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quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Conflito é vida!


Use o conflito na sua empresa como uma oportunidade para crescer. O profissional deve ter em mente a necessidade de compartilhar sua visão, mesmo que talvez se indisponha com alguém.

Costumo dizer que se tornar referência, prosperar, ser autoridade em algo só é possível a partir do momento em que definimos um foco, falando a verdade primeiro para si mesmo. Desta forma, nos tornamos aptos para dizer “não” para tantas outras oportunidades que possam surgir e nos tirar do foco proposto que nos elevará a ser referência em algo.

E é claro, uma empresa com profissionais assim, consequentemente se tornará referência também! Portanto para que uma empresa inove, evolua, cresça, deve contar com pessoas que pensam, que usam suas capacidades e as aplicam no negócio.

O profissional deve ter em mente a necessidade de compartilhar sua visão, mesmo que talvez se indisponha com alguém. Até porque se todos olharem para a mesma direção, que neste caso geralmente está em prol da evolução e bem estar da empresa, algumas divergências são naturais e saudáveis, pois possibilitam várias formas de olhar para um mesmo objeto de vários ângulos, assim, decisões são tomadas com mais assertividade.

Certa vez fui convidada para realizar um trabalho em determinada empresa. Fiquei impressionada com a cordialidade entre as pessoas. A maneira como todos eram educados, elegantes e formais, mas o dono do negócio me chamou mesmo assim, pois sua preocupação era: "Se continuarmos com esses resultados iremos fechar”, disse.

Uma empresa com mais de 20 anos de tradição, muitos resultados positivos e destaques até ali. O que poderia estar acontecendo? Fomos checar.

Ao ouvir vários líderes e funcionários: "A gente está levando, não concordamos com muitas coisas, mas preferimos aguardar as instruções. Não queremos nos indispor...", relatou um funcionário.

"Precisamos do emprego, não temos aquele ânimo de estar aqui. Mas não queremos conflitos, vamos levando. O salário é bom e o mercado não está para arriscar ficar desempregado!", explicou outro colaborador.

Entre os sócios: "Não concordo com ele, mas cada um tem sua área e para evitarmos desentendimentos combinamos que ninguém interfere na área de ninguém!", concluiu o empresário.

Me espantei com tudo aquilo. “Meu Deus! O que está acontecendo aqui?”, pensei.

À primeira vista, para quem olha as pessoas, os resultados e a crise atual no país: “Que empresa perfeita! Como São cordiais! Que crise cruel!”

Para um olhar que observa sistemicamente, considerando a crise de mercado, resultados insatisfatórios e pessoas convivendo "harmoniosamente", logo pude ver que algo muito grave estava acontecendo ali. E de longe, a crise não era o grande vilão daquele negócio.

A falta de franqueza iria matar aquela empresa, em prol do bem estar individual. Uma empresa estava sendo sacrificada, sem perceberem que isso no fundo significava o sacrifício deles também.  É algo sistêmico e muitas vezes não somos capazes de enxergar a um palmo do nosso nariz.

Nesse caso, podemos fazer uma comparação com aquele que vê algo errado, mas não faz nada para não se comprometer, se indispor ou ser taxado com o chato da história.

Já dizia Martin Luther King: “A verdadeira medida de um homem não se vê na forma como se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas em como se mantém em tempos de controvérsia e desafio.”

Creio que a passividade, falta de franqueza e palidez organizacional representam, na última instância, o ponto mais grave que uma empresa pode enfrentar.

Como dizia Jack Welch, aposentado como CEO da GE, no seu livro "Paixão por Vencer", no qual dedica um capítulo inteiro à franqueza, a falta de franqueza é "o maior truque sujo em negócios.”

Se hoje você como empresário, ou você que é profissional, se vê chateado diante de conflitos e alguns desentendimentos que vem enfrentando, pense... Que bela oportunidade, que maravilhosa possibilidade de crescimento para você e a empresa!

Existe vida nesse lugar. Mesmo que no conflito arrisco dizer que ainda existe um motivo em comum que está "gritando socorro" e que quer ser ajustado, alinhado e compreendido! Ainda existe conexão, um ponto de ligação.

Porém sabemos que para que os resultados aconteçam, é preciso ajustar, acalmar para enfim conciliar um ponto de vista em comum, não mais entre você e o outro, mas sim no nível da intenção, entre o elo que interliga todos, ou seja, a empresa.

