O novo perfil de consumo é pautado na praticidade, agilidade, conveniência e fluidez na transição entre experiências físicas e online. O varejo precisa estar atento e preparado para isso e precisa entender que, mais do que nunca, o consumidor é o centro da jornada”, afirma Andrei Dias, Head de vendas da Nexaas, Retail Tech especialista em inovação para o varejo. 

 

O executivo destaca três tendências do varejo voltadas ao phygital e à omni experience que devem seguir em alta no mercado. Vale lembrar que a omnicalidade se refere à disponibilidade de diferentes canais de atendimento e vendas, e o phygital vai além, incorporando tecnologias a experiências presenciais e promovendo uma verdadeira união entre físico e digital para proporcionar experiências de consumo diferenciadas. Confira as dicas: 

 

1. Facilite jornadas híbridas 

Cerca de 75% dos consumidores estão dispostos a gastar mais com empresas que ofereçam uma boa experiência e opções para consumirem no formato que desejarem, segundo o Relatório Zendesk da Experiência do Cliente. Na omni experience, o consumidor escolhe a trilha da sua própria jornada, optando por canais físicos ou digitais, conforme sua conveniência e preferência.

 

“Lojistas podem facilitar essa liberdade de escolha, possibilitando que consumidores realizem compras em lojas físicas, mas recebam suas sacolas de compra em casa ou, no processo inverso, comprem no ambiente virtual e retirem seus produtos em um ponto físico, se essa for a vontade do cliente”, comenta Dias. 

 

Essa prática já é comum, mas, para que funcione pra valer, é fundamental planejar a logística. “Os estoques precisam ser integrados e os colaboradores devem ser treinados para que o atendimento funcione dentro dessa mentalidade sem barreiras entre o físico e o digital, garantindo agilidade e praticidade em qualquer formato de venda”, acrescenta o especialista.

 

2. Acompanhe as novidades em pagamentos digitais 

Os pagamentos digitais são um requisito indispensável na era phygital. Uso de QR Code, Pix e cartão virtual, por exemplo, despontam na preferência dos consumidores. 

 

“As transferências bancárias de TED e DOC e até o uso do dinheiro físico estão perdendo espaço. É importante que varejistas invistam em meios de pagamento digital instantâneo, para oferecer essa conveniência e ter mais chances de fidelização”, sugere Dias.

 

3. Proporcione experiências diferenciadas 

O consumidor está mais exigente e não quer apenas comprar o que precisa ou deseja. Ele quer vivenciar uma experiência de consumo agradável e única. E para ser phygital, você não precisa necessariamente investir em realidade aumentada, inteligência artificial ou outras tecnologias mais robustas.

 

Muitas vezes, ações simples e de custo menor já trazem um diferencial competitivo enorme ao negócio. É o caso dos totens de autoatendimento dentro das lojas físicas, que dão mais autonomia para o consumidor e agilidade, ao dispensar o uso dos caixas para finalizar a compra ou executar outras operações.

 

Outro exemplo são as marcas que disponibilizam QRCodes nas etiquetas das roupas expostas nas lojas físicas, para que o cliente saiba quais tamanhos e cores estão disponíveis no estoque e tenha acesso a avaliação de outros consumidores sobre esses produtos.

 

“A forma como o varejista vai tornar o phygital uma realidade em seu negócio depende muito do público que ele atende e dos objetivos que pretende alcançar. As estratégias partem desse conhecimento dos hábitos, preferências e necessidades do consumidor e devem colocar sua experiência em primeiro lugar”, finaliza o executivo.

 

Nexaas - Retail Tech


Networking: Como construir um bom relacionamento para a sua empresa?

Uma rede de contatos bem planejada pode fornecer ideias valiosas sobre tendências de mercado, ajudar nos desafios internos, ou identificar novos clientes ou parceiros

 

Em um lugar cada vez mais competitivo, o networking se tornou uma ferramenta importante para empreendedores que buscam alavancar seus negócios. E, sendo assim, interagir com pessoas do mesmo setor tem a possibilidade de conseguir novas oportunidades e ideias que impulsionam o crescimento. De acordo com André Minucci, mentor de empresários, comenta que, hoje em dia saber construir uma rede de contatos é um grande diferencial.

