Infertilidade atinge mais
de oito milhões de casais brasileiros
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O problema afeta 25% dos
casais em idade reprodutiva no mundo
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O
ginecologista e especialista em Reprodução Humana, Dr. Luiz Eduardo
Albuquerque, diretor da Fertivitro, explica as principais causas, como se
prevenir e os tratamentos
Mais de oito milhões de casais apresentam algum tipo de infertilidade no
Brasil, de acordo com o último Censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística). No País, 80% dos casais com vida sexual ativa, sem
uso de anticoncepcionais, têm 20% de chances de engravidar a cada mês, no
período de um ano, informa a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os números
revelam, ainda, que a infertilidade conjugal atinge de 15% a 20% dos casais em
idade reprodutiva. Já no mundo, 186 milhões de mulheres casadas em idade
reprodutiva, 25% dos casais, apresentam problemas de infertilidade, segundo
estudos da WHO (World Health Organization).
Como junho é o Mês Internacional da
Infertilidade, a Fertivitro promove uma campanha de conscientização sobre o
problema e informa os brasileiros como se prevenir, as causas e os tratamentos.
“Infelizmente, desses 20% de casais que apresentam algum tipo de dificuldade
para gerar filhos cerca de 10% deles precisarão recorrer aos tratamentos de
reprodução humana”, afirma o ginecologista, especialista em Reprodução Humana,
Dr. Luiz Eduardo Albuquerque, diretor clínico da Fertivitro.
Para identificar quais são os problemas que causam
infertilidade a um casal, é necessário realizar um diagnóstico por meio de
consulta e exames. “Na mulher, devem ser feitas avaliações da ovulação, das
trompas, do útero e verificar a presença de doenças que possam causar o
problema, como a endometriose. Nos homens, recomenda-se a realização do
espermograma. Em ambos, são feitos exames de sangue para análise do médico”,
orienta Dr. Luiz da Fertivitro.
Causas da infertilidade
Estudos apontam que as causas da infertilidade são 30% femininas e 30%
masculinas. Em 25% dos casos, o problema atinge ambos os sexos e em 15%
dos casais, a causa é desconhecida, casos esses chamados de Infertilidade ou
Esterilidade Sem Causa Aparente (ISCA ou ESCA).
Na mulher, os motivos mais comuns estão relacionados ao útero, aos
ovários e às trompas, ou à idade avançada. Já no homem, a causa mais comum é a
varicocele. Outro fator é a azoospermia não
obstrutiva, em que há uma falha de produção de espermatozoides, devido a
distúrbios hormonais, genéticos ou, ainda, danos no tecido testicular,
seja traumático, cirúrgico ou infeccioso. Fatores nutricionais, metabólicos,
estresse e doenças crônicas podem afetar ambos os sexos.
Como prevenir a fertilidade
Mulheres
ATENÇÃO À GESTAÇÃO TARDIA. Tentar engravidar após 35 anos reduz as chances de
uma gestação, porque a qualidade e quantidade de óvulos começam a declinar. As
taxas de aborto também são maiores a partir dessa idade, em decorrência de
alterações cromossômicas no embrião formado. É possível preservar a
fertilidade da mulher que deseja a gestação tardia com o congelamento de
óvulos. Nessa técnica, os óvulos são extraídos, congelados e armazenados, para
que possam ser utilizados no momento em que a paciente desejar engravidar, em
um procedimento de fertilização in vitro,
em que a fecundação dos óvulos e espermatozoides é feita em
laboratório.
CUIDADO COM OS DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS. Consulte um
endocrinologista regularmente e realize exames clínicos para identificar se
você apresenta distúrbios endócrinos - disfunções originadas nas glândulas endócrinas periféricas ou de estimulação
abaixo ou acima do normal pela hipófise - que podem causar a produção excessiva
ou a falta de produção de hormônios, tais como:
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Anorexia: pode afetar a
ovulação
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Diabetes não controlada: pode alterar hormônios
como o estrogênio e a progesterona, fundamentais para a fertilidade feminina. O
excesso de açúcar também aumenta o risco de
aborto espontâneo de 30% a 60%, além de elevar as chances de malformação do
feto.
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Deficiência de vitamina D:
pode estar relacionada com fatores de infertilidade, tais como: baixa qualidade
dos óvulos e falhas de implantação do embrião alterando os resultados do
tratamento de fertilização in vitro.
Homens
NÃO USE ANABOLIZANTES. Consumidos para
estimular o crescimento da massa muscular, os anabolizantes diminuem o número
de espermatozoides produzidos e até impedem a sua produção. Em alguns casos, o
bloqueio é definitivo, pois gera a redução do tamanho do testículo e interrompe
a produção. “Atualmente, não existe
nenhum tratamento ou procedimento indicado para proteger os testículos enquanto
o homem toma os anabolizantes, por este motivo, é melhor não consumir”, indica
Dr. Luiz.