Só que para isso, é preciso elevar o nível de pensamento acima do ego, do olhar para si mesmo, para um olhar sistêmico onde consigo incluir olhando a mim mesmo, mas também a todos os envolvidos no conflito, suas intenções e como seria ter um resultado que fosse positivo para com o todo.

Quando falo em sistema quero dizer a nível de toda a empresa, clientes, colaboradores, todos os setores e ainda o mercado. Como seria um resultado que contemplasse a intenção mais elevada que une a todos de alguma forma e que acaba gerando conflitos?

Como seria um resultado positivo deste conflito para todas as partes, considerando suas intenções positivas. Nesse momento, talvez possamos sair de nós mesmos, o ego pode ficar em segundo plano e dar lugar ao sistema organizacional e todos os envolvidos, em prol de um resultado maior onde todos ganham.

Mas para atuar desta forma é preciso elevar o nível de pensamentos, então a premissa básica é essencial: “Sou fiel a mim mesmo, aos meus talentos, aos meus valores, à missão que me conecta a esse negócio, a essas pessoas?”

Você tem que ter consigo de que não é um fantoche de alguém ou uma situação, seu posicionamento deve ser de alguém que influencia, que fala a verdade mesmo com a condição de tal atitude representar riscos, pois sabe que o crescimento pessoal e profissional será consequência de respeitar e incluir um olhar ao macro, que será o grande impulsionador capaz de promover você a um nível de profissional de valor.






Cynthia Lemos - psicóloga empresarial e coach na Grandy Desenvolvimento Humano, especialista no desenvolvimento de líderes e empresas e tem a missão de expandir a consciência e gerar ações transformadoras para pessoas e empresas que desejam evoluir em seus projetos e objetivos. E-mail: cynthia@grandy.com.br


Reforma trabalhista e a falta da assimetria na relação empregado e empresa

Em vigor desde novembro do ano passado, a reforma trabalhista está posta e inúmeras questões relacionadas a ela estão presentes no dia a dia das empresas e dos processos na Justiça do Trabalho. A maior parte das análises buscam avaliar se a mudança na legislação foi e tem sido favorável ou contrária ao empregado e ao empregador. Entretanto, será esse o melhor ângulo de análise?

Certamente, este não é melhor caminho. É preciso fazer uma avaliação crítica sobre dois principais pontos: a falta de outras importantes reformas que deveriam ter sido realizadas anteriormente bem como a tentativa da nova legislação em reduzir a assimetria entre empregados e empregadores.

O prevalecimento do negociado sobre o legislado, como é sabido, foi uma das mudanças mais discutidas em relação à nova legislação. A reforma fez com que as negociações entre empregados e empregadores, intermediada pelos sindicatos de suas respectivas categorias, passassem a valer mais do que o que é determinado pela lei em muitas hipóteses. Tal mudança, entretanto, não deveria ter sido feita sem uma reforma que garantisse que as vozes dos empregados e dos empregadores sejam realmente ouvidas.

Ao mesmo tempo que é inegável a importância dos sindicatos para a defesa dos direitos dos trabalhadores, o sindicalismo brasileiro se caracteriza por ser vinculado ao poder estatal e são poucos os sindicatos hoje que atuam efetivamente representando as suas respectivas categorias. A Constituição Federal assegura o direito à livre associação dos trabalhadores por meio de uma autorização do poder executivo, com o objetivo de que não haja mais de uma entidade trabalhista ou patronal representando uma categoria em uma mesma base territorial.

Esta autorização permite que os sindicatos, como faz em muitos momentos também o Estado, possa cobrar os trabalhadores sem dar em troca a devida contrapartida. Trata-se de um problema que poderia ser resolvido por meio de uma emenda constitucional que acabasse com a unicidade sindical, de modo que os sindicatos pudessem concorrer entre si no mercado pela real representatividade entre suas respectivas categorias.

Outra reforma importante trata-se da fiscal. E que teria de ser realizada anteriormente à trabalhista. Atualmente, o principal custo da empresa na relação trabalhista é a tributária. Uma reforma fiscal poderia diminuir os impostos na contratação de empregados, hoje um custo ao empregador maior que o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e que benefícios como as férias, por exemplo. A reforma trabalhista foi feita com o objetivo de gerar mais empregos, mas como isso será possível com incidências tributárias, sem as devidas contrapartidas para todos, que tornam a relação trabalhista extremamente difícil?

