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quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Para onde vão os livros e cadernos das crianças?




 Helena Giotto
Diego Wladyka


Preocupados com a sustentabilidade, alunos do Colégio Positivo dão destino nobre a livros didáticos usados durante o ano


“Como nossa escola pode reduzir o impacto ambiental?”. Foi essa frase escrita em um mural do Colégio Positivo Internacional, em Curitiba (PR), há três anos, que fez com que a pequena Helena Giotto, então com 9 anos de idade, pensasse em uma forma de ajudar o meio ambiente e desse os primeiros passos para que a escola implantasse a chamada logística reversa, uma solução para o material didático de seus alunos após o uso. 

“Depois de ler a frase, fiquei pensando no que fazer. Daí, vi que havia uma pilha de livros didáticos usados, cheios de informações pessoais, já preenchidos, e imaginei que seria muito legal reciclá-los. Falei para meus pais, e eles me ajudaram a criar uma apresentação no Powerpoint, para que levasse o projeto até a escola”, conta Helena, hoje com 12 anos, estudante do 7° ano do Ensino Fundamental. A exposição foi um sucesso e o Colégio resolveu aprimorar a ideia. Agora, três anos depois, o projeto, que prevê a reciclagem dos livros didáticos usados durante o ano letivo, enfim foi concretizado. 

“De fato, era uma demanda ter uma solução para o descarte do material. Desde 2014, temos adotado condutas para diminuir o impacto das nossas ações no meio ambiente. Nesse sentido, vemos que a gestão da coleta dos resíduos é essencial”, ressalta a supervisora de Qualidade e Meio Ambiente do Grupo Positivo, Andréa Luiza Arantes.


Como funciona o projeto? 

O Grupo Positivo é responsável pela concepção, produção e impressão de milhares de livros didáticos por meio da Posigraf, Editora Positivo e Colégio Positivo. Atualmente, mais de 800 mil alunos de escolas públicas e particulares, do Brasil e do Japão, utilizam o material didático produzido pela marca. Agora, com o nascimento do projeto Logística Reversa Positivo, o grupo será responsável, também, pelo destino final desses livros, fechando com muita responsabilidade essa cadeia.

O projeto piloto começou com o Colégio Positivo Júnior, Colégio Positivo – Jardim Ambiental e Colégio Positivo – Ângelo Sampaio, todos em Curitiba. Os alunos dessas unidades podem descartar livros, cadernos e outros materiais de papel usados durante o ano em caixas coletoras específicas para esse fim.

Todo o material coletado é encaminhado para o processo de reciclagem, virando matéria-prima que será vendida para a fabricação de outros produtos. A receita arrecadada com a comercialização será dividida entre os colégios participantes, conforme a arrecadação de cada um. Os alunos de cada unidade ajudarão a decidir o que será feito com a verba destinada ao seu colégio. Com o auxílio do Instituto Positivo, as escolas deverão desenvolver projetos voltados às questões sociais e ambientais. 

Em 2019, o Positivo pretende estender o projeto para todas as unidades. Enquanto a Helena espera que a ideia sirva de inspiração para outras escolas do país. 


Desafios e oportunidades de pais e educadores para ajudar as novas gerações a desenvolverem a concentração


A capacidade de concentração dos seres humanos está diminuindo a cada geração. Uma pesquisa da Microsoft Corp conduzida no Canadá, em 2015, com 2 mil pessoas indicou que a tecnologia nos deixou com uma atenção mais curta que a de um peixinho dourado. Para monitorar a atividade cerebral, o estudo, que foi publicado pela revista Time, também fez eletroencefalogramas em 112 voluntários e detectou que a concentração sofreu impactos significativos pelo uso de dispositivos portáteis e das mídias digitais. Em 2000, a atenção era de 12 segundos, em média; em 2013 caiu para oito segundos – um segundo atrás da média dos tais peixinhos dourados. Além de detectar o problema, os cientistas passaram a estudar como treinar os distraídos para auxiliá-los a se focar em tarefas; a expandir a atenção. Esse treinamento é essencial para entendermos quais os desafios que enfrentamos e as oportunidades para educar e preparar os jovens das gerações Millenniale Z para o futuro.

