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terça-feira, 22 de maio de 2018

ÔNIBUS INTELIGENTES PARA SP


 Novo edital de concessão lançado pela Prefeitura pretende modernizar o serviço de ônibus na cidade de São Paulo ao reduzir o número de veículos e de linhas, obrigar a instalação de wifi, conexão USB, ar-condicionado e outras exigências. 

Mas, apesar de todas as novidades, as alterações não deverão alterar muito a rotina de sofrimento atual dos passageiros.

O maior deles é a superlotação, seguido da espera angustiante nos pontos ou a longa duração das viagens – em 2016, um levantamento do Ibope mostrou que, na média, os usuários do transporte público paulistano gastaram 3h11 por dia para percorrer seus trajetos.

Quase dez milhões de pessoas são transportadas nos mais de 13.500 ônibus da cidade de São Paulo. Ao fim de um ano, o número de passagens chega a 2,86 bilhões, entre pagas e gratuitas. Em número de linhas, a rede deverá passar das atuais 1.339 para 1.193 rotas com o novo edital. As empresas vencedoras da licitação poderão operar pelo prazo de vinte anos. A promessa de que a vida dos passageiros vai melhorar é isso – promessa, e está aquém das necessidades da metrópole.

São Paulo poderia entrar realmente na era moderna desse transporte se incorporasse nova tecnologia à disposição baseada em infraestrutura de telecomunicações ,já testada e aprovada em várias cidades pelo mundo, como Barcelona, Londres, Lisboa, Amsterdam, Copenhagen, Oslo, Estocolmo, Seul, Singapura, Hong Kong ou Bogotá. Se a intenção é mesmo a de oferecer melhor qualidade de vida aos paulistanos, que se faça uma reforma completa, com uso intensivo dessas inovações.

Ônibus inteligentes, dotados de tecnologia de última geração, podem rodar pela cidade transmitindo informações a uma Central de Operações: se já estão com a lotação máxima (evitando o desconforto da superlotação), se os pontos estão cheios, se há obstáculos em faixas e corredores.

Essa Central, por meio de painéis eletrônicos instalados nos pontos, pode informar aos passageiros o tempo de espera até o próximo ônibus, enviando ao motorista um aviso para não parar após atingir a lotação e, principalmente, redistribuindo a frota de forma dinâmica: ônibus de linhas menos congestionadas fariam as rotas mais adensadas.

Com essa fluidez em tempo real e sob demanda, os ônibus teriam a velocidade média aumentada, com mais conforto aos usuários, maior confiabilidade e melhora na imagem da empresa. O uso intensivo das telecomunicações permite a melhoria sensível da qualidade do sistema.

Mas vão muito além os benefícios para os passageiros e os operadores do sistema. Por exemplo, na qualidade do serviço:

-- maior regularidade e redução dos tempos de espera;

-- acesso às informações por parte do usuário através de web, smartphones, painéis em veículos e paradas;

-- serviço Wifi de qualidade e de graça para os usuários;

-- maior segurança para as linhas noturnas e ou em regiões de conflitos.
Dessa forma haverá melhora da imagem e do serviço da empresa, além de incremento da demanda.


Sobre a gestão da rede:

-- controle da operação em tempo real. Pontualidade e confiabilidade;

-- melhoria da gestão da operação: acompanhamento de desvios dos horários reais e regularidade do serviço; cumprimento de níveis de serviço requerido (redução de multas ao concessionário);

-- aproveitamento intenso de recursos: melhora de produtividade e redução do custo por quilômetro percorrido;

-- economia em virtude de melhor planificação do serviço, o que possibilitará a otimização de horas de veículo e condutor ;

-- Melhor gestão das incidências, tempo de resposta para a restauração da normalidade;

-- informação do serviço: geração de dados de alta confiabilidade e desagregação à Dados precisos para a atenção de reclamações;

-- coordenação dos meios auxiliares da operação: carro-oficina, veículos auxiliares, pessoal de inspeção.


Sobre custos globais:

-- redução de sanções por parte do órgão regulador-supervisor por uma maior confiabilidade da operação (+/-70%);

-- diminuição de fraudes na parte da bilhetagem (+/-80%);

-- a vídeovigilância aumenta o número de passageiros, que se sentem mais seguros (+/-20%);

-- economia de combustível: pelo controle de rotas, otimização dos percursos, eficiência (+/-30%);

-- menor custo ambiental (diminuição de poluentes do sistema) (+/-25%).

Como o sistema é homologado, completamente integrado e com protocolos abertos, haverá garantia de sucesso (sistema provado e com garantias técnicas de funcionamento). Isso permitirá integrações com futuros sistemas da Prefeitura, o cumprimento integral do definido no edital e no futuro contrato de concessão.

 Além disso, a integração permite gerar informações completas de todos os elementos do sistema.

