
A tendência mostra que a transição de carreira está menos associada
à instabilidade e muito mais ao autoconhecimento e à busca
por qualidade de vida.
Envato
A busca por propósito e qualidade de
vida tem levado cada vez mais profissionais a repensarem suas trajetórias, e o
mercado começa a se adaptar a esse novo perfil.
A ideia de recomeçar profissionalmente deixou de ser tabu. Hoje, mudar de carreira é um movimento cada vez mais comum entre trabalhadores que buscam propósito, flexibilidade e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
De acordo com a pesquisa “People at Work 2022 – A Global
Workforce View”, realizada pelo ADP Research Institute com 33 mil profissionais
de 17 países, incluindo o Brasil, oito em cada dez pessoas afirmam considerar
uma mudança de área profissional.
Autoconhecimento
e propósito no centro da decisão
O que antes era visto como instabilidade, agora é
compreendido como um processo de amadurecimento e realinhamento de valores.
Para Luciane Rabello, psicóloga, especialista em Recursos Humanos e CEO da
TalentSphere, esse movimento exige uma nova postura das empresas.“O mercado
precisa abandonar a visão de que trocar de carreira é sinal de indecisão. Pelo
contrário, trata-se de um processo de amadurecimento. As organizações que
souberem valorizar essa diversidade de experiências vão sair na frente”, afirma
Luciane.
Segundo a especialista, os RHs precisam se adaptar para acolher
talentos em transição e integrar diferentes trajetórias às equipes,
especialmente quando o tema envolve equidade de gênero.
A
dupla jornada da mudança: as barreiras invisíveis das mulheres
Embora o desejo de recomeçar seja generalizado, o caminho é mais
longo para as mulheres. Enquanto muitos homens priorizam ascensão salarial e
ampliação de redes de contato, elas ainda enfrentam desafios como o viés de
gênero nos processos seletivos, a necessidade de conciliar responsabilidades
familiares e a baixa representatividade em cargos de liderança. Esses fatores,
combinados, tornam o período de transição mais demorado e desgastante.
Luciane lembra que há mitos persistentes sobre as transições
femininas, e que muitos deles distorcem a realidade:
- Mito: Mulheres mudam
de emprego por impulsividade emocional.
Verdade: Estudos da Maturi, plataforma voltada ao mercado 50+, mostram que as mudanças são estratégicas, motivadas por busca de equilíbrio entre vida pessoal e profissional e por desigualdades salariais.
- Mito: Trocar de
carreira é mais arriscado para mulheres por falta de suporte.
Verdade: Com planejamento e redes de mentoria, essa mudança pode se transformar em um movimento de empoderamento e autonomia.
- Mito: Homens se
adaptam melhor a novas áreas por experiência técnica.
Verdade: Mulheres trazem habilidades transferíveis únicas, como resiliência e capacidade de multitarefa, que enriquecem equipes diversas.
Como
conduzir uma transição de forma responsável
Para quem deseja dar esse passo, especialmente mulheres que
enfrentam barreiras extras, Luciane Rabello recomenda cinco pilares
fundamentais para uma mudança bem-sucedida:
- Autoconhecimento: compreender
valores, motivações e expectativas.
- Planejamento financeiro: manter uma reserva que garanta segurança no período de
transição.
- Capacitação contínua: investir em
cursos e certificações para abrir novas portas.
- Networking estratégico: conectar-se com profissionais que já atuam na área desejada.
- Saúde mental em primeiro lugar: buscar apoio terapêutico ou mentoria para lidar com
inseguranças e pressões externas.
Um estudo da McKinsey reforça que, desde a pandemia, os
profissionais não buscam apenas um emprego, buscam um projeto de vida. Nesse
cenário, empresas que criam espaços de acolhimento e incentivo à transição, com
políticas voltadas à equidade de gênero, constroem times mais engajados e
diversos.
“Quando o mercado reconhece que recomeçar é um ato de coragem e
não de fragilidade, ele também se torna mais humano”, conclui Luciane Rabello.
TalentSphere – Impulsionando Talentos e Negócios para
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