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terça-feira, 21 de agosto de 2018

As três fases da greve dos caminhoneiros e o preço dos combustíveis



A paralisação dos transportadores de cargas rodoviárias por duas semanas está custando caro à economia brasileira. Não vamos entrar no mérito da greve, que sim, teve fortes motivos para ser desencadeada - vamos falar apenas do cenário que ela estabeleceu no país, que podemos dividir em três fases.

A primeira delas foi a crise: as duas semanas do mês de maio foram as que impactaram diretamente toda a sociedade. A economia foi surpreendida pela estagnação quase total da logística. E interromper esse fluxo significa que a produção não sai e não chega a lugar nenhum. Não demorou faltar combustíveis, alimentos perecíveis e insumos de todas as naturezas. Não precisamos nos alongar para explicar os danos, uma vez que todos vivemos intensamente esse período.

A segunda fase foi o choque: classificamos o mês de junho como o primeiro abatimento pós-greve. A sociedade percebeu que não bastava a liberação das estradas para que tudo fosse normalizado. Os alimentos continuaram com preços elevados e se criou um bastidor de prejuízos que ainda não poderiam ser dimensionados. Muito mais que apenas o tempo perdido, muitos produtos deixaram de ser produzidos e, consequentemente, deixaram de ser vendidos no mês de junho. Podemos dizer que junho foi o mês para olhar para a destruição deixada pela greve.

A terceira fase chamamos de impacto: a mais longa - entendemos que se estenderá até o mês de setembro. Até lá, não será possível olhar para os resultados e índices econômicos sem considerar a paralisação de maio. Acreditamos que será o tempo necessário para que a economia se desvencilhe dos efeitos pós greve. Após esse período, a produção será normalizada, os insumos deverão voltar aos preços de equilíbrio e será possível ter um cenário econômico menos atribulado.

E quais as consequências disso tudo no preço dos combustíveis? Muitas pessoas acreditam que o aumento nas bombas se deve à greve dos caminhoneiros ou aos postos – revendedores varejistas que estão na ponta final do processo. Na verdade, esse descontrole nos preços teve início em julho do ano passado e se deve a uma combinação de três fatores: o aumento da carga tributária, a mudança de política de preços da Petrobrás e os repasses das distribuidoras.

O primeiro está relacionado diretamente às alíquotas de PIS e Cofins, que tiveram aumento no segundo semestre de 2017 e trouxeram como resultado a elevação imediata de R$ 0,41 na gasolina. Com esse acréscimo, aumentou também o ICMS, uma vez que o imposto incide em 29% do preço médio. 

Quanto mais caro o combustível, mais caro é o imposto. Hoje, 45% do valor que o consumidor paga na bomba vai para os cofres públicos por meio de impostos.

A segunda ação que desencadeou sucessivos aumentos, também no início do segundo semestre do ano passado, foi a mudança da política de preços da Petrobras. A estatal passou a alterar os valores diariamente, baseada nos preços internacionais do barril de petróleo e na variação no preço do dólar. E, por fim, as constantes mudanças de preços dos combustíveis praticados pela Petrobras às distribuidoras. Tendo como base a data de 03/07/2017, a política de preços fez com a gasolina subisse 50% e o diesel 37%, até agosto de 2018. O diesel só não subiu mais em virtude dos termos do acordo entre os caminhoneiros e o governo.





Lucas Lautert Dezordi - doutor em Economia, sócio da Valuup Consultoria e professor titular da Universidade Positivo (UP).


SAIBA TRANSFORMAR CONFLITOS EMPRESARIAIS EM OPORTUNIDADES


Este tempo de transição nos têm obrigado a rever nosso modelo de relação com o mundo, com as pessoas e conosco. Somos provocados diariamente a reconsiderar uma certa forma linear de pensamento para uma abordagem sistêmica e complexa de lidar com as situações mais rotineiras.