 

O networking é muito mais que apenas eventos e cartões de visitas, é a construção de relacionamentos duradouros, baseados na troca. Para empreendedores, uma rede de contatos bem planejada pode fornecer ideias valiosas sobre tendências de mercado, ajudar nos desafios internos, identificar novos clientes ou parceiros. 


André destaca que o poder do networking está na capacidade de interagir com as pessoas que podem criar algo maior. "Um líder que aplica em seu networking está investindo no futuro da sua empresa. É através desses encaixes que novas oportunidades surgem, e é necessário estar bem preparado para aproveitá-las", comenta o mentor.

 

Como construir e manter redes de contato 

Para construir uma rede de contatos de qualidade, é importante ter que adotar uma abordagem dinâmica. Começar a participar de grupos online ou eventos da sua área, e continuar ativo nas redes sociais profissionais são algumas das maneiras de impulsionar seu networking.

 

O especialista também diz que: "Não é sobre a quantidade de pessoas que você conhece, mas sim como agregar valores a elas”, explica Minucci.

 

Manter essa aproximação exige bastante dedicação. Um networking bem realizado é construído com interações significativas. 


“Importante lembrar que esses contatos são uma via de mão dupla: quanto mais você contribuir, mais benefícios você colhe”, diz.



Comunicação e networking

 

A comunicação também faz parte deste relacionamento sólido. De acordo com dados da pesquisa de Tendências em Comunicação Interna comentou que 88% dos CEOs considera a comunicação interna, e reconhecem sua necessidade para o sucesso da empresa. Segundo Minucci, a comunicação externa é fundamental para o fortalecimento de uma rede de contatos.

 

“Um líder deve se comunicar com transparência e clareza, um treinamento de comunicação poderá ajudar a transmitir essa confiança, garantindo que as parceiras sejam produtivas e benéficas”, orienta.  

Minucci enfatiza a necessidade de um treinamento em comunicação para empresários, destacando que, sem essa habilidade, o networking pode perder seu potencial. "Saber se expressar corretamente é crucial para fortalecer sua rede de contatos e criar oportunidades de crescimento". 


Conclusão, para André ao investir no desenvolvimento dessas habilidades, os empresários não apenas aumentam seus contatos, mas também o seu sucesso em um mercado bem concorrido. Como enfatiza, relacionar-se com as pessoas corretas e comunicar-se de maneira eficaz são passos fundamentais para resultar o potencial de sua empresa.



quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla 2024: "Nossa história: quem somos e o que fazemos"


De 21 a 28 de agosto será realizada a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla 2024, com o tema "Nossa história: quem somos e o que fazemos". O evento, organizado anualmente pela Apae Brasil, é de grande importância para refletirmos sobre as conquistas históricas e os desafios ainda enfrentados em nosso país na luta por uma sociedade mais inclusiva e equitativa.

"Precisamos garantir que todas as pessoas, independentemente de suas necessidades, tenham acesso a recursos e oportunidades que lhes permitam viver com dignidade”, ressalta o Defensor Público Federal André Naves, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social, ao lembrar que o tema da campanha este ano não apenas celebra as vitórias alcançadas nas sete décadas de atuação da Apae Brasil, mas também reitera o compromisso com a busca pela equidade.

Ao longo dos anos, a luta pelos direitos das pessoas com deficiência evoluiu da igualdade para a equidade. “Cada ser humano é único e, portanto, diferente dos demais. Entender a diferença entre igualdade e equidade é, portanto, fundamental para construirmos uma sociedade que realmente respeita a diversidade. A equidade reconhece que cada indivíduo tem necessidades diferentes e merecem um tratamento específico, de acordo com as suas particularidades, para assim poderem aproveitar as mesmas oportunidades”, explica o Defensor Público.

Durante esta semana, diversas atividades serão promovidas em todo o país a fim de sensibilizar a população e fortalecer a inclusão social.

"Nossa missão é assegurar que essas pessoas vivam com dignidade e respeito, e a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, da APAE, é fundamental para reforçarmos essa mensagem," completa Naves.


