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sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Clientes analógicos no mundo digital: como ser inclusivo e atender a todos?


A transformação digital é uma tendência que, definitivamente, veio para ficar e revolucionar o mercado. Impulsionada durante a pandemia, cada vez mais consumidores se sentem à vontade para fazer praticamente tudo online. Mesmo diante de tamanha preferência, ainda temos uma parcela de clientes que preferem o analógico em sua jornada de compra. Ser inclusivo a todos esses públicos e garantir um atendimento de qualidade é um dos principais desafios do mundo corporativo e, uma importante necessidade para que consigam crescer e se destacar frente à ampla concorrência.

 

Não há dúvidas que a inovação possibilitou o desenvolvimento de inúmeras ferramentas e canais que auxiliam, otimizam e aproximam o relacionamento e atendimento das empresas. Seja pelo WhatsApp, RCS (Rich Communication Service) ou uso de chatbots, a Inteligência Artificial aplicada neste objetivo proporciona uma experiência muito mais rica ao usuário, por meio de features que permitem um maior entendimento sobre o perfil do consumidor, suas preferências e o que estão buscando.

 

Ainda assim, por mais benefícios que ofereça, o atendimento físico traz pontos únicos que atraem a atenção de muitos. Apenas nele, os clientes conseguem testar os produtos desejados – seja experimentando uma roupa para ver como se encaixa, ou testando o funcionamento de um objeto, por exemplo. A experiência ao vivo ainda é muito valorizada para muitas pessoas como forma de terem maior segurança em sua aquisição, o que faz com que muito não abram mão para uma jornada 100% online.

 

Diante de uma parcela da população que ainda prefere o analógico ao digital, o desafio das empresas é garantir que todos recebam um atendimento de qualidade e, acima de tudo, particularizado de acordo com seu perfil e preferências. Inclusive, essa é a expectativa de 62% dos clientes, que esperam ofertas personalizadas com base em seu histórico de compras, segundo dados divulgados pela Salesforce.

 

É claro que a tecnologia pode – e deve – ser usada a favor da empresa, tanto para identificar o perfil de seus consumidores, em quais canais estão e, as melhores ferramentas para atendê-los de maneira individualizada. Mas, também é importante não abrir mão de um profissional por trás deste processo. Afinal, muitas vezes os robôs podem não sanar as dúvidas de um cliente, o que demandará uma pessoa para auxiliá-lo.

 

Um ótimo exemplo dessa importância está em outro estudo conduzido pela PhoneTrack, o qual identificou que 60% das pessoas preferem contatar uma empresa por telefone após realizarem pesquisas online. A chave para o sucesso está na diversidade de opções de atendimento, com possibilidades acessíveis para os mais diversos perfis e gostos.

 

Os avanços tecnológicos vieram para mudar o passado e quebrar paradigmas, mas isso não significa que precisam romper ou matar outras práticas. As empresas devem misturar e coexistir o físico com o digital, se adaptando às novas tendências sem que deixe de oferecer meios mais tradicionais de comunicação e atendimento para aqueles que ainda os preferirem. São os consumidores que irão ditar os canais a serem utilizados pelas empresas, não o contrário. Por isso, todas devem entender seus perfis para, a partir disso, identificar como oferecer um atendimento personalizado, de acordo com as individualidades e peculiaridades de cada um.

 

 


Bernardo Borzone - diretor de receitas responsável pelas áreas de Customer Success, Comercial e Marketing na Pontaltech, empresa especializada em soluções integradas de voz, SMS, e-mail, chatbots e RCS.

https://www.pontaltech.com.br/

 

Estudo do Instituto Semeia traz 12 propostas para desenvolver o potencial do turismo em parques naturais brasileiros

Com alavancas para o desenvolvimento do setor, impacto poderia representar até R$ 44 bilhões no PIB nacional e gerar quase 1 milhão de empregos 


 

O Instituto Semeia, organização sem fins lucrativos que fomenta parcerias para que brasileiras e brasileiros tenham acesso a parques melhores, lança na quinta-feira, dia 21 de outubro, o estudo “Parques como vetores de desenvolvimento para o Brasil: Ecoturismo e potencial econômico do patrimônio natural brasileiro”

 

A pesquisa inédita, realizada a partir de levantamentos e análises feitos em parceria com o Boston Consulting Group (BCG), confirma que, por meio do turismo, os parques naturais do Brasil têm um grande potencial ainda subaproveitado e podem gerar impactos consideráveis para a economia e o desenvolvimento do país. Com base em dados de visitação dos parques brasileiros e de experiências de sucesso em outros países, o estudo projeta que nossos parques poderiam passar a receber até 56 milhões de visitantes por ano, número quatro vezes maior que o total de 2019. 

 

Para melhor entender os caminhos para transformar esse potencial em realidade, os principais desafios do setor foram mapeados e, então, sistematizou-se 12 alavancas para um melhor desenvolvimento do turismo de natureza no país. Articulação de visão comum, governança para implementação da agenda, fontes alternativas de receita, esforços ativos para a promoção dos destinos, certificação de melhores práticas, concessões e parcerias com o setor privado e oferta coordenada de recursos são algumas delas. Em comum, todas têm a necessidade de maior integração de políticas públicas orientadas à agenda. 