A geração Millennial surgiu em um momento de melhoria da economia mundial, da forte expansão urbana e do avanço da tecnologia. Nascidos em meados da década de 1980 até 1990, esses jovens viveram com mais intensidade a transição de um mundo com acesso limitado à informação para o conhecimento a poucos cliques de distância. A geração Z, em contrapartida, é a primeira que cresceu em um mundo dominado pela internet; são fluentes em tecnologia.

 Classificados como True Gen, a geração da verdade, nasceram entre 1995 e 2010; e reconhecem no não binarismo – que não resume a existência em dois gêneros normativos da sociedade, como a cultura eurocêntrica – a chave de uma boa vida. Pais, avós e educadores têm debatido formas de lidar com as particularidades dessas duas gerações e, nesse processo, muitos carregam a mão nos pontos dissonantes. Entretanto, como qualquer outra, essa geração tem muito a nos ensinar e a contribuir com o mundo. Cabe a nós, enxergar como construir um diálogo eloquente que supere os desafios e que acolha os benefícios trazidos pela tecnologia, sobretudo com um viés de intencionalidade pedagógica.

Como pesquisador de Educação, defendo que a tecnologia empregada na Educação deve estar próxima da linguagem do estudante, gerando identificação e motivação – ao mesmo tempo que combate a distração e falta de foco. A escola e a família precisam ensinar os jovens a lidar com as oportunidades, os riscos e os desafios de estarem conectados. Quando penso no desafio da motivação do aluno, enxergo a tecnologia como uma aliada. No Brasil, de acordo com a PNAD, 50% dos jovens brasileiros não conseguem concluir o Ensino Médio até os 19 anos. A necessidade de trabalhar, que pode vir à mente como principal fator da evasão escolar, não é o primeiro motivo: 40% dos jovens que abandonaram os estudos apontam o desinteresse – de acordo com a pesquisa da Fundação Getulio Vargas. E a tecnologia pode ajudar a tornar o ensino mais interessante para os jovens. Entretanto, vejo que a inserção da tecnologia na educação não se limita a deixar o conteúdo mais atrativo para o jovem; ela permite também que os professores conheçam as necessidades de cada aluno em tempo real, de forma personalizada; e possam ajudar os alunos antes que fiquem desmotivados e que desistam por não estarem aprendendo.

Os avanços tecnológicos são exponenciais. Hoje, o desafio é direcionar esses avanços para levarmos a educação a um novo patamar e para combater esse desafio de concentração. Não se trata de automatização, mas da possibilidade inovadora de personalizar, canalizar o tempo dos educadores e gestores para o que realmente importa e utilizar os recursos e metodologias capazes de apoiar uma educação coerente com as necessidades dos nossos alunos, auxiliando-os a lidarem com o impacto da tecnologia na atenção. Na sala de aula, os ganhos do uso da tecnologia são indiscutíveis: ajuda a individualizar o aprendizado, auxilia professores no planejamento de aulas e habilita os alunos com as capacidades digitais. As tecnologias digitais também trazem benefícios quando voltadas aos professores. Um computador nas mãos dos professores, por exemplo, elevou a notas no PISA em 2,7 pontos.

É claro que as gerações Millenniale Z sofreram diretamente os efeitos colaterais da tecnologia na atenção. Embora esse impacto seja motivo de preocupação – sobretudo em um cenário de um futuro incerto, no qual os jovens terão que resolver problemas que ainda não existem, usando tecnologias que não foram inventadas – também representa oportunidade para repensarmos o modelo educacional. Nesse contexto, educadores e pais têm que ajudar os jovens a desenvolver o hábito de estudar e aprender a vida toda, o chamado life long learning. Por ter que se atualizar com mais frequência – porque atualmente o conhecimento é criado muito mais rápido do que há décadas –, isso torna essenciais o desenvolvimento de habilidades como se concentrar, priorizar e aprofundar; capacidades que são importantes não apenas para o mundo do trabalho, mas para o aprendizado como um todo.