Agosto Dourado conscientiza sobre a importância da amamentação para o desenvolvimento dos bebês e sobre a doação de leite materno

 O aleitamento materno é essencial para fortalecer o sistema imunológico, proteger contra doenças e ajudar no desenvolvimento do sistema neurológico 

 

Nesse mês é celebrado o Agosto Dourado, que visa conscientizar a população sobre a importância do aleitamento materno, em uma campanha da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, a mobilização é determinada por meio da Lei n.º 13.345/2017. O aumento das metas de amamentação também faz parte da Agenda 2030 da ONU. A ginecologista e obstetra do Hospital Edmundo Vasconcelos, Luana Ariadne Ferreira, destaca qual é a importância de uma amamentação adequada e sobre a importância dessa campanha.

“A amamentação é essencial porque fornece todos os nutrientes que o bebê precisa para um desenvolvimento saudável. Além disso, ela cria um vínculo afetivo muito forte entre a mãe e o bebê. Então é importante conscientizarmos a população no modo geral sobre a importância da amamentação e incentivar essas mulheres dando conforto e apoio durante todo esse processo do aleitamento materno”, afirma ela.

O leite materno possui propriedades importantes como a presença de anticorpos e o fortalecimento do sistema imunológico, combatendo vírus e bactérias e ajudando a proteger o bebê contra infecções e doenças, além de contribuir para o desenvolvimento neurológico. Por isso, explica a médica, é primordial reforçar a importância do aleitamento durante toda a gestação e logo após o nascimento do bebê. “A recomendação da OMS é que a amamentação exclusiva deve acontecer até os seis meses. Após esse período, até os dois anos, a amamentação pode complementar a introdução dos primeiros alimentos. Mas isso pode variar conforme o desejo da mãe e a necessidade da criança e da mãe. O ideal é continuar a tentar amamentar por mais tempo”, ressalta.

A ginecologista explica que algumas mães podem sofrer algumas alterações e dificuldades com o aleitamento como dores, rachaduras, alterações de pega, mamilos planos e até mesmo dificuldades em relação à produção de leite. “É importante contar com a ajuda de um profissional de saúde, como uma consultora de amamentação, para ajudar a superar as dificuldades em relação ao aleitamento. Essas consultoras podem orientar em relação às técnicas para melhorar a pega, o que vai diminuir as rachaduras, diminuir a dor e melhorar a produção do leite. Há ainda cremes específicos que podem ajudar no alívio de sintomas de rachadura”, destaca a profissional.

Segundo ela, outra dificuldade poderá ser o leite empedrado. “Para aliviar esse leite empedrado a orientação é fazer compressas mornas, massagear suavemente o seio, amamentar e tirar um pouco do leite com a bombinha. Isso vai ajudar a desinchar e a diminuir esse leite empedrado. Caso isso persista, o ideal é procurar um profissional especializado”, aconselha.

A médica do Hospital Edmundo Vasconcelos diz que, assim que o desconforto passar, é importante focar na melhora da produção do leite, o que inclui contar com o descanso, o apoio emocional, manter baixos níveis de estresse, manter uma boa hidratação e alimentação equilibrada e manter uma amamentação frequente, de oito a 12 vezes ao dia. Ela ainda indica que, especialmente no caso de mães de primeira viagem, é muito importante criar uma rede de apoio com outras mães, buscar mais informações sobre a amamentação, além de buscar ajuda profissional quando necessário.


Doação de leite materno

Luana Ariadne explica que muitos bebês, especialmente os prematuros, não conseguem ser amamentados por suas mães por conta de várias razões médicas. Para esses casos, o leite materno pode ser doado e é vital para prevenir infecções, melhora o sistema e desenvolvimento neurológico e reduz a incidência de doenças graves.

“Poderá doar estão inclusas qualquer mãe que esteja amamentando e produza mais leite do que o seu bebê necessita. As doadoras precisam passar por uma triagem de saúde para garantir que o leite é seguro para os bebês receptores. Mesmo uma pequena quantidade de leite doado já é importante”, avalia.

A médica ainda oferece um último conselho em relação às doações de leite materno.

“A doação do leite materno é um ato de amor, solidariedade e generosidade que pode fazer uma grande diferença na vida de muitos bebês, especialmente naqueles que nasceram prematuros ou em condições médicas que dificultam a amamentação. Ao doar, as mães não só ajudam outros bebês a prosperar, mas também cria uma comunidade mais forte e solidária. Se você está em condições considere entrar em contato com um banco de leite mais próximo e faça a diferença na vida dessa pessoa”, finaliza.