Nas organizações, os tempos parecem ainda mais desafiadores. Um ambiente de incertezas, ambiguidade e complexidade, no qual temos que lidar com um alto nível de estresse cotidiano, numa busca frenética pelo atingimento de mais resultados no menor tempo possível.

Esse cenário contribui imensamente para uma incapacidade de relacionamentos conectados e autênticos. Nesta emergência, na qual parece não haver mais o tempo da Presença, da Reflexão, do Diálogo ou da Empatia, nos perdemos em nossos sentimentos, nas expectativas, nos julgamentos, nas necessidades, percepções e ações.

Vivemos ainda hipnotizados pela tecnologia, que nos permite estar em vários lugares ao mesmo tempo. Tudo é muito rápido, com distanciamento, individualismo, superficialidade nas relações e ilusão de que somos separados uns dos outros. Enfim, são muitos os fatores que provocam relações conflituosas.


Personificamos os conflitos” e “coisificamos” as pessoas

O conflito está presente nas relações humanas, é natural e pode ser compreendido como positivo ou negativo, de acordo com cada experiência. Os aspectos negativos do conflito são bastante conhecidos para todos nós e tomam corpo efetivamente quando o espírito da competição supera o da cooperação, transformando os personagens do conflito em adversários e inimigos.


Personificamos os conflitos e “coisificamos as pessoas” quando mergulhamos nas polaridades, aumentando o grau de agressividade e violência. Seja por vaidade, interesses pessoais, agendas ocultas, ignorância, percepções equivocadas, cristalização dos pontos de vista, falta de contato com nossas próprias necessidades e sentimentos ou, ainda, ausência de empatia, gerando uma grande desconexão entre as pessoas.

Entretanto, também é possível experimentar o conflito como uma experiência positiva e transformadora, na qual liberamos poderosas energias criadoras que podem ser convertidas em diferentes resultados e gerar oportunidades nas organizações.


O conflito gerando oportunidades nas organizações

Em uma organização que necessita do trabalho coletivo para o atingimento de objetivos comuns, a abordagem positiva de conflitos oportuniza diálogos mais abertos e autênticos. Considera a ambiguidade, a complexidade a volatilidade, as incertezas e as múltiplas inteligências.

O conflito é vivenciado como uma janela de oportunidade para um pensar mais avançado. Convida a decisões mais compartilhadas e inclusivas. Com isto, promove a busca criativa por soluções mais abrangentes. Uma cultura que acolhe o conflito como uma possibilidade de aprender promove relações de confiança e maturidade.

Em uma de suas obras, o economista Friedrich Glasl afirmou que somente quando as pessoas forem hábeis em conflitos, conseguirão trabalhar construtivamente com diferenças, atritos e tensões. Ele aponta as seguintes habilidades como imprescindíveis para uma convivência positiva com conflitos:

1 - Perceber claramente, o quanto antes, fenômenos de conflito em si mesmo e nos arredores (observar-se e observar o outro com curiosidade, suspendendo julgamentos)

2- Entender os mecanismos que ajudam a intensificar os conflitos e conduzem ao envolvimento (arrebatamento)

3- Saber utilizar métodos para expressar os próprios objetivos (cuidando para não piorar a situação)

4- Conhecer caminhos e saber utilizar métodos que ajudem a esclarecer pontos de vista e situações (compreendendo as várias facetas, inclusive as emocionais)

5- Reconhecer bem os limites do próprio conhecimento e da aptidão, percebendo quando será necessário buscar ajuda externa.

O potencial transformador e positivo do conflito passa por sua desmistificação. Por refletirmos amplamente sobre suas causas e efeitos, exercitarmos a suspensão de julgamentos, compreendendo pontos de vista diferentes.
Passa por mudar a visão do outro como um adversário para um parceiro de conflitos. Por aprender a dialogar. Por ouvir mais e falar menos. Por investigar mais e responder menos. Pelo autoconhecimento.