NÃO USE DROGAS. O consumo de cigarros, bebidas alcoólicas, maconha,
cocaína e demais substâncias químicas interferem
na qualidade e quantidade de espermatozoides.
EVITE ROUPAS APERTADAS. Roupas íntimas muito justas prejudicam a circulação do
sangue, pressionam os testículos, aquecem a região e podem levar à infertilidade,
pela falta ou má qualidade dos espermatozoides. A região dos testículos não
deve estar com temperatura elevada e sem circulação de ar. Isso evita a
alteração na produção e qualidade dos espermatozoides. “Se o homem se
tornar infértil por este fato, a reprodução assistida é o único tratamento que
poderá ajudar, caso o paciente tenha a intenção de ser pai”, afirma o
especialista da Fertivitro.
Ambos
INFORME-SE SOBRE O CONGELAMENTO DE GAMETAS. Realize
o congelamento de gametas (óvulos e espermatozoides) antes de se submeter ao
tratamento de quimioterapia e radioterapia, na retirada de testículos ou para
homens que decidiram fazer a vasectomia, mas não excluem a possibilidade de
tentar ser pai no futuro. O procedimento é similar para homens e mulheres: os
óvulos ou os espermatozoides são retirados do paciente, congelados e
armazenados em laboratório de FIV.
MANTENHA DISTÂNCIA DE METAIS PESADOS. Evite a
exposição a metais pesados como o cobre, chumbo, mercúrio, cádmio, arsênico,
níquel, ouro, entre outros. Essas substâncias químicas são nocivas ao organismo
porque podem causar aborto, malformações fetais, parto prematuro; insuficiência
vascular da placenta, os óvulos e espermatozoides e afetam os ovários e
testículos.
RELAÇÃO SEXUAL SEGURA. Use preservativo durante a relação sexual e previna-se
contra as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). Algumas DSTs podem
provocar lesões nas trompas, podendo causar gravidez ectópica (fora do útero)
ou infertilidade definitiva.
Tratamentos
Se após um ano
de tentativas para ter um filho de forma natural, sem o uso de contraceptivos,
não ocorrer a gestação, o especialista da Fertivitro indica ao paciente buscar
ajuda nos tratamentos de reprodução assistida. “Antes de iniciar qualquer
procedimento médico, o paciente fará uma série de exames para que o diagnóstico
seja identificado e depois adotar o tratamento adequado”, esclarece Dr. Luiz Eduardo Albuquerque.
De acordo com o diretor da Fertivitro,
existem três tipos de tratamentos para a infertilidade: coito programado, cuja
relação sexual é programada no período fértil; Inseminação Intrauterina (IIU),
que consiste em selecionar os melhores espermatozoides e colocá-los dentro do
útero, para facilitar o encontro do óvulo com os espermatozoides; e a
fertilização in vitro (FIV), em que a fecundação dos gametas
(óvulos e espermatozoides) é feita em laboratório.
Segundo dados da REDLARA (Rede Latino-americana de Reprodução
Assistida), atualmente, são realizados no Brasil 447 ciclos de tratamento para
infertilidade ao mês. Cerca de 30% dos tratamentos feitos com fertilização in
vitro (FIV) e inseminação intrauterina (ICSI) têm nascidos vivos e 12% de
taxa de sucesso.
Dr. Luiz Eduardo Albuquerque - diretor clínico da
Fertivitro, é ginecologista especialista em Reprodução Humana. Mestre em
Ginecologia pela Unifesp e pós-graduado em Ginecologia pela Santa Casa de
Misericórdia do Rio de Janeiro (RJ), possui o TEGO - Título de Especialista em
Ginecologia e Obstetrícia, e o Certificado de Atuação na Área de Reprodução Assistida
pela FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia).
Em seu currículo internacional destacam-se: título de especialista em
Reprodução Humana pelo Instituto Dexeus, certificado em Barcelona, na
Espanha; membro da American Society for Reproductive Medicine (ASRM),
nos Estados Unidos; e membro da European Society of Human Reproductive and
Embriology (ESHRE), na Bélgica.
O profissional atuou como diretor do Núcleo de Esterilidade Conjugal do
Centro de Referência da Saúde da Mulher, no Hospital Pérola Byington, em São
Paulo (SP), durante os anos de 2001 a 2003. Atualmente, faz parte do corpo
clínico da instituição, no setor de Reprodução Humana.
Foi médico do setor de Reprodução Humana da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo), entre 2004 e 2014.