 

“O objetivo do estudo é quantificar o reconhecido potencial do turismo de natureza no Brasil e apresentar um norte para articulações de políticas e soluções estruturantes que, necessariamente, envolvem toda uma cadeia relacionada ao turismo nos parques”, afirma o diretor-presidente do Instituto Semeia, Fernando Pieroni. “Para alcançar o sucesso, é necessário engajar os diversos atores, de forma transversal a muitos setores como turismo, cultura e meio ambiente”, complementa. 

 

O potencial turístico dos recursos naturais brasileiros é internacionalmente reconhecido, mas sua contribuição para a economia ainda é pequena. Enquanto o Brasil ocupa a 2ª posição no mundo no Índice de Competitividade Turística – publicado pelo Fórum Econômico Mundial em 2019 –, no que diz respeito a seu patrimônio natural, a participação do turismo de natureza em parques no PIB nacional é de cerca de 0,13% – entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões –, e corresponde a 209 mil empregos gerados, aproximadamente. 

 

O crescimento da taxa de visitação leva a uma ampliação nos gastos totais dos turistas na região dos parques, uma vez que se aumenta também a demanda por alimentação, hospedagem, passeios guiados e outros serviços turísticos. Os resultados podem representar 978 mil postos de trabalho vinculados à visitação de parques naturais e seus entornos, com um impacto total no Produto Interno Bruto do País é estimado em R$ 44 bilhões – ou 0,61% do PIB, em valores de 2019, – multiplicando em mais de quatro vezes a participação dos parques na economia. 

 

“Essa taxa deve ser alcançada de forma sustentável e gradual, visando a conservação do meio ambiente. O aumento da visitação só faz sentido se acontecer de maneira ordenada, gerando benefícios às áreas e às populações locais”, ressalta o coordenador de projetos do Instituto Semeia, Rodrigo Góes. 

 

Desafios para o turismo de natureza 

O estudo identificou quais são os principais gargalos que impedem os parques brasileiros de concretizar esse potencial do turismo de natureza, divididos em dois níveis: em escalas nacional e regional

 

Os entraves nacionais incluem a visão desalinhada sobre a agenda de transformação dos parques naturais em âncoras de turismo; iniciativas desarticuladas e, em alguns casos, conflitantes, como as diferentes priorizações de parques e destinos; restrições orçamentárias; e o baixo reconhecimento dos parques brasileiros pelos públicos nacionais e internacionais. 

 

Já os entraves regionais abrangem a dificuldade de acesso aos destinos; infraestrutura de visitação inadequada; oferta limitada de atrativos e serviços; e instrumentos de gestão e fiscalização sub-ótimos, como a defasagem dos planos de manejo dos parques, a falta de incentivos para aumentar a visitação e dificuldades para desenvolver e fiscalizar parcerias. 

 

Alavancas 

A partir dos entraves identificados e com base em uma análise de benchmark com parques naturais do exterior, foram mapeadas 12 alavancas, ou seja, possíveis soluções a serem acionadas para superar um ou mais desses desafios. 

 

Para os entraves nacionais, o estudo propõe uma articulação de visão comum entre o setor público, bem como uma implementação efetiva de ações essenciais alinhadas à visão para o ecoturismo; fontes alternativas de receita, como a negociação de créditos de carbono para restaurar áreas degradadas; a criação de uma marca nacional para o turismo que ressalte os atributos naturais e culturais do país; esforços ativos para a promoção do ecoturismo; e a adoção de certificações de melhores práticas socioambientais e de segurança em toda a cadeia associada ao turismo de natureza. 

 

Com um olhar para os desafios regionais, as alavancas propostas são: a estruturação de parcerias em parques que apoiem o desenvolvimento do destino; oferta coordenada de recursos financeiros para o desenvolvimento regional; estímulo para atividades de turismo de natureza em áreas privadas próximas aos parques; capacitações para empreendedores e trabalhadores das comunidades locais; e o fortalecimento dos órgãos ambientais, seja para a fiscalização e gestão de contratos, seja com incentivos para a expansão sustentável da visitação.

 

Sobre o Instituto Semeia 

Criado em 2011, o Instituto Semeia é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos. Com sede em São Paulo (SP), trabalha para transformar áreas protegidas em motivo de orgulho para brasileiras e brasileiros. Atua nacionalmente no desenvolvimento de modelos de gestão e projetos que unam governos, sociedade civil e iniciativa privada na conservação ambiental, histórica e arquitetônica de parques públicos e na sua transformação em espaços produtivos, geradores de emprego, renda, e oportunidades para as comunidades do entorno, sem perder de vista sua função de provedores de lazer, bem-estar e qualidade de vida. São pilares de sua atuação: a geração e sistematização de conhecimento sobre a gestão de unidades de conservação; o compartilhamento de informações por meio de publicações e eventos; a implementação e o acompanhamento de projetos com governos de todos os níveis, como forma de testar e consolidar modelos eficientes e que possam ser replicados no país. 

 

Dez livros para se aprofundar sobre compliance

Especialistas trazem indicações de livros para quem deseja saber mais sobre compliance e seu impacto nas empresas


O compliance está cada vez mais presente no dia a dia das empresas. O termo se fortaleceu após a promulgação da lei em 2013 e ficou conhecida como Lei Anticorrupção. Mas, na teoria, o que realmente é o compliance? “Estar em conformidade com as leis, com os padrões éticos, regulamentos internos e externos, são algumas das definições que podemos utilizar para definir o compliance”, explica a analista de compliance da Tecnobank, Thais Takagi.