Passa, enfim, por “abrirmos mão, pelo menos, temporariamente das nossas flechas envenenadas”, e conversarmos, conversarmos, conversarmos... Curiosos por buscar um ponto de solução e reconciliação para as relações que seguem na organização.





Ana Paula Peron - Coach Executivo e Empresarial, e Conselheira da ABRACEM (Associação Brasileira de Coaching Executivo e Empresarial)


Indústria 4.0: o que podemos esperar?


Enquanto o Brasil caminha a passos lentos dentro da chamada quarta revolução industrial (ou indústria 4.0), do Japão já surge um novo conceito absolutamente revolucionário de Sociedade 5.0 – que passa pela compreensão de que tudo no futuro estará conectado. A sociedade terá que se adaptar a essa realidade para sobreviver. Estamos falando aqui em um futuro em que as entregas serão feitas por drones e os caminhões autônomos serão realidade, entre outros. 

Mas, para voltarmos à nossa realidade, o que temos neste momento é uma indústria 4.0, que vem ganhando força nos últimos anos e, de certo modo, contribuindo para o avanço dos sistemas industriais de produção com a implementação de uma tecnologia mais inteligente e colaborativa. 

Até chegarmos aqui, passamos por importantes transformações históricas que dependeram basicamente de inovações e tecnologia. A revolução industrial massificou a produção com a adoção de máquinas em substituição à produção manual. Então vieram a eletricidade e novas fontes de energia que impactaram principalmente em novas formas de produção. A terceira, a qual ainda vivemos, ganhou destaque com os avanços tecnológico, em especial, com a chegada da inteligência artificial.  

Hoje vivemos uma era de velocidade, agilidade na informação e a inovação sem precedentes. Centrados nesta nova realidade, modelos de negócios da indústria 4.0 atribuem grande importância à criação de valor a partir de big data e colocam os clientes em foco, com a utilização de todas as ferramentas e recursos para potencializar os resultados, vencer a concorrência, ganhar mercado e otimizar resultados. 

Recentemente a Fiesp divulgou uma pesquisa que mostrou o grau de conhecimento das empresas industriais sobre o tema Indústria 4.0. Entre as 222 corporações entrevistadas, 154 (68%) já ouviram falar no termo e 90% acreditam que estas práticas podem aumentar a produtividade industrial. Além disso, 90% afirmam que a novidade é uma oportunidade, e não um risco. Ótimo resultado. Mas, como de fato “ouvir falar” ou “acreditar” está muito aquém de “realizar”. Afinal o que falta para colocar em prática?

A adoção de tecnologias na Indústria 4.0 pode trazer benefícios nas mais variadas áreas dentro de uma indústria, passando pela produção, controle de processos, rastreabilidade, controle de qualidade, planejamento, até o desenvolvimento de novos produtos. A modelagem 3D e a virtualização são duas ferramentas bastante usada para simulações de produtos, melhorando protótipos, por exemplo, de forma muito mais ágil e barata.

Os principais pilares estão baseados em tecnologias como big data, internet das coisas e segurança. Enquanto a análise de dados permite que um volume muito grande de dados seja lido e examinado, a internet das coisas facilita e amplia as interações entre os humanos e dispositivos tecnológicos dentro das empresas. Em paralelo, a segurança garante que não haja falhas de transmissões na comunicação entre máquinas, sistema, dispositivos e pessoas. 

A indústria 4.0 é um importante caminho para ganhar competitividade. O primeiro passo é analisar o nível de maturidade da empresa em relação a transformação digital. Como ponto de partida para qualquer projeto, é preciso mapear o que já existe e onde se quer chegar. Ter metas claras, que priorizem resultados, sem esquecer o alinhamento com a cultura organizacional e estratégia geral da companhia. 

Para quem acha que a indústria 4.0 vai acabar com empregos, especialistas acreditam que isso não irá acontecer: cada vez mais as indústrias precisarão de profissionais qualificados e capacitados, e com líderes que impulsionem o crescimento do time.




Sylvio Mode -presidente da Autodesk no Brasil



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