Dados foram apresentados durante o Encontro de Comunicação e Letras, realizado na Universidade Presbiteriana Mackenzie
A Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) promoveu a 20ª edição
do Encontro de Comunicação e Letras, no campus
Higienópolis, e trouxe para as discussões o tema Notícia em
xeque: o que o brasileiro espera do jornalismo. O evento contou
com uma mesa-redonda mediada pelo professor da UPM Vanderlei Dias e a
participação dos sócios-diretores da Agência Virta, Lucila Lopes e Paulo Moura;
da jornalista Alexa Salomão, da Folha de S. Paulo; e a líder da equipe de
vendas do Instituto QualiBest, Graziel Sueiro.
Durante a conferência, o Instituto QualiBest apresentou os
resultados de uma pesquisa realizada em setembro de 2025, que buscou
compreender as percepções do público sobre a credibilidade, o papel social e o
futuro do jornalismo, além da influência das redes sociais e das novas
tecnologias, como a inteligência artificial.
O Instituto ouviu 837 brasileiros de todas as regiões do país, com
idades entre 18 e 60 anos. Os dados revelam que 67% dos entrevistados afirmaram
buscar informações em meios tradicionais, como televisão, rádio e jornais. Já
entre os mais jovens, cresceu o consumo de conteúdo via redes sociais, podcasts
e YouTube. O levantamento aponta ainda que 63% dos brasileiros consideram a
credibilidade do jornalismo média, mas revelam também uma crescente preocupação
com a imparcialidade das notícias e o impacto das fake news.
Mediador do encontro, o professor Vanderlei Dias, da UPM, ressalta
que a pesquisa trouxe preocupações em relação ao futuro do jornalismo, mas não
exclusivamente aos profissionais da área: “A proposta da mesa em apresentar a
pesquisa e, a partir dela, refletir sobre os caminhos possíveis para a
profissão, chama a atenção por ter tido a participação de outros alunos, além
daqueles do curso de jornalismo”, explicou o mediador, Vanderlei Dias.
“Essa parceria conecta o acadêmico ao mundo real. Resumindo, a
pesquisa traz uma reflexão sobre o que está acontecendo na cabeça do leitor de
hoje”, pontuou Alexa, da Folha de S.Paulo, que completou: “Se as pessoas têm
uma credibilidade média na imprensa, então não existe credibilidade”.
Quatro em cada dez entrevistados acreditam que o maior desafio do
jornalismo está justamente em informar com imparcialidade e combater a
desinformação. De acordo com Lucila Lopes, a população deve se preparar para
combater as notícias falsas geradas por ferramentas de inteligência artificial.
“Não é apenas a função do jornalismo combater fake news, é função da
sociedade eliminar e conviver com as vantagens e desvantagens de utilizar IA”,
frisou.
Outro destaque foi o papel dos influenciadores digitais. A maioria
dos participantes reconhece que eles não substituem o jornalismo profissional,
embora possam complementar a produção de informação.
“O jornalismo tem de andar lado a lado com a tecnologia, seja por
meio de Inteligência Artificial, seja por meio de influenciadores. Como todas
as tecnologias, temos que vê-las como aliadas e não como substitutas. O melhor
a se fazer é conviver e tirar proveito desses avanços”, destacou a executiva do
Instituto QualiBest, Graziel Sueiro.
O estudo também abordou o impacto da inteligência artificial na
comunicação. Cerca de 44% dos entrevistados acreditam que a IA pode prejudicar
a qualidade da informação, enquanto 26% acreditam que seja uma ferramenta capaz
de melhorar a apuração e a produção de conteúdos.
Além disso, o levantamento indica que o público vê com bons olhos
a aproximação do jornalismo com a linguagem das redes sociais, desde que isso
não comprometa a credibilidade. “As pessoas demonstram um claro cansaço de
bolhas ideológicas. A partir da pesquisa, o que percebemos é um crescente
interesse por notícias que estejam fora desses círculos, desse contexto”,
afirmou Paulo Moura.
O Mackenzie anunciou ainda uma parceria conjunta com a QualiBest e
Virta, que permitirá aos alunos do curso de jornalismo realizarem visitas
técnicas às empresas, conectando-os ainda mais com o mercado de trabalho.
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