 

Como aliviar os sintomas da sinusite?

 

Soluções hipertônicas e isotônicas podem auxiliar nos sintomas causados pela sinusite 


As baixas temperaturas trazem diversos problemas respiratórios, principalmente o agravamento de bronquites, rinites, resfriados e sinusites. O inverno, geralmente, tende a ser frio e seco, mas mesmo com termômetros acima do comum, as vias respiratórias ficam obstruídas e ressecadas. Quando isso acontece, as pessoas recorrem a meios de aliviar, limpar e umidificar as mucosas. 

O soro fisiológico costuma ser um grande aliado no combate ao ressecamento. Além disso, o uso de umidificadores e a inalação de soro fisiológico também podem ser eficazes para aliviar o problema. Segundo a Dra. Jackeline Barbosa, Vice-Presidente da área Médico-Científica da Herbarium, indústria farmacêutica líder e referência em Fitoterapia no Brasil, também existem opções de soluções nasais que podem auxiliam neste período. 

“As soluções isotônicas são as que apresentam as mesmas proporções de sais minerais daquelas presentes em alguns fluidos corporais. Ou seja, são líquidos que possuem uma quantidade fisiológica de água e cloreto de sódio em sua composição. Este tipo de produto pode ser utilizado em qualquer época do ano, pois é mais brando e ajuda a evitar irritações”, explica Dra. Jackeline. 

Por outro lado, as soluções hipertônicas apresentam mais cloreto de sódio do que água. O nome “hiper” significa “aumento”, então são geralmente mais utilizadas nos casos em que as narinas estão muito congestionadas e nos quadros respiratórios mais intensos. Quando os indivíduos apresentam sinusite e outras inflamações faciais, os produtos com maior concentração não servem apenas como descongestionantes, mas também como fluidificantes e umidificantes. 

“É importante lembrar que qualquer quadro sintomático que demore a passar requer um diagnóstico e um tratamento adequado. Soluções isotônicas ou hipertônicas podem auxiliar na diminuição dos sintomas e no aumento da qualidade de vida; no entanto é fundamental ressaltar a importância de procurar orientação médica para obter um diagnóstico e tratamento adequados”, conclui a médica.



Herbarium
www.herbarium.com.br
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Epidemia da Obesidade atinge 1 a cada 4 pessoas no Brasil

Estudo apresentado no Congresso Internacional sobre Obesidade (ICO) 2024 afirma que 130 milhões de brasileiros deverão estar acima do peso em 2044. Profissional do Hospital Santa Catarina - Paulista explica sobre os riscos da doença e possíveis tratamentos.

 

De acordo com monitoramento do Ministério da Saúde, 1 a cada 4 pessoas vive com obesidade no Brasil, a doença já atinge mais de 1 bilhão de pessoas no mundo. O sobrepeso e a obesidade entre os adultos no Brasil têm crescido de forma acelerada ao longo dos anos. A porcentagem de adultos obesos quase dobrou entre 2006 e 2019, alcançando 20% da população.

Os hábitos alimentares dos brasileiros passaram por uma transformação significativa, com a substituição de alimentos frescos e naturais por produtos ultraprocessados, ricos em açúcares e gorduras. A praticidade e a acessibilidade desses alimentos processados, especialmente nas grandes cidades, facilitaram essa mudança. Paralelamente, o sedentarismo tornou-se prevalente. O uso crescente de tecnologias, como tablets e smartphones, têm substituído atividades físicas, especialmente entre crianças, que agora preferem jogos eletrônicos a brincadeiras ao ar livre.
 

Risco maior de morte súbita

"A obesidade é uma doença crônica que encurta tanto a expectativa quanto a qualidade de vida, sendo um fator de risco para várias doenças graves. Entre as principais complicações estão hipertensão, diabetes, colesterol alto, apneia do sono, refluxo gastroesofágico, e doenças hepáticas. Pessoas obesas têm uma chance 20 vezes maior de morte súbita, que pode resultar de AVC ou infarto. Problemas ortopédicos, devido ao peso excessivo, são comuns e contribuem para a diminuição da qualidade de vida. Em resumo, a obesidade não só reduz a longevidade, mas também degrada a qualidade de vida”, declara Dr. José Luis Lopes Corrêa, médico especializado em cirurgia bariátrica e metabólica do Hospital Santa Catarina - Paulista. 