Outro objetivo da reforma trabalhista que deve ser criticado é sobre o equilíbrio e assimetria nas relações trabalhistas entre o empregado e o empregador. Importante ressaltar, neste ponto, que o que está no texto da lei não necessariamente se efetiva na prática. Não serão novas regras que irão mudar o fato de que o empregador pode mais e o empregado obedece.

Vale frisar que o artigo 9º da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) não foi revogado e possui o escopo de tornar nulo qualquer ato do empregador praticado com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação da leis trabalhistas.

Do mesmo modo, os princípios do Direito do Trabalho não deixarão de ser levados em conta na prática. Com todo o respeito, se elementos previstos nos artigos 2º e 3º da CLT – como a subordinação, onerosidade, pessoalidade e habitualidade - estiverem presentes em uma relação trabalhista de um empregado considerado autônomo, tenho a certeza de que muitos juízes do trabalho reconhecerão a existência dessa relação.

Sobre esse tema, de fato, houve uma mudança nas últimas décadas do perfil das empresas no mundo pois empresas deixaram de ser grandes linhas de produção tayloristas para diminuírem de tamanho e buscarem terem mais velocidade e capacidade de gestão. Muitos gestores não foram convertidos em empregados, mas em pessoas jurídicas sobre as quais a reforma buscou conceder um tratamento diferenciado, os chamados PJs ou MEIs.

Outra situação que podemos observar, entretanto, consiste no princípio da condição mais benéfica ao trabalhador. A nova legislação, com a ideia do acordado prevalecido sobre o legislado, pode chegar a violar esse princípio ao não permitir que um texto constitucional mais favorável ao trabalhador valha mais que o instrumento coletivo. É uma mudança que justifica a preocupação de colegas e vozes importantes do mundo jurídico.

O que acontece é que toda relação de trabalho necessita de um equilíbrio. Infelizmente, a pretensa superproteção ao empregador da reforma trabalhista acabou por gerar efetivamente, em muitos momentos, uma total desproteção. E se tornou uma verdadeira armadilha para empresas e empregados.








Ricardo Pereira de Freitas Guimarães - Doutor, Mestre e Especialista em Direito do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), professor da pós-graduação da PUC-SP, eleito para ocupar a cadeira 81 da Academia Brasileira de Direito do Trabalho e sócio fundador do escritório Freitas Guimarães Advogados Associados

Seis motivos para implementar a inovação na sua empresa


Aprimorar os processos de inovação e garantir que o termo não seja usado apenas no discurso é o desejo da maioria das empresas brasileiras. Uma pesquisa feita recentemente pela Desenvolve SP, mostrou que mais da metade dos empresários paulistas pretende investir em algum tipo de inovação entre 2018 e 2020.

Ao encontro desse anseio, acaba de surgir a ISO 50.501, uma norma internacional que está prevista para ser publicada no Brasil em fevereiro de 2019, e que pretende garantir que a inovação não seja apenas um discurso e sim uma cultura inerente ao cotidiano da empresa. A proposta é criar uma política capaz de suportar a organização diante de tantas transformações.

A implementação desse sistema de gestão permite que as empresas brasileiras adquiram as melhores práticas de inovação adotadas nos mais de 163 países membros da ISO. E, ao contrário do que possa parecer, a ideia não é engessar a inovação, mas sim organizá-la de forma a trazer ainda mais benefícios. Por isso, listo abaixo os seis principais motivos para investir nessa nova certificação. 


#1 Gestão de Insights: Apesar de inovação não ser apenas uma excelente ideia, tudo nasce dessa fagulha criativa. O primeiro benefício é que, com a implementação da norma, a empresa passa a ter uma política de gestão para novas ideias. Ou seja, quando um colaborador tem um insight de melhoria, independentemente de ser em um processo, produto, serviço ou atendimento ao cliente, existe um protocolo claro de como tratar essa ideia, de como testá-la e fazê-la seguir adiante para ser implementada. A ideia não morre sem antes ser ouvida. O mais interessante é que não há discriminação entre níveis hierárquicos. A inovação surge em todos os cantos, não apenas na alta gestão.