Se os nossos jovens não desenvolverem a habilidade da concentração isso será muito prejudicial para o futuro deles. Qualquer que seja a profissão e a atividade que escolherem, sempre precisarão de concentração para ter sucesso; para se dedicarem. Isso porque se concentrar tem a ver com definir prioridades; fazer escolhas; organizar o tempo – um conjunto de habilidades que são importantes para qualquer carreira. E acredito que pais e educadores têm papel principal nesse desenvolvimento. Esses pesquisadores canadenses dizem que os nossos cérebros podem estar se adaptando à novas tecnologias; que a atenção mais curta é uma resposta dessa adaptação, ou seja, um efeito colateral normal.

Uma reflexão que tenho feito – como pai de quatro crianças e profissional, liderando uma equipe multigeracional na Geekie, que também conta com muitos jovens – é que a ênfase em ser multitarefas (multitasking) está diretamente associada à dificuldade de manter o foco. Essa lógica de fazer muitas coisas ao mesmo tempo, reforçada pelo uso de dispositivos móveis, dificulta o desenvolvimento da habilidade da atenção, sobretudo em crianças muito ativas em mídias sociais; o cérebro precisa se reorganizar a cada mudança de atividade – o que ocorre sem que o ser humano se dê conta do processo. Em casa, tento desmistificar esse hábito erroneamente valorizado; defendo que para fazer bem uma coisa, envolve escolhas. Para ter profundidade em algo e ser eficaz de fato, aprender a renunciar é essencial.

Tenho experimentado algumas táticas para ajudar meus filhos na concentração. A primeira é ajudá-los a focar e estabelecer limites nas atividades do momento: se estão fazendo lição de casa, a atividade deve ter começo, meio e fim; começar e terminar antes de se envolver em outra iniciativa. A segunda passa pelo exemplo. Nós, pais, temos que viver o que pregamos. Parece simples, né?! Mas, quando estamos conversando com alguém e paramos a conversa para consultar o celular, estamos agindo de forma incoerente com o discurso feito. Temos, também, que começar e terminar uma tarefa. São esses detalhes do dia a dia que precisamos prestar a atenção. Os filhos fazem o que fazemos – não o que falamos. A terceira dica é pedir para que os filhos expliquem o que fizeram ao concluir uma tarefa; dividir, compartilhar e explicar, desafia as crianças e jovens a pensarem com mais profundidade no que fizeram. Vale ressaltar que essa elaboração não precisa ser imediata, até porque refletir sobre o que foi feito é importante. Por último, encorajá-los a pensar sobre a importância de exercitar a concentração. 

Ah... sobre os pesquisadores canadenses, eles me deram uma boa notícia. A geração que adotou as tecnologias mais cedo na vida ou de forma mais constante – True Gen, por exemplo – aprende com o tempo a permitir que grandes quantidades de informação sejam processadas antes de mudar o foco de atenção para outra atividade. Nesse caso, o nível alto de concentração aumenta em picos.Nessa seara, são melhores que gerações anteriores no processo de identificar temas com os quais querem ou não envolvimento. Na prática, precisam de menos tempo para processar e alocar informações na memória.






Claudio Sassaki - mestre em Educação pela Stanford University e cofundador da Geekie, empresa referência em educação com apoio de inovação no Brasil e no mundo.  


As melhores instituições para se estudar negócios no Canadá


O Canadá é um dos países mais reconhecidos e respeitados no quesito educação superior e, por isso, é um dos mais cobiçados, especialmente por brasileiros. 

E para quem é da área ou pretende ingressar em Negócios, o país possui 6 instituições considerada as melhores. Confira neste infográfico do eTA Canadá Visa.



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