Enfim, é o transporte do futuro, mas já em pleno uso em cidades do Primeiro Mundo e também entre os emergentes. A cidade não pode perder o bonde da história, a melhor oportunidade para fazer o sistema avançar e oferecer bem-estar a uma população que perde tanto tempo de sua vida sofrendo na espera e durante sua viagem de ônibus.

Os paulistanos merecem.






Vivien de Mello Suruagy  - engenheira, presidente da Feninfra (Federação das Empresas Prestadoras de Serviços em Telecomunicações) e do Sinstal (sindicato nacional da categoria).



Eletrobras: gargalo brasileiro?


Na quarta-feira (09), a Câmara dos Deputados deu mais um passo importante para a privatização da Eletrobras, após conseguir a aprovação na Comissão Mista Especial, que analisa a MP 814. Privatização sempre foi uma questão polêmica e diz respeito à avaliação do desempenho das empresas estatais. Sabe-se que uma firma capitalista deve visar o maior lucro possível, com um nível mínimo de custos. 

No entanto, ao longo da formação e consolidação do sistema produtivo estatal brasileiro, percebe-se, em grau elevado, que as empresas estatais tiveram que optar pelo crescimento e estabilização econômica. Dessa forma, como medir o nível de eficiência de uma instituição que é, ao mesmo tempo, uma empresa e um instrumento de política econômica do governo? Até que ponto deve-se sacrificar a maximização dos lucros em benefício da geração de empregos, por exemplo? E, conforme a decisão, o consumidor final é prejudicado em relação ao preço e à qualidade dos bens e serviços oferecidos.

Nesse cenário, a privatização da Eletrobras é razoável e justificada ao liberar o Estado do ônus de investir num setor tido como não essencial – educação, saúde e segurança seriam prioritários – e transmite-se a responsabilidade a empresas privadas com expertise e eficiência de gestão comprovadas no mercado específico. A privatização parece atender às expectativas da população (que teria serviço e infraestrutura mais ágeis, baratos e competitivos) e da administração pública, garantindo o máximo esforço de seus recursos, cortando custos, reduzindo gastos e "enxugando" a máquina pública.

Outro ponto que deve ser salientado é a motivação gerada pela possível concorrência. A competição impulsiona o gestor a melhorar o atendimento ao cliente, a comunicação, buscar novas tecnologias, desenvolver inovações, etc. A competição impacta na qualidade do bem e/ou serviço. Ainda, em relação ao preço, a MP 814 garante uma tarifa social que beneficia os consumidores que estão no cadastro único do governo para programas sociais, com faixa de isenção no pagamento de 60 MegaWatts-hora (MWh), por mês, aumentada para 80 MegaWatts-hora (MWh).

Essa discussão faz lembrar os momentos vividos na década de 1990, quando foi privatizado o Sistema de Telecomunicações Brasileiro. A chegada da telefonia móvel, da internet e novas mídias foi um desafio pesado para permanecer somente no âmbito do Estado. A infraestrutura estatal não era compatível com as exigências das inovações que surgiam. Quem teve uma linha da Telepar lembra como era – fila de espera de mais ou menos dois anos e/ou desembolso de muitas unidades monetárias para comprar uma linha telefônica, fora outras características que encareciam as ligações. Era um gargalo que não abastecia a expectativa popular pelos serviços. Na época, alegava-se que a privatização pioraria as condições de acesso e preços aos consumidores. Atualmente, percebe-se os benefícios do processo.

Quanto ao desemprego gerado, deve-se dar a segurança devida ao trabalhador que será desligado sem justa causa, no entanto, sustentar uma empresa onerosa para a sociedade para privilegiar e/ou gerar empregos para poucos, frente à população desempregada pelo efeito do déficit público, pode ser muito custoso para a empresa e gerar um sistema deficitário cada vez mais viciado.






Françoise Iatski de Lima - mestre em Desenvolvimento Econômico e professora da Universidade Positivo (UP0).


4 dicas para alcançar o bem-estar financeiro


Por causa da instabilidade da economia mundial, é fundamental tomar precauções quanto às nossas finanças e, acima de tudo, conscientizar e educar a sociedade sobre como obter o tão desejado bem-estar financeiro - que inclui, essencialmente, a importância de poupar.

Por bem-estar financeiro entenda-se a saúde financeira de qualquer trabalhador e sua capacidade de gerenciar adequadamente sua renda. Aquela velha conta de padeiro, como nossas avós costumavam dizer: suas despesas precisam ser proporcionais ao salário que você recebe mensalmente, evitando, assim, contrair dívidas difíceis de honrar.

Para alcançar essa estabilidade, primeiro é necessário ter "educação financeira", ou seja, é importante que a pessoa aprenda a administrar adequadamente sua renda, o que significa manter um registro atualizado de suas despesas, entender a importância de poupar, conhecer as diversas opções de investimento disponíveis no mercado e também planejar para o futuro.

