Políticas públicas
coordenadas farão o Brasil superar os desafios de infraestrutura
O Instituto MBCBrasil lança um estudo inédito que
traça o panorama dos desafios estruturantes para os caminhos da mobilidade
sustentável no Brasil até 2040 em um cenário de novas metas climáticas, além de
projeções nos avanços dos programas Combustível do Futuro; e de Aceleração da
Transição Energética (PATEN). O levantamento “Iniciativas e Desafios Estruturantes para Impulsionar a
Mobilidade de Baixo Carbono no Brasil até 2040” vai além dos detalhes
das rotas tecnológicas para acelerar a descarbonização e aborda os desafios
estruturantes para o país assegurar a entrega de biocombustíveis e a estrutura
para eletrificação nos próximos 15 anos. O estudo evidencia ainda, o setor de
transporte pesado como oportunidade estratégica para o desenvolvimento de
soluções inovadoras, viabilizadas por políticas públicas coordenadas,
infraestrutura adequada e previsibilidade regulatória.
Realizado pela LCA Consultores, o trabalho inédito
mostra que a participação dos veículos eletrificados na frota circulante
crescerá 44 vezes até 2040, impulsionada pelo avanço dos híbridos que devem
representar 72% da frota de eletrificados e por políticas de estímulo à
infraestrutura e à mobilidade de baixo carbono. No segmento de veículos leves,
os motores flex seguem relevantes, mas a eletrificação avança de forma
acelerada na frota, alcançando 17,4 milhões de unidades previstas até 2040, o
que representará mais de 27% da frota nacional. O estudo ressalta o papel estratégico
dos veículos híbridos-flex (bioelétricos), uma inovação nacional que deverá
compor a maior parte da frota de veículos híbridos, consolidando uma rota
tecnológica eficiente e alinhada às vantagens competitivas do país. O cenário
também reflete uma transição em curso, marcada pela diversificação de
tