Pesquisar no Blog

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Morrer de emoção: entenda como o organismo reage diante de um forte abalo

Cardiologista explica como ação natural do organismo pode resultar em arritmia ou infarto


Xuxa Meneghel usou sua rede social para contar que um fã argentino, Hernan Mondragon, faleceu após encontrá-la no aeroporto de Ezieza, em Buenos Aires. Segundo a apresentadora, o fã se emocionou, começou a passar mal e não resistiu. De acordo com a sua assessoria de imprensa, Hernan já sofria com problemas cardíacos.

Emoções fortes, positivas, como um encontro com o ídolo, ou negativas, como um assalto elevam o nível de estresse do organismo. De acordo com o cardiologista Diego Garcia, essas situações promovem a liberação de catecolaminas, como a adrenalina, que agem sobre o sistema cardiovascular aumentando a pressão arterial e a frequência cardíaca, além de ampliar a força de contração do músculo do coração. Esse processo faz parte do mecanismo protetor natural do organismo, conhecido como mecanismo de luta ou fuga.

"O problema pode ocorrer porque alguns pacientes têm alguma cardiopatia prévia (artéria obstruída, arritmias, etc) e não sabem que são portadores, muitas das vezes por não sentirem nada. As emoções fortes agem como gatilho nessas situações, provocando um Infarto Agudo do Miocárdio ou arritmia que podem ser fatais" afirma o especialista. Pessoas que apresentam fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardíacas como obesidade, tabagismo e sedentarismo também estão entre o grupo de risco.

Um estudo publicado no The Lancet, realizado por pesquisadores ligados a Hasselt University, na Bélgica, listou os principais gatilhos que podem causar o infarto. Entre as 700 mil pessoas analisadas, as emoções positivam representaram 2,4% dos casos de infarto e as negativas 3,9%.

Como não há maneira de controlar as emoções, é essencial estar sempre atento à saúde do coração. "Se tiver alguma doença cardiológica não deixe de tratá-la de forma adequada e seguir as recomendações do seu médico. Se ainda não tem, cuide para não ter praticando atividade física regular, se alimentando de forma saudável, realizando controle do peso, cessando tabagismo e gerenciando o estresse", indica Diego.


quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Um compromisso de todos nós


Em meio à corrida presidencial, historicamente, acompanhamos pautas ligadas à conservação ambiental serem colocadas em segundo plano. O resultado dessa postura são mandatos inoperantes em relação à degradação gradual e ininterrupta de nossas florestas e recursos naturais. Precisamos que os candidatos ao Palácio da Alvorada – assim como candidatos ao Legislativo e aos executivos estaduais – assumam compromissos verdadeiros com a preservação da nossa biodiversidade, por mais que promessas ligadas ao meio ambiente não atraiam tantos votos.

Novas lentes e olhar crítico sobre a nossa incomparável biodiversidade – Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Pampa, ambientes costeiros e marinhos... – mostram como a conservação de nossos biomas são vitais para o desenvolvimento do país e para o bem-estar da população. O que seria de todos os setores da economia e das nossas cidades sem água abundante e limpa, solos produtivos e recursos naturais? Áreas verdes e costeiras preservadas nos garantem também atrativos turísticos, clima equilibrado e ar de qualidade.

Nossos governantes e todos nós brasileiros precisamos perceber que o nosso capital verde suporta e dá sustento às demais atividades, sejam elas econômicas ou sociais. Entre os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável propostos pelas Nações Unidas para transformar o mundo até 2030, os quatro relacionados à proteção e à conservação da biosfera são essenciais para atingir os demais, como acabar com a fome, garantir vida saudável à população e permitir o crescimento econômico. Sem o uso sustentável dos recursos naturais, os impactos negativos do desequilíbrio do ecossistema serão ampliados.

Compromissos factíveis para os próximos quatro anos – propostos em cartas elaboradas aos presidenciáveis pela SOS Mata Atlântica e pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, por exemplo – englobam: a implantação de incentivos econômicos, fiscais e tributários voltados à manutenção e à regeneração da vegetação nativa em imóveis privados; a garantia do uso público qualificado em pelo menos metade dos parques nacionais, fortalecendo instituições públicas e promovendo concessões de serviços, turismo e outros negócios sustentáveis; o aumento do uso de fontes renováveis de energia; maior controle e monitoramento para zerar o desmatamento; e a proteção de pelo menos 10% dos diferentes ecossistemas costeiros e marinhos – como mangues, restingas e corais – a partir da criação de unidades de conservação para a conservação da biodiversidade.

Essas propostas são possíveis e a responsabilidade não recai apenas sobre o poder público. A sociedade civil organizada, o setor privado e as universidades também têm seu papel neste processo e devem estar abertos a parcerias e projetos qualificados. Neste mês, a Fundação Grupo Boticário completa 28 anos dedicados à proteção da natureza. Ao lado de outras entidades e em contato direto com atores públicos, sabemos que os desafios para conservar o patrimônio natural são grandes, urgentes e de todos os brasileiros. Atuar em rede e nos unirmos torna-se vital.





 Malu Nunes - diretora-executiva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

E aí? Vamos de táxi?



A promulgação da Lei Brasileira de Inclusão (LBI) foi um avanço e tanto para a garantia dos direitos das pessoas com deficiências. A nova lei, publicada em julho de 2015 e em vigor desde janeiro de 2016, consolida uma série de regras que, colocadas em prática, serão fundamentais para melhorar não apenas o dia-a-dia dessas pessoas, mas de toda a sociedade, na medida em que a torna mais justa e igualitária. Será um Brasil melhor de se viver. 

É sempre bom lembrar que, de acordo com o Censo Demográfico 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 23,9% da população tem algum tipo de deficiência visual, física, auditiva ou intelectual. Em 2010, este percentual representava mais de 45 milhões de pessoas. Deste total, cerca de 7% tinha algum tipo de deficiência severa, apresentando algum grau de dependência. 

Foi pensando neste grupo, e em seu direito de ir e vir, que foram criados os artigos 51 e 52 da LBI. O primeiro determina que as frotas de táxi devem reservar 10% de seus veículos acessíveis às pessoas com deficiência, proibindo tarifas diferenciadas e autorizando o poder público a oferecer incentivos fiscais para a formação desta frota. 

Já o artigo 52 aponta que as locadoras de veículos são obrigadas a contar com um veículo adaptado para uso de pessoa com deficiência a cada 20 veículo de sua frota. Ele determina ainda as condições mínimas para que se considere um veículo adaptado: câmbio automático, direção hidráulica, vidros elétricos e comandos manuais de aceleração e frenagem. 

Como toda lei recente, a LBI também é passível de discussões e adaptações, à medida em que vai se ajustando à realidade. Mas, para que isso ocorra, é preciso que ela seja, antes de mais nada, implementada de fato. Dois anos depois de sua promulgação, os artigos da LBI que garantem o direito à locomoção das pessoas com deficiência estão saindo do papel para as ruas em um ritmo lento, muito abaixo do que seria necessário. 

O Brasil conta hoje com uma frota de cerca de 130 mil táxis. Em um mundo ideal, para este volume, a frota de veículos adaptados deveria ser de cerca de 13 mil táxis. Até aqui, o Brasil conta com um total de apenas cerca de 700 veículos adaptados circulando. 

Há iniciativas aqui e ali, mas o ponto é que, dos mais de cinco mil municípios brasileiros, apenas perto de 1% destes têm algum sistema de táxi que conte com carros adaptados. E naqueles em que esta frota existe, os números ainda estão abaixo dos previstos em lei. 

A cidade de São Paulo, por exemplo, com um frota de cerca de 38 mil táxis, conta com apenas 200 veículos adaptados (somando-se aqui os táxis pretos e os tradicionais). Se levarmos em conta que boa parte destes veículos trabalha em regime quase exclusivo para o Atende (Serviço de Atendimento Especial), percebe-se um enorme vale entre a frota existente e a necessária para as demandas da população. Neste caso, para atender à LBI, a frota de táxis adaptados deveria radicalmente maior.

Outro ponto relevante a se discutir é a obrigatoriedade de manutenção da tarifa. Justo? Sim e não. Sim, se pensarmos no alto custo de vida que é imposto a uma pessoa com deficiência. Não, se pensarmos na lucratividade do taxista, que tem investimentos (adaptação do veículo) e custos operacionais (tempo de embarque e desembarque, busca de local acessível, entre outros cuidados que este tipo de transporte exige) maiores para prestar esse serviço, se comparados a um táxi convencional.

E se falamos de táxis, não podemos deixar de lado os serviços de aplicativos como o UBER, por exemplo, que hoje conta com 500 mil veículos em todo o Brasil, 150 mil apenas na Grande São Paulo. Aqui, a questão é mais delicada, pois este tipo de serviço não se enquadra na LBI, a não ser de forma genérica, no artigo 48, que prevê que os veículos de transporte coletivo terrestre, aquaviário e aéreo devem ser acessíveis.

O fato é que, se a criação da lei foi um avanço, ainda temos muito a caminhar para garantir que seja colocada em prática, garantindo às pessoas com deficiência o direito à locomoção nas mesmas condições que as demais. Para que isso aconteça, as discussões, interações e cobranças, seja do poder público, seja das empresas privadas, devem ser constantes. É a garantia do direito de ir e vir, de táxi, aplicativo ou de carro alugado.






Monica Lupatin Cavenaghi - administradora de empresas e empresária, diretora comercial da Cavenaghi e Vice-presidente da ABRIDEF, Associação Brasileira da Indústria, Comércio e Serviço de Tecnologia Assistiva.


Posts mais acessados