Dr. José Luis Lopes Corrêa também destaca a importância da pessoa com obesidade procurar ajuda o quanto antes. “A cirurgia bariátrica não é a única forma de combater a obesidade. Quanto antes o paciente buscar ajuda, com a ajuda multidisciplinar de vários médicos, como profissionais nas áreas de endocrinologia, cardiologia, cirurgia bariátrica, psicologia e nutrição, o paciente irá conseguir conquistar o objetivo de emagrecer com saúde e de forma correta”, informa o médico que também faz parte do Núcleo de Obesidade, do Hospital Santa Catarina - Paulista, que reúne especialistas de diversas áreas para proporcionar um atendimento integrado e eficiente. 

Para a prevenção da obesidade desde cedo entre crianças e adolescentes, recomenda-se uma abordagem multifacetada que inclua educação nutricional, promoção de atividade física, controle da publicidade de alimentos não saudáveis e melhoria na oferta de alimentos saudáveis nas escolas. A atividade física deve ser incentivada desde cedo, com programas escolares e comunitários. Além disso, é fundamental limitar a publicidade de alimentos não saudáveis voltada para crianças e garantir que as escolas ofereçam merendas saudáveis.
 

Cirurgia bariátrica: ainda pouco utilizada entre pacientes elegíveis

Atualmente, os tratamentos para obesidade no Brasil incluem medicamentos, mudanças nos hábitos alimentares e atividade física, além da cirurgia bariátrica. Medicamentos como Ozempic e Mounjaro, que atuam nos hormônios GIP e GLP-1, são promissores, mas ainda não resolvem todos os aspectos da obesidade. A cirurgia bariátrica, recomendada para pacientes com índice de massa corpórea (IMC) superior a 40 ou acima de 35 com comorbidades, tem se mostrado eficaz, mas é subutilizada, com menos de 2% dos pacientes elegíveis sendo operados devido à falta de informação da população. Pacientes que não conseguiram perder peso ou mantê-lo através de métodos convencionais, como dieta e exercícios, também podem ser candidatos. 

Em 2022, o Brasil registrou 74.738 cirurgias bariátricas, um aumento de 22,9% em relação a 2019, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). Os planos de saúde realizaram 65.256 desses procedimentos, enquanto o Sistema Único de Saúde (SUS) fez apenas 5.923 cirurgias, representando uma queda de 54,8% em comparação com 2019, quando o SUS atendeu 12.568 pacientes. 

“A busca por tratamentos como a cirurgia bariátrica aumentou, especialmente durante a pandemia de COVID-19. A obesidade, sendo uma condição inflamatória, aumentou os riscos associados ao COVID-19, levando mais pessoas a procurar a cirurgia como uma solução eficaz para a obesidade severa e suas complicações. A obesidade é uma doença crônica e, mesmo após a cirurgia bariátrica, há riscos de recaída. O sucesso a longo prazo depende de um acompanhamento contínuo, manutenção de hábitos alimentares saudáveis e prática regular de atividade física. Consultas regulares com o cirurgião bariátrico e outros profissionais de saúde são essenciais para monitorar e ajustar o tratamento conforme necessário”, explica o médico. 

A cirurgia bariátrica, atualmente, utiliza técnicas avançadas que garantem uma perda de peso significativa e duradoura. Entre os procedimentos mais indicados estão o bypass gástrico e a gastrectomia vertical (sleeve). O bypass gástrico, que redireciona parte do sistema digestivo, reduz a absorção de nutrientes e a ingestão de alimentos, enquanto a gastrectomia vertical remove uma grande porção do estômago, limitando a quantidade de comida que pode ser ingerida. Ambos os métodos são reconhecidos por sua eficácia na luta contra a obesidade, principalmente em pacientes que não conseguiram resultados satisfatórios com métodos convencionais de emagrecimento. 

Além de sua eficácia, a cirurgia bariátrica tornou-se menos invasiva ao longo dos anos, graças ao avanço das técnicas laparoscópicas, que permitem a realização de pequenas incisões. Essa abordagem reduz o tempo de cirurgia, que geralmente varia entre 1 a 3 horas, e também diminui o período de internação, com os pacientes ficando, em média, de 1 a 3 dias no hospital para monitoramento.
 