Segundo o estudo "Economize para se desenvolver", elaborado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a América Latina economiza apenas 17,5% de seu Produto Interno Bruto (PIB), contra uma média de 33% entre os países emergentes. Trata-se de matemática pura e simples. Isso quer dizer que já passou da hora de começarmos a melhorar nossos hábitos financeiros.

A seguir, destaco quatro dicas que podem ajudá-lo a alcançar esse equilíbrio.  


Administre seus gastos e crie o hábito de poupar

Todos nós devemos ser capazes de analisar como gastamos nosso dinheiro e aprender a tomar decisões que não afetem nosso bem-estar econômico. As despesas relativas às necessidades básicas, isto é, alimentos, moradia, medicamentos, escola, pagamentos de serviços etc. devem ser as primeiras a ser levadas em conta.

Você também deve incluir nesse plano uma soma voltada a entretenimento - porque ninguém é de ferro - e outra porção deve ser dedicada à poupança ou a algum investimento de longo prazo, que esteja alinhado com os seus objetivos futuros, sejam eles um casamento, um(a) filho (a), a compra de um carro ou até a aquisição do tão sonhado imóvel.

E muito importante também buscar ter uma noção, mesmo que seja básica, sobre as opções de investimento existentes no mercado e os riscos associados, para que você esteja confortável com a sua estratégia de investimento. Hoje, existem boas opções de leitura disponíveis na internet. Mas o ideal é buscar uma conversa e, até, a orientação de alguém com mais experiência no assunto.


Economize para as emergências

É importante estar economicamente preparado para enfrentar imprevistos que possam afetar o equilíbrio financeiro. Para isso, devemos ter um fundo de poupança cuja missão é cobrir despesas inesperadas, como emergências médicas, por exemplo.

Esse "colchão" pode evitar o que chamo de estresse financeiro, além de endividamentos desnecessários. 


Planeje sua aposentadoria

Planejar a aposentadoria é uma parte essencial do esforço econômico para que possamos alcançar nosso bem-estar financeiro. O ideal é investir desde jovem em um fundo de aposentadoria. Existem diversas opções no mercado que podem ajudar no planejamento do futuro. Sugiro que você invista algum tempo em um "aconselhamento financeiro", para que consiga analisar todos os benefícios oferecidos pelos diferentes fundos de aposentadoria.

Vale muito a pena investir em um fundo para garantir uma aposentadoria despreocupada.

Gosto também de comentar que, como diriam os meus pais, "de grão em grão a galinha enche o papo", portanto, o importante é começar a poupar, mesmo que com quantias "aparentemente pequenas", pois a recompensa virá.


Mantenha um bom histórico de crédito 

Ter um histórico de crédito saudável pode tornar alguns ativos, como hipotecas ou carros, mais acessíveis. Portanto, devemos ter cuidado com o uso de cartões de crédito, pois, muitas vezes, eles nos levam a exagerar nas compras.

Recomendo, por exemplo, não comprar produtos desnecessários (sim, sei que, muitas vezes, o impulso é um desafio; eu mesmo adoro comprar vinhos e sei como é difícil resistir à tentação) e sempre rever qualquer oferta em seus termos e condições.

Eu, por exemplo, tenho o hábito de fazer lista de mercado, não somente para não esquecer algum item, mas para não comprar itens desnecessários. Também tento, ao máximo, seguir a minha lista e, dessa forma, não gastar mais do que o planejado.

E, acima de tudo, devem-se evitar os empréstimos bancários, pois eles não aumentam o seu poder de compra. Aliás, muito pelo contrário: dívidas, por mais bem negociadas que sejam, causam perdas mensais ao orçamento familiar e podem se tornar um grande golpe para as suas finanças. Entendo ser complicado fazer algumas grandes aquisições, como o tão sonhado carro ou a casa própria, e sei da dificuldade em comprá-los sem um empréstimo. Não havendo outra forma de fazê-lo, sugiro muita atenção a alguns fatores: (I) conheça os juros do empréstimo, que devem ser muito bem negociados e comparados com os dos demais bancos; (II) saiba o quanto de sua renda estará sendo comprometida, tentando evitar que, somadas todas as suas obrigações mensais (inclusive uma possível parcela de financiamento), elas não excedam mais do que 20% a 30% de sua renda; e (III) evite ao máximo reduzir a sua poupança, investimento ou previdência, em virtude de um financiamento.

Para alcançar o bem-estar financeiro ideal é preciso tempo, educação e, acima de tudo, muita disciplina. Comece estabelecendo objetivos para curto, médio e longo prazos - e respeite-os.

Costumo dizer que, nessa área de nossas vidas, não há maior paz de espírito do que não ter dívidas e estar pronto para encarar o futuro sem medo. Por isso, dê especial ênfase a alimentar sua educação financeira. Só o conhecimento e a compreensão das nossas finanças são capazes de nos levar ao tão almejado equilíbrio econômico.






Lucas Medola - CFO do PayPal para a América Latina


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