O compliance remonta à virada do século XX, junto com a criação do Banco Central dos Estados Unidos, visando ser um ambiente mais seguro e estável. Contudo, segundo Thais, no Brasil o tema ganhou força somente em 2014, com a entrada em vigor da lei anticorrupção, quase 40 anos após o combate a corrupção dos EUA ter iniciado. “É uma vitória o Brasil estar em patamares tão avançados em compliance, comparado com muitos países dito de primeiro mundo. Essa prática vem sendo cada vez mais difundida, pois o mercado não quer mais se relacionar com empresas desatentas ao compliance, afirma Thais. Para ajudar quem tem interesse no tema, e deseja se aprofundar sobre o compliance, especialistas fizeram algumas indicações de livros.

  1. Compliance Programs for the Prevention of Economic Crimes

Livro que Ulrich Sieber e Marc Engelhart publicaram, em 2014, com o apoio do Instituto Max Planck. Editado pela Duncker e Humboldt, de Berlim, trata-se de uma extensa pesquisa empírica com base científica feita com diversas empresas alemãs e seus gestores e colaboradores, para entender, dentre outros fatores, o que leva corporações a adotar programas de compliance para torná-las mais efetivas. Com 333 páginas, é a primeira publicação que não apenas analisa a existência, o conteúdo e a eficácia dos programas de compliance alemães, mas também aborda a eficácia de várias estratégias na prevenção do crime e no incentivo à implementação de programas de compliance. "O trabalho se destaca pela originalidade e traz conclusões importantíssimas, como, por exemplo, que deve ser disciplinado em lei um formato de atuação colaborativa público-privada para otimizar a prevenção de crimes econômicos", analisa o coordenador do Núcleo Criminal na Dotti Advogados, Gustavo Scandelari.

 

  1. A (honesta) verdade sobre a desonestidade

O economista comportamental Dan Ariely explora de que forma o desvio de conduta ocorre nos âmbitos pessoal, profissional e político, e como isso afeta até mesmo aqueles que todos acreditam ter os mais elevados padrões morais. O autor revela que são as forças irracionais, aquelas que não levamos em conta, que frequentemente determinam nosso comportamento – e demonstra que a desonestidade é inerente à condição humana. "O autor trata de modo leve e perspicaz como as pessoas tendem a equilibrar a verdade com a trapaça, a fim de criar uma ilusão de integridade. O livro é uma imersão na honestidade, na ética e na necessidade de termos regras claras acerca do que é fazer a coisa certa", avalia o professor do mestrado em Direito da Universidade Positivo, Fernando Mânica.

 

  1. Manual Prático de Compliance Antissuborno: guia de implementação da ISO 37001

O livro é o primeiro guia prático para auxiliar empresas e órgãos públicos a implementar ou aprimorar seu programa de compliance e integridade, com vistas a obter a Certificação ISO 37001 (Sistema de Gestão Antissuborno). Os autores Daniel Lança (Compliance Officer do Instituto Inhotim) e Rodolfo Viana Pereira (advogado e professor da UFMG), ambos sócios da empresa SG Compliance, abordam, passo a passo, os requisitos da norma ISO 37001, com dicas e observações oriundas de suas experiências pessoais em consultorias para obtenção da certificação. Para Rodolfo Viana, cada vez mais, os órgãos encarregados de aplicar a legislação anticorrupção e as boas práticas de mercado exigem que as organizações adotem programas robustos de compliance e integridade. “Nesse contexto, a obtenção da ISO 37001 torna-se primordial, sobretudo para as empresas que planejam captar investimento, que contratam com o poder público, que estão na cadeia de fornecimento de grandes empresas, que atuam em mercados regulados, que possuem capital aberto ou que pretendem ter relevância para além do âmbito local”, afirma.

 

  1. Fraudes corporativas e programas de compliance

O livro analisa as fraudes corporativas, indagando seus elementos centrais e o tratamento jurídico que recebem no sistema jurídico brasileiro. Além disso, analisa detalhadamente os programas de compliance, um dos mecanismos, por excelência, de prevenção à ocorrência de fraudes no âmbito corporativo, explicando os pilares que constituem o programa de compliance, suas funções e seus objetivos, além da influência exercida por cada elemento que o constitui para a construção de um resultado satisfatório para a organização. Segundo Francisco Monteiro Rocha Jr, professor de Direito da UFPR, o livro explica como ocorrem as fraudes no ambiente corporativo. “Ele mostra quais as motivações dos agentes, como elas são mais comuns do que se pensa, e de que forma os programas de compliance podem combatê-las", comenta.

 

  1. Manual de Compliance – Col. Compliance Mastermind Vol. 1

Esse livro foi elaborado por um grupo formado pelos profissionais mais experientes da área de compliance do mercado, para o qual trazem um olhar amplo a partir de uma abordagem real do funcionamento da área. Disponibilizam ferramentas e compartilham informações de forma simples e acessível para que todos tenham uma visão prática de como implementar um programa de compliance. Segundo a analista de compliance da Tecnobank, Thais Takagi, o livro traz uma estrutura organizada, baseada na metodologia usada nos cursos da LEC - Legal, Ethics & Compliance, uma instituição de ensino que se tornou uma das maiores dedicada à difusão da cultura de compliance no mundo. “Cada um dos nove pilares de compliance são apresentados em artigos específicos com abordagens fáceis. Não se trata de um livro 'de prateleira', mas, de uma obra que permite guiar o leitor na construção de um efetivo programa de compliance”, afirma.