#2 Domínio das incertezas: Gestão de riscos é indispensável em todas as empresas, mas cada uma tem sua própria forma de pensar sobre perigos, ameaças e oportunidades. Com a inovação, é possível fazer uma análise diferente sobre os riscos diários e, a partir disso, dominar os cenários e as incertezas. A norma usa a inovação para achar métodos e processos diferentes para lidar com os problemas. Toda experimentação, processos de ideação e MVP - Minimum Viable Product (produto minimamente viável), são fatores de risco para as empresas, já que presumem muitos erros. Saber geri-los é uma das etapas da ISO 50.501.


#3 Cultura adaptativa: Resiliência e flexibilidade são habilidades cada dia mais exigidas pelo mercado. Quando analisamos essa norma, talvez a cultura adaptativa seja um dos maiores benefícios apresentados. Trata-se de criar dentro da empresa um comportamento de adaptabilidade, onde é possível identificar as demandas do mercado, olhar as tendências e as oportunidade. A partir daí é que são criados novos produtos, serviços e formas de capitalização. Essa capacidade de se adaptar é imprescindível, ainda mais em tempos de tantas vulnerabilidades e incertezas. 


#4 Espírito colaborativo: Ainda permeando a cultura, o próximo grande benefício fala sobre desenvolver a capacidade de estar aberto para a colaboração. Trata-se de um  hábito onde as pessoas possam falar abertamente e também aprendem a ouvir. Criar esse canal aberto de diálogo é indispensável para fazer florescer a inovação. Um ambiente onde os colaboradores se sentem à vontade para dar feedback positivo e negativo para a gestão acaba sendo também um espaço de colaboração. Sem falar que, uma empresa capaz de ouvir seus funcionários, consegue engajar a equipe - algo essencial para qualquer sistema de gestão. Essa cultura de feedback ativo tem que ser receptiva também para ouvir clientes, fornecedores, parceiros. É por meio de uma escuta ativa que aprendemos sobre nossas forças e fraquezas e conseguimos agir sobre elas. 


#5 Liderança visionária e inspiradora: Os líderes de uma organização precisam ser pessoas inspiradoras e visionárias. Quando a liderança tem o mindset voltado para inovação, ela é capaz de direcionar as pessoas e criar processos que viabilizem esse futuro emergente. Os líderes precisam estar focados e motivados com o futuro, antenados sobre inovação. A norma prevê, portanto, a criação de um processo que treine as pessoas dentro desse pensando visionário.


#6 Propósito Massivo Transformador: A missão de uma empresa é o motivo pelo qual ela existe e, pensando em inovação, esse propósito deve ser encarado de maneira visionária e transformadora. A inovação surge da dificuldade, da necessidade de criar algo novo e atingir outros níveis de sucesso. Portanto, a norma propõe que a empresa tenha um propósito massivo e transformador. O processo de gestão da ISO vai direcionar para que isso aconteça e, para que a missão vá além de ser a maior de seu segmento ou lucrar mais. A ideia é que todas as decisões sejam tomadas em prol dessa missão, para que a empresa cumpra esse propósito. O processo quer garantir que a empresa seja inovadora de fato e que todas as decisões sejam tomadas para que ela se mantenha firme nesse caminho.

Todos os tipos de empresa podem - e devem - buscar a ISO 50.501 para garantir que seus processos de gestão da inovação sigam as melhores práticas do mundo. O processo é simples. A empresa passa por uma fase de diagnóstico, que pode ser feito tanto por uma equipe interna de gestão quanto por uma consultoria terceirizada, desde que se detenha conhecimento específico sobre essa norma. A próxima fase estabelece um cronograma de ações, que varia caso a caso, uma vez que é completamente personalizado para cada empresa.

A partir da publicação da versão traduzida da norma pela ABNT, previsão para fevereiro de 2019, a empresa poderá optar por acreditar a norma junto a uma certificadora ligada ao INMETRO. Investir em inovação é a grande oportunidade de transformar as empresas brasileiras. O mundo todo já percebeu que é preciso inovar para sobreviver. Tanto é que o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) acaba de anunciar que vai repassar à Finep US$ 1,5 bilhão para serem aplicados em projetos de desenvolvimento e inovação em empresas brasileiras. Vale a pena ficar de olho.  






Alexandre Pierro - engenheiro mecânico, bacharel em física aplicada pela USP e fundador da PALAS, consultoria em gestão da qualidade

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