No mês de conscientização da doença,
que tem como principal causa o HPV, é preciso combater a desinformação.
Especialista comenta informações relevantes sobre o tema
Câncer do colo do útero é assunto
sério, mas a boa notícia é que ele pode ser evitado quando alguns cuidados são
colocados em prática, como a vacinação de meninas entre 9 e 14 anos e meninos
entre 11 a 14 anos contra o HPV - doença que ocorre em quase 99% dos casos por
causa do Papilomavírus Humano.
Segundo dados do Instituto Nacional de
Câncer (INCA) é estimado que durante o triênio 2020/2022 hajam 16.590 casos de
câncer do colo do útero no Brasil ao ano. De acordo com a Dra. Larissa Gomes,
oncologista da Oncoclínicas São Paulo, as lesões pré malignas podem ser
diagnosticadas precocemente evitando o aumento dos casos de neoplasia em si.
"O câncer do colo do útero é o
terceiro tipo de câncer que mais afeta as mulheres no Brasil, em algumas
regiões chega a ser o segundo. O exame Papanicolau, por exemplo, é uma maneira
de identificar as lesões pré-malignas antecipadamente. O diagnóstico precoce é
fundamental para que possamos agir o mais rápido possível para evitar o
diagnóstico em estágios mais avançados.", comenta.
Mas, mesmo com as mais diversas
informações sobre a doença, é preciso ficar de olho quanto às fake news, que
podem atrapalhar no entendimento do câncer do colo do útero e influenciar
negativamente no diagnóstico precoce. Abaixo, a Dra. Larissa Gomes lista quais
são os principais mitos e verdades sobre o tema:
Qualquer mulher
ativa sexualmente pode ter HPV
Verdade. Qualquer mulher que tiver
relações sexuais pode ser exposta ao vírus. Apesar do HPV ser um vírus autolimitado
- no qual a infecção é resolvida até os 30 anos - é estimado que 8 em cada 10
mulheres tenham contato com o vírus alguma vez em suas vidas, porém a grande
maioria devido a sua imunidade consegue combater a infecção sem desenvolver uma
doença ou lesão.
O câncer do colo
do útero não é prevenível
Mito! O câncer do colo do útero é uma
doença que pode ser prevenida através do rastreamento e diagnóstico precoce com
a rotina ginecológica/Papanicolau ou através da vacinação contra o
papilomavírus humano - HPV, protegendo assim contra os seus subtipos de alto
risco (16 e 18).
Toda mulher com
HPV terá câncer do colo do útero
Mito! Pelo HPV promover uma infecção
autolimitada, menos de 10% das mulheres irão desenvolver de fato o câncer do
colo do útero. Aquelas pacientes que apresentam algum grau de comprometimento
de sua imunidade como, portadoras do HIV, transplantadas ou sob tratamento que
afetam a sua defesa podem facilitar a reprodução do vírus. Por isso, mais uma
vez, a vacinação contra o HPV se faz essencial.
O Papanicolau é
uma maneira de identificar o câncer do colo do útero
Verdade. O exame, realizado dos 25 aos
64 anos de idade (anualmente e depois a cada três anos) é uma maneira de
identificar lesões pré-malignas ou de realizar um diagnóstico precoce, ou seja,
em estádio inicial. É importante ressaltar que a rotina ginecológica deve ser
realizada mesmo se a mulher já for vacinada.
Os sinais da
doença podem demorar para aparecer
Verdade. Na maioria dos casos, o câncer
do colo do útero é assintomático, mas pode ser possível notar dor na relação
sexual, sangramento ou, ainda, secreção vaginal com odor, quantidade ou aspecto
diferente do usual. Quando a doença está avançada, a paciente pode apresentar
dores mais intensas em região pélvica, alterações urinárias ou intestinais,
perda de peso não justificada ou dores nas pernas e costas, ou cansaço extremo
relacionado a perda sanguínea (anemia).
Usar preservativos
impede a transmissão do HPV
Mito. O vírus pode ser transmitido
através de outras regiões da genitália, uma vez que também estão expostas
durante a relação sexual. É estimado que a camisinha consiga proteger em até
70% o contágio do HPV. Além disso, vale ressaltar que o uso de preservativos
pode evitar outras doenças sexualmente transmissíveis, por isso seu uso é
fundamental. A vacinação contra o HPV é capaz de proteger contra lesões pré
malignas e neoplasias de colo uterino, vulva, vagina, ânus e cabeça e pescoço.
Mulheres jovens não
precisam se preocupar com o câncer do colo do útero
Mito! Apesar da maioria dos casos
ocorrer após os 40 anos, é importante ressaltar que ele pode acontecer em
qualquer idade e por este motivo, é recomendado que se faça o exame do
Papanicolau a partir dos 25 anos ou quando a mulher começa a ter relações
sexuais. Devido a falta de aderência a vacinação e aos exames ginecológicos de
rotina, vemos um aumento dos casos em paciente jovens, o que mais uma vez nos
mostra que a prevenção é fundamental desde cedo.
Sangramento
durante a menopausa pode ser um sintoma de câncer do colo do útero
Verdade. O sintoma deve ser avaliado
por um especialista, pois pode ter outras causas relacionadas, sendo o câncer
do colo do útero uma delas.
Quem toma a vacina
contra HPV não precisa usar camisinha
Mito! A vacina contra o HPV não protege
contra os mais de 150 subtipos do vírus, mas previne contra os tipos 16 e 18,
que causam mais de 70% dos casos de câncer do colo do útero. É fundamental
utilizar preservativos para evitar não só o HPV, mas também outras doenças
sexualmente transmissíveis, além da realização periódica de exames preventivos.
Menos de 10% das
mulheres infectadas pelo HPV podem desenvolver câncer do colo do útero
Verdade. Apesar do HPV nem sempre evoluir
para o câncer do colo do útero, é fundamental marcar consultas periodicamente
com o ginecologista para acompanhamento. Por isso, é importante ter atenção e
cautela.