 

  1. Governança, Riscos e Compliance: Mudando a Conduta nos Negócios


O livro analisa as práticas de governança corporativa, gestão de riscos e de compliance, com o objetivo de discutir temas que vieram à tona, como os escândalos de corrupção corporativa. Para o presidente da Comissão de Estudos sobre Compliance e Anticorrupção Empresarial da OAB Paraná, Ubirajara Costódio Filho, a obra é de leitura fundamental para profissionais e estudantes de graduação e pós-graduação das áreas financeira, contábil, fiscal, jurídica e de auditoria. “O livro apresenta metodologias para que o leitor compreenda a conduta corporativa, fundamentada na ética a partir de recursos de gestão de riscos, compliance e controles internos”, recomenda.


 

  1. Compliance: incentivo à adoção de medidas anticorrupção

Como estimular as empresas a colaborarem com o Estado na prevenção da corrupção? Quais os elementos que compõem um programa de compliance e uma política anticorrupção? Essas são algumas das perguntas que a obra procura responder. O livro também é indicação do presidente da Comissão de Estudos sobre Compliance e Anticorrupção Empresarial da OAB Paraná, Ubirajara Costódio Filho. “Essa obra é fruto da tese de doutorado defendida por Carla Veríssimo, Procuradora Regional da República e integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba/PR, no Programa de Pós-Graduação em Direito da Faculdade de Direito da UFRGS, em cotutela com o Programa de Doutorado 'Estado de Derecho y Gobernanza Global' da Universidade de Salamanca, na Espanha”, conta. A tese recebeu o Premio Extraordinario de Doctorado da Universidade de Salamanca e foi indicada pela UFRGS para concorrer ao Prêmio Capes de Tese, na edição 2017.

 

  1. A máfia das próteses: Uma ameaça à saúde

O livro “A máfia das próteses: Uma ameaça à saúde”, escrito por Pedro Ramos, aborda o paradigmático episódio de corrupção no qual um grupo formado por médicos, funcionários de hospitais e representantes de uma empresa foi denunciado, em 2016, por utilizar próteses e órteses vencidas ou de baixa qualidade em cirurgias. Ofereciam propinas a médicos e profissionais da saúde no Brasil para maximizar vendas e lucros, acarretando práticas ultrajantes de operações desnecessárias e superfaturamento de valores cobrados aos planos de saúde para compra de equipamentos destinados às cirurgias, em especialidades como ortopedia, cardiologia, neurologia e odontologia. "Com o objetivo de maximizar lucros decorrentes da venda do material, faziam pagamentos aos médicos que prescreviam as próteses, a título de comissão, bonificação ou consultoria. A vantagem indevida oferecida aos profissionais era proporcional à quantidade mensal de material utilizado, variando de 20% a 40% do valor comercializado", revela o desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, Miguel Kfouri Neto, autor de diversas obras jurídicas sobre Direito Médico. Segundo ele, o esquema de corrupção atuou num mercado que movimenta cerca de R$ 20 bilhões por ano no Brasil. "Diante desse crítico episódio relatado no livro, são trazidas reflexões sobre a importância do papel do compliance no setor da saúde, a fim de criar mecanismos para que as empresas e instituições de saúde não violem regras, leis e valores do mercado no qual operam, bem como protejam e criem um ambiente corporativo mais justo, sustentável e transparente, pautado em valores condizentes ao esperado pela sociedade, que envolva toda a sua cadeia produtiva e rede de parceiros", ressalta.

 

  1. Integridade Governamental e Empresarial


O livro “Integridade Governamental e Empresarial”, de Marcelo Zenkner, é a indicação do procurador da República no Ministério Público Federal, Deltan Dallagnol. A obra traz uma análise de todo o arcabouço normativo afeto ao conceito de corrupção lato sensu, tanto no Brasil como em Portugal, proporcionando uma visão clara e completa dos principais problemas que gravitam em torno do tema, bem como seus efeitos diretos para a Administração Pública, assim como na seara corporativa.



 

  1. Compliance Bancário: Um Manual Descomplicado

Também recomendada pelo procurador da República no Ministério Público Federal, Deltan Dallagnol, a obra do procurador da Fazenda André Almeida Rodrigues Martinez, ex-superintendente de compliance do Banco Itaú e ex-procurador na Advocacia Geral da União (AGU), e do procurador da Lava Jato e especialista em compliance criminal, Carlos Fernando dos Santos Lima está na terceira edição. “O livro é um verdadeiro manual de compliance, focado na área bancária, mas também útil para outros setores, com apontamentos práticos, mas sempre com sólida base nas normas nacionais e internacionais sobre a matéria”, disse o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, no prefácio da obra.



Imagens: Divulgação


Alteração na lei que dispõe de registros públicos levanta possibilidade de dispensa de habite-se

Quando falamos em moradia, podemos dizer que o Brasil enfrenta dois problemas grandes: o déficit habitacional e a grande quantidade de imóveis irregulares. Com a entrada em vigor da Lei 13.685/2021 que acrescentou o artigo 247-A à Lei 6.015/73, espera-se que as questões possam ser mitigadas.

O único artigo contemplado na Lei 13.685/2021 dispõe que "É dispensado o habite-se expedido pela prefeitura do município para a averbação de construção residencial urbana unifamiliar de um só pavimento finalizada há mais de cinco anos em área ocupada, predominantemente, por população de baixa renda, inclusive para fim de registro ou averbação decorrente de financiamento à moradia.” Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), Vinícius Costa, os pontos importantes dela são dispensa do habite-se e financiamento à moradia.

