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quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Fórmula infantil de primeira infância e alimentação: Como equilibrar?

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Buscar o equilíbrio alimentar é um ato de cuidado que envolve nutrição, vínculo e saúde emocional.


 

A chegada de uma criança transforma rotinas, expectativas e prioridades. Entre as mudanças, a alimentação costuma ser uma das maiores preocupações. Amamentar é uma recomendação amplamente reconhecida por suas vantagens nutricionais, imunológicas e afetivas. A OMS e o Ministério da Saúde reforçam que o leite materno é o alimento ideal sendo exclusivo até os seis meses e complementado até os dois anos ou mais. Mesmo com todos os benefícios reconhecidos, nem todas as famílias conseguem seguir essa recomendação, e isso deve ser compreendido com respeito às diferentes realidades.

Fatores como retorno ao trabalho, produção insuficiente de leite e ausência de rede de apoio são algumas das razões que dificultam a continuidade da amamentação, aponta o Guia Prático de Alimentação da Criança de 0 a 5 anos, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Diante dessas realidades, a pediatra nutróloga Dra. Virgínia Weffort (CRM/MG 16201) afirma que “as fórmulas infantis de primeira infância se tornam uma alternativa segura para as crianças, pois são regulamentadas pela Anvisa e desenvolvidas para atender às necessidades nutricionais das crianças quando o aleitamento materno não é possível ou suficiente”.

A partir de 1 ano, a criança entra em uma fase de intenso desenvolvimento e continua com necessidades nutricionais específicas, como DHA e o ARA, gorduras essenciais para o desenvolvimento cognitivo. A Sociedade de Pediatria de São Paulo destaca que o DHA é fundamental para a formação de neurônios e para a função cerebral nos primeiros mil dias de vida.

Coincidindo com a integração à rotina alimentar familiar e, muitas vezes, com o início da escola, a necessidade de um maior aporte nutricional é acentuada. A dieta familiar nem sempre consegue endereçar todos os grupos alimentares e nutrientes ideais para o desenvolvimento adequado nessa faixa etária e, por isso, torna-se ainda mais relevante o papel da amamentação, e na sua impossibilidade, as fórmulas infantis de primeira infância podem ser utilizadas para complementar a nutrição nessa fase tão importante.

 “A escolha pela fórmula infantil de primeira infância, quando a amamentação não é mais possível nessa fase, pode representar não um abandono da amamentação, mas uma forma de ajudar a garantir o desenvolvimento adequado da criança,” defende Weffort.


Como equilibrar a fórmula de primeira infância e a alimentação

É importante lembrar que a alimentação infantil não se resume ao leite. O Manual de alimentação da SBP indica a introdução gradual de alimentos a partir de 6 meses e a partir de 1 ano as refeições completas, acompanhando a rotina familiar.

Nos casos em que a amamentação é impossibilitada, as fórmulas infantis de primeira infância podem compor 2 das 3 porções diárias de leite e derivados na alimentação infantil.

A pediatra Dra. Virginia Weffort recomenda que a rotina alimentar promova uma dieta variada e nutritiva, com porções adequadas para a faixa etária. Nas principais refeições, o foco deve estar em frutas, legumes, verduras, cereais, leguminosas, grãos e proteínas (animal e vegetal). Já as fórmulas infantis de primeira infância, conforme o modelo da pirâmide de alimentos infantil, devem ser estrategicamente incluídas no café da manhã, lanche da tarde ou ceia, oferecendo uma nutrição extra para a rotina da criança.

Fonte: Philippi; Lazzarini; Weffort, 2025.


Com orientação médica, atenção às necessidades específicas e respeito à individualidade de cada criança, é possível garantir uma nutrição completa para um desenvolvimento saudável. No fim, equilibrar não é escolher entre um caminho ou outro. É encontrar a melhor forma de nutrir o corpo e o vínculo, cuidando tanto do crescimento físico e neurológico da criança quanto do bem-estar emocional de quem cuida dela. 

 

O MINISTÉRIO DA SAÚDE INFORMA: O ALEITAMENTO MATERNO EVITA INFECÇÕES E ALERGIAS E É RECOMENDADO ATÉ OS 2 (DOIS) ANOS DE IDADE OU MAIS.

Consulte sempre o médico e/ou nutricionista.

 

 

Referências Bibliográficas

     Organização Mundial da Saúde (OMS). Infant and young child feeding. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/infant-and-young-child-feeding .

     Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). 10 facts about early childhood development you need to know. Disponível em: https://www.unicef.org .

     Ministério da Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. Brasília, 2019.

     Sociedade Brasileira de Pediatria. Guia prático de alimentação: Crianças de 0 a 5 anos, 2022. 

     Sociedade de Pediatria de São Paulo. Recomendações: atualização de condutas em pediatria. São Paulo, 2020.

     American Academy of Pediatrics. Nutrition: What Every Parent Needs to Know. 2nd edition, 2020.

     Sociedade Brasileira de Pediatria. Manual de orientação: alimentação do lactente ao adolescente. 5ª ed.  2024

     Philippi ST, Lazzarini T, Weffort VRS. Pirâmide dos alimentos infantil. 2025

 

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