Hospital Santa Catarina - Paulista


CADA CRIANÇA É ÚNICA, MAS TODAS PRECISAM ALCANÇAR OS MESMOS MARCOS EM CADA FASE DO DESENVOLVIMENTO


Atrasos significativos no que tange a evolução infantil é um sinal de alerta para síndromes e transtornos neurológicos


A notícia de uma gravidez, seja ela programada ou não, por si só já assusta os futuros papais que começam a refletir acerca dos dilemas do início da gestação e seguem por muitos e muitos anos. Os medos relacionados a formação do feto, a insegurança na hora de definir a via de parto e a evolução da criança costumam assombrar os papais que precisam aprender a conviver com cada etapa. E com isso, é importante começar a estudar tudo o que envolve não apenas o gestar, mas também amamentar, cuidar e o desenvolvimento das crianças. 

Para o neurocirurgião pediátrico, Dr. André Ceballos “quanto mais bem informado os pais estiverem, melhor será o desenvolvimento daquela criança. Existem momentos específicos para que cada bebê faça determinado movimento e ao conhecer e acompanhar cada um destes marcos, melhor será a evolução daquele ser no que tange a parte motora, social e psicológica”. 

Embora muitas pessoas ainda possuam uma compreensão limitada de certos diagnósticos e possam ter percepções equivocadas, a identificação precoce é extremamente importante. “Afinal, é o olhar dos pais somado ao conhecimento técnico do médico que irá ajudar a identificar atrasos no desenvolvimento. Além do que, são as intervenções precoces, individualizadas e consistentes que contribuem para uma boa convivência com síndromes e transtornos neurológicos ao longo da vida” - ´pontua Dr. André Ceballos. 

Além dos mais comuns e altamente diagnosticados como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), do Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), existem outras condições neurológicas e síndromes que afetam o desenvolvimento infantil e são relativamente comuns, mas recebem menos atenção, como: transtorno de Aprendizagem, Dislexia, Discalculia, Disgrafia – que refletem diretamente na vida escolar da criança. Além destes, o Transtorno de Processamento Sensorial (TPS), Transtorno de Oposição Desafiante (TOD), Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), Fobias e Síndrome de Tourette, por exemplo, podem passar despercebidos, mas afetam significativamente o desenvolvimento infantil. “O diagnóstico precoce e a intervenção adequada são essenciais para ajudar as crianças a superarem os desafios e levar uma vida plena e saudável” – pontua. 

Quando questionado acerca do crescente número de diagnóstico de pessoas com o espectro autista (principalmente na vida adulta), Ceballos reforça que é um marco importante para a medicina, mas que qualquer transtorno deve ser identificado ainda na primeira infância, de modo a facilitar não apenas o tratamento, mas principalmente a vida daquela criança que passa a receber os cuidados necessários para uma melhor qualidade de vida. “Ainda existe muito preconceito e uma tendência de se buscar rótulos para comportamentos infantis. Esse fenômeno destaca a importância de um diagnóstico cuidadoso e baseado em critérios científicos para garantir que as crianças recebam o apoio necessário, sem exagerar no uso de rótulos ou diagnósticos que podem não refletir plenamente a condição” – finaliza Dr. André Ceballos que batalha para a criação de políticas públicas que beneficiem especialmente as populações mais vulneráveis.

 

Dr. André Ceballos - Médico neurocirurgião, Ceballos atua como Diretor técnico do Hospital São Francisco, referência no diagnóstico e tratamento de crianças com transtornos do desenvolvimento. O médico tem como missão identificar precocemente condições que possam comprometer o pleno desenvolvimento das crianças, oferecendo intervenções terapêuticas baseadas nas melhores evidências científicas. A atuação do Dr. Ceballos vai além do atendimento clínico e da gestão hospitalar e reconhecendo a importância da informação e da educação para a saúde pública, se dedica a projetos de divulgação e conscientização sobre os marcos do desenvolvimento infantil, com o objetivo de influenciar políticas públicas que beneficiem especialmente as populações mais vulneráveis. Saiba mais em: Link

 

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