O advogado explica que habite-se é o documento expedido pelas prefeituras que atesta que um imóvel encontra-se em condição de habitabilidade. Para se conseguir o habite-se, é necessário preencher os requisitos legais impostos pelo município de localização do imóvel. “Em um primeiro momento de análise, vemos que a dispensa do habite-se tem como fundamento regularizar as propriedades que estão irregulares. O efeito disso, em questão numérica, é importante, pois os imóveis irregulares passarão a ser considerados regulares. Com isso, tem-se a queda do déficit habitacional.”

Na sequência do artigo, fala-se em financiamento à moradia, como aponta Vinícius Costa. O segundo ponto do artigo atinge, então, a questão econômica. “Regularizando o imóvel e permitindo registro ou averbação de financiamento à moradia, fomenta-se a compra e venda de imóveis, a concessão de empréstimos e, com isso, aquece o mercado imobiliário e financeiro”, explica o presidente da ABMH.

Contudo, a norma não é autorregulatória, ou seja, a permissão agora concedida pela lei de registros públicos passará ainda pela regulamentação de cada município. “Isso porque é preciso, primeiramente, definir no plano diretor o que é área ocupada predominantemente por população de baixa renda, bem como requisitos para se conseguir a dispensa do habite-se”, acrescenta Vinícius Costa. 

O habite-se, sendo um documento que atesta condições de habitabilidade, ou seja, atrai responsabilidades à Administração Pública Municipal. Para que sua dispensa seja efetivada, é necessário fazer um mínimo de regulamentação para evitar maiores problemas futuros com, por exemplo, a ruína dos imóveis, como considera o presidente da ABMH.

 


ABMH – Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação


Aproveite o fim de semana e veja as 5 principais habilidades do mercado de trabalho no cenário de vacinação e no retorno ao presencial

Rogério Silva, CEO do CEBRAC, aponta a importância de aprimorar as habilidades profissionais no retorno para o trabalho presencial (Pexels)

Rogério Silva, especialista em carreiras, dá dicas para aprimorar suas habilidades

 

Quando a pandemia foi anunciada, em março do ano passado, as empresas precisaram se adaptar ao ambiente virtual de maneira emergencial. Essa transição ocorreu de maneira abrupta, impedindo que gestores e colaboradores pudessem se preparar para as novas demandas e configurações ligadas ao trabalho remoto. Agora, após, praticamente, 20 meses lidando com a pandemia e os desafios advindos desse cenário, é esperado que profissionais tenham se adaptado aos novos moldes de rotina, comunicação e serviço.

Frente ao avanço da imunização coletiva no país - que se encontra, atualmente, com 70% da população com pelo menos uma dose da vacina de acordo com os dados fornecidos pelas secretarias estaduais de Saúde - o âmbito profissional se depara, mais uma vez, com uma nova movimentação: o retorno aos escritórios, firmas e locais de trabalho, em geral. Como esse processo está acontecendo de maneira gradual, diferente do que aconteceu no último ano, existe a possibilidade de avaliar quais são as habilidades técnicas e comportamentais, conhecidas como hard skills e soft skills, que precisam ser aprimoradas.

Rogério Silva, CEO do CEBRAC - Centro Brasileiro de Cursos , analisa que, por mais que o retorno a uma rotina presencial de trabalho e a recuperação econômica estejam acontecendo, o número de desempregados no país, que, segundo o Instituto Brasilero de Geografia e Estatística (IBGE), bateu o recorde de 14,6%, e as dificuldades enfrentadas no mercado de trabalho não devem ser subestimadas:

"A capacitação profissional deve ser uma prioridade tanto daqueles que possuem emprego quanto para quem está buscando inserção ou recolocação no mercado de trabalho. Isso porque as empresas e os processos de recrutamento e seleção estão buscando, cada vez mais, profissionais qualificados para lidarem com as demandas do novo cenário econômico e trabalhista", explica o especialista em carreiras.

Rogério Silva, que conduz o CEBRAC a partir da premissa do Desenvolvimento Humano Profissional e Empreendedorismo, ainda lista as 5 principais habilidades do mercado de trabalho no cenário de vacinação e retorno ao presencial:

• Pensamento analítico e inovador

Estar atento aos detalhes e propor soluções criativas e inovadoras é um tipo de posicionamento apreciado em diferentes posições e carreiras.

• Resiliência e flexibilidade

Por conta das diversas transformações e adaptações que estão acontecendo durante a pandemia, as empresas passam a valorizar ainda mais os profissionais aptos a lidar com mudanças repentinas e desafios.

• Inteligência emocional

Como cada pessoa lidou com a pandemia e foi impactado por ela de maneiras e intensidades distintas, reconhecendo os próprios limites e as dificuldades. O exercício da empatia é primordial para os colaboradores e gestores.

• Liderança

Independente do cargo, a capacidade de tomar decisões e delegar atividades de forma engajada e responsável é altamente valorizada no mercado de trabalho, principalmente, na transição para o trabalho presencial e cenário pós-pandemia.

• Análise de dados

"Os dados são o novo petróleo" é uma frase que vem se popularizando nos últimos anos e os profissionais que têm consciência desse valor e que sabem usá-los de forma estratégica e inteligente, são aqueles que estão se destacando nos processos seletivos e dentro das empresas.

Aproveite o mês de outubro para investir nas suas habilidades profissionais e se destacar no mercado de trabalho! Conheça os cursos profissionalizantes do CEBRAC. Acesse aqui!

O CEBRAC se identifica pelas causas sociais e inova com o projeto CEBRAC PRO que tem como objetivo minimizar os impactos sociais causados pelo alto desemprego no país. Saiba mais aqui!

Processos logísticos mais eficientes no varejo

Como o RFID pode transformar os negócios de maneira mais rápida e segura


O varejo mudou rapidamente para se adaptar às consequências da pandemia. Tendências que caminhavam lentamente aceleraram diante da necessidade de ter um e-commerce robusto para atender uma demanda que cresceu rapidamente do físico para o digital.

A digitalização virou questão de sobrevivência. E a velocidade de implantação passou a ter mais importância do que a certeza do caminho estratégico correto. Melhor fazer logo e depois corrigir do que não avançar e ficar pelo caminho.

O novo comportamento do consumidor veio para ficar. Neste ano, a China passou a ter 50% das suas vendas online, os EUA 16% e o Brasil 10% (antes da pandemia o percentual era de 5%). Esses números tendem a crescer com a confiança que os consumidores mais velhos adquiriam no e-commerce e com o imediatismo da geração Z (9-23 anos).

A estratégia é combinar cada vez mais conveniência e velocidade. Neste cenário em que a omnicanalidade ganha um espaço maior e posiciona a logística como um diferencial competitivo, o mercado demanda tecnologias inovadoras para fazer mais com menos custos e menos erros. A tecnologia RFID, que já era utilizada em algumas áreas do varejo, se transformou em vantagem competitiva ao assumir a posição de smart supply chain, ideal para reduzir custos e ampliar receitas. 

Atualmente, existem grandes redes, como a Riachuelo, que adotaram a tecnologia em toda a cadeia de suprimentos, da fábrica até o consumidor final, para garantir o controle dos processos e a gestão inteligente dos estoques. Há outros grupos brasileiros que investem em entregas no mesmo dia, em várias modalidades: em casa, pick-up in store (comprar online e pegar numa loja), curbside (agendar uma entrega de mercadoria num ponto como calçada ou estacionamento), darkstores e hubs (são lojas que que não estão abertas ao público, mas que funcionam como um hub logístico de milhares de entregadores de moto, bicicleta e patinete, que têm velocidade e flexibilidade para atender a “última milha” no mesmo dia, ou até em algumas horas quando as compras são online.

Para conseguir velocidade e minimizar erros, as empresas precisam investir numa cadeia logística inteligente. Ter controle, rastreabilidade e visibilidade de estoque em todos os pontos da cadeia garante custos menores de carregamento de estoque e logística reversa, além de proporcionar uma experiencia agradável para o cliente, cada vez mais exigente, na ponta.

Varejistas consagrados como Walmart e Zara usam o RFID há décadas. No Brasil, alguns grupos, mesmo em estágios diferentes na adoção da tecnologia, já perceberam o potencial e os benefícios que podem ser alcançados com a solução.
Questões relevantes como sustentabilidade, propósito e inclusão também podem ser introduzidas com o uso da tecnologia RFID, que permite rastreabilidade de produtos em toda a cadeia. Com isso é possível assegurar a idoneidade de origem do produto, com respeito ao meio ambiente e aos trabalhadores da cadeia de suprimentos. A tecnologia serve, inclusive, como um selo de autenticidade de uma mercadoria, prevenindo falsificações e garantindo a data de validade. Combinada com NFC e/ou QRCode, a solução RFID pode facilmente engajar o cliente no ponto de venda (PDV) via smartphone.

Para que as empresas possam extrair o máximo da tecnologia em curto espaço de tempo, o primeiro passo é investir na transformação cultural com o suporte de fornecedores/parceiros de tecnologia capazes de atender as necessidades, independentemente do tamanho e da complexidade do negócio. A otimização logística com RFID pode ser uma decisão estratégica para alavancar negócios de maneira mais rápida, segura e aderente à nova realidade.

 


George Millard - CEO da Mozaiko, empresa do Grupo Stefanini que desenvolve tecnologias de Analytics e IoT para otimizar e simplificar processos de varejo e logística.

 

A igualdade abstrata e a desigualdade concreta


O século XVIII é, sem sombra de dúvidas, um dos momentos mais significativos na história por representar uma ruptura em praticamente todos os aspectos relativos à organização da sociedade. Tanto no âmbito da vida material, quanto no da vida cultural, conhecemos uma ampla transformação em nosso modo de se relacionar, viver e pensar nossa existência.

A revolução tecnológica, que se intensifica permanentemente, ofereceu a possibilidade de um mundo sem escassez. A revolução política, potencializada pelos anseios de liberdade, ofereceu a possibilidade de um mundo fundado na igualdade entre todos os indivíduos. Mais de 200 anos depois, é inegável que, para a maioria da população, esses propósitos ainda continuam por se realizar.

Indiscutivelmente, os dois principais movimentos naquele século, no aspecto político, foram a Revolução Americana (1776) e a Revolução Francesa (1789); mais ou menos no mesmo período, a Inglaterra iniciava a I Revolução Industrial. Os efeitos somados destes movimentos serão os determinantes da nova ordem social que se instalara a partir de então.

Os principais documentos construídos naquele momento (Declaração da Virginia, Constituição Americana, Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão na França, entre outros) têm em comum a afirmação de uma perspectiva absolutamente inédita na história humana: a liberdade e a igualdade entre todos. Teoricamente, encerrava-se ali a possibilidade de uma sociedade onde alguns tinham o direito de reduzir seus semelhantes à condição de escravos ou servos.

Entretanto, as transformações produzidas por aqueles movimentos vieram com um "vício de origem". Mesmo que somente no campo formal, a promessa da igualdade entre todos já não se realizava. Neste sentido, o dito popular de que "todos são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros", comum em nossa terra brasilis, remonta à própria origem do projeto idealizado para romper com o "antigo regime", como diziam os franceses.

Mas afinal, em que consistiam esses "vícios"? Ao olhar para o período que inicia no final do século XVIII, é possível observar que três grupos importantes da sociedade ficaram fora do alcance dos direitos constituídos: as mulheres, os trabalhadores e, mais especificamente na América, a população negra.

No caso específico das mulheres, as restrições à sua autonomia alcançavam a esfera civil e a esfera política. Na civil, constituía-se por um conjunto de impedimentos para a prática de atos jurídicos que incluíam não poder assinar contratos, não ter direitos sobre a guarda de filhos e precisar de autorização do marido para trabalhar, entre outros.

A participação na esfera política só vai se realizar de maneira ampla ao longo do século XX. Foram necessários quase dois séculos para as mulheres terem reconhecido, após muita mobilização, o direito de votar e, consequentemente, de serem votadas. No Brasil, essa participação ocorre pela primeira vez em 1932, à exceção de casos isolados ainda na década de 1920.

Se aos trabalhadores homens era conferido o direito de praticar atos na esfera civil, no campo político a realidade era diferente. O direito de votar era reservado apenas àqueles que fossem proprietários. E da mesma forma, foi a mobilização dos trabalhadores que aos poucos foi rompendo com essa proibição, de maneira a garantir a todos (inicialmente aos homens) a possibilidade de participar da vida política da sociedade.

E apesar de todas as vozes e documentos que proclamavam a liberdade e a igualdade, a vergonhosa e desumana prática da escravidão continuou seu curso rotineiro, especialmente no continente americano. EUA e Brasil prolongaram essa situação quase que ao longo de todo o século XIX. A escravidão americana chegou a termo em 1865 e, no Brasil, apenas em 1888.

Ainda nos dias de hoje nos debatemos, frequentemente, com questões de desrespeito a vários direitos que deveriam ser observados por todos. A violência contra as mulheres, a discriminação racial, o preconceito contra trabalhadores, para citar alguns, são acontecimentos que integram nosso cotidiano como se fossem naturais.

Um olhar mais detido sobre a história pode ajudar a entender melhor os motivos pelos quais ainda continuamos reproduzindo comportamentos discriminatórios. Mesmo resultando de um processo de transformação baseado nas revoluções do século XVIII, é preciso reconhecer que a sociedade que "surgiu" ali continuou reproduzindo privilégios para uma pequena parcela de viventes. Isto significa que ainda temos uma longa jornada pela frente para fazer valer, de direito e de fato, a igualdade entre todos os seres humanos.

 



Edi Aparecido Trindade - professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie em Campinas. Mestre em Economia Social e do Trabalho pela Unicamp.


Selos Brasileiros são criados para identidade única das Indicações Geográficas

Iniciativa beneficia cerca de 120 mil produtores de 88 IGs registradas


Os selos brasileiros de Indicações Geográficas (IG) foram oficialmente criados com a publicação da portaria nº 46, do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A partir do dia 1º de novembro, todos os produtores das 88 Indicações Geográficas brasileiras poderão usar o selo em suas embalagens, se beneficiando de uma identidade única. A criação dos Selos é uma iniciativa liderada pelo Ministério da Economia/INPI, em parceria com o Sebrae e o Ministério da Agricultura, que irá agregar valor aos produtos das IG, tornando essas regiões e seus produtos ainda mais conhecidos e valorizados pelo mercado.

O uso dos Selos Brasileiros de IG será facultativo e gratuito para os mais de 120 mil micro ou pequenos negócios que estão estabelecidos nas regiões reconhecidas e cumprem o Caderno de Especificações Técnicas de produção da IG. Insumos como queijos, vinhos, cafés, cachaças, rendas, frutas, couro e tantos outros que são produzidos em regiões específicas e registrados como IG poderão estampar o Selo. O uso do Selo Oficial será restrito aos produtores que possuem registros de Denominação de Origem ou de Indicação de Procedência, concedidos pelo INPI, ou às associações de produtores que solicitaram o registro e realizam ações promocionais para fomentar as vendas e a valorização dos produtos.

Para a presidente do Sebrae, Carlos Melles, a instituição do Selo Brasileiro de IGs chega ao mercado para beneficiar clientes e produtores, fortalecendo o movimento de expansão das Indicações Geográficas brasileiras. “Através dessa identificação única, será mais fácil para os consumidores distinguirem os produtos regionais registrados, incentivando o consumo e a experimentação. O uso do selo único vai gerar nos produtores o sentimento de pertencimento a uma categoria de produtos diferenciados, sem falar do valor agregado que a Indicação Geográfica favorece e impacta diretamente na competitividade das empresas e da região”, afirma.

Segundo Melles, a criação do Selo faz parte dos esforços já realizados pelo Sebrae, em parceria com o Mapa e o INPI, para impulsionar o número de produtos com Indicações Geográficas reconhecidas no Brasil. “Hoje temos 88 IG brasileiras, mas sabemos que temos potencial para muito mais. Há muitas regiões no nosso imenso Brasil que merecem esse reconhecimento pela reputação e pela qualidade, pelo cuidado e pela exclusividade dos seus produtos”, comenta. Melles destaca que além do trabalho de incentivar o reconhecimento de outras regiões, há iniciativas para fortalecimento das IG registradas, ampliação do acesso a mercados, inclusive inserção nas exportações.

Bolsas de Inovação para Indicações Geográficas

Uma dessas ações de fortalecimento das IG registradas é o edital de Bolsas de Inovação para Indicações Geográficas. O projeto vai selecionar profissionais graduados e graduandos para atuar na estruturação de modelos de negócios inovadores voltados para produtos regionais reconhecidos. O objetivo é fortaleceras as Indicações Geográficas brasileiras e torná-las inovadoras e mais sustentáveis, por meio da atuação in loco de bolsistas de inovação territorial, que possam identificar oportunidades de mercado, compartilhar conhecimento e experiências e aperfeiçoar a inteligência territorial. Serão pagas bolsas de incentivo de até R$ 6 mil. Interessados podem se inscrever até o dia 31 de outubro aqui.


O tsunami da inovação que desafia instituições de ensino e gestores

"Não vivemos uma era de mudança. Vivemos uma mudança de era". Tenho ouvido com frequência essa frase e, a cada dia que passa, mais concordo com a reflexão que ela traz. Vivemos um período que exige de todos nós uma grande capacidade de adaptação e de reinvenção dos processos de ensino e aprendizado, mas também no modelo de gestão das empresas e instituições.

O perfil dos estudantes está em constante transformação desde o século passado. Mas agora, por conta do avanço acelerado das novas tecnologias, a forma de ensinar e de absorver conhecimento passa por grandes transformações. Por isso, pergunto: Como as instituições de ensino estão se preparando para acolher os nativos digitais? E os professores? E as corporações?

Quando analisamos as novas gerações, percebemos que, tanto na Geração Y, os chamados millenials, nascidos entre 1980 a 1995, quanto na Geração Z, dos nascidos entre 1995 a 2010, encontramos jovens hiperconectados, capazes de realizar multitarefas e que buscam informação fácil e imediata. Mas, ao mesmo tempo, são abertos à adoção instantânea de novas tecnologias, com necessidade extrema de interação (na maior parte das vezes digital) e de exposição pública de seus valores e opiniões - e que gostam de mudanças constantes em suas atividades.

Uns chamam isso de oportunidade. Outros de ameaça. O fato concreto é que a tecnologia e a inovação chegam sempre antes às mãos desses jovens. Então, o desafio, tanto para a academia, que atua na preparação dos seus estudantes para a vida e para o mercado de trabalho, como para as empresas, que precisam recrutar seus novos talentos, é o de se antecipar às mudanças e introduzi-las em seus processos formativos e de gestão.

Para as corporações, o caminho é identificar essas necessidades trazidas pelo uso intenso das novas tecnologias para aplicar no cotidiano do mundo do trabalho. Dar oportunidades para estagiários e aprendizes é uma estratégia muito assertiva para superar o desafio da transformação digital.

É uma relação ganha-ganha. Uma receita campeã. Afinal, ao ajudar na inserção desses profissionais em desenvolvimento no ambiente profissional, as empresas trazem para seu ambiente um sopro de inspiração, com pitacos de inovação e boas doses de criatividade. Tanto nas práticas de aplicação das tecnologias, como no uso das redes sociais, das plataformas, dos aplicativos de diversas naturezas, como também no aspecto comportamental. Assim, abre espaço para um pensamento "novo", que contribui para o processo de mudança acelerada, tão importante nos dias de hoje. Por isso é tão importante que haja uma mudança de cultura nas instituições públicas e privadas, para que as habilidades desses novos profissionais possam ser desenvolvidas e aplicadas na medida certa.

Por outro lado, se os gestores enxergarem essas gerações com olhar preconceituoso, relegando-os apenas a papéis auxiliares de pouca relevância, estarão perdendo diversas virtudes essenciais, que podem estar faltando às equipes mais experientes. A química nos mostra que a combinação de elementos diferentes entre si pode trazer resultados espetaculares. E é nesta alquimia que os profissionais do futuro podem atuar, inclusive interagindo em sinergia com as universidades e outras instituições educacionais, para desenhar processos de formação mais dinâmicos, que aproveitem as características típicas destes jovens para tornar seu percurso mais efetivo. 

Atualmente, os professores têm que dominar as metodologias ativas (gameficação, aprendizado baseado em problemas, aprendizado em equipes), cursos customizados, empresas juniores, imersão em novas tecnologias, simuladores, desenvolvimento de habilidades técnicas e comportamentais. Enfim, abrir espaço (e a cabeça) para essa "Nova Era", antes que o tsunami chegue e destrua tudo. Ou será que ele já chegou?

 


Zaki Akel Sobrinho - professor, doutor em Administração pela Universidade de São Paulo (USP), reitor da Universidade Federal do Paraná (2008-2016), CEO e sócio fundador da Academic Ventures e conselheiro do Centro de Integração Empresa-Escola do Paraná (CIEE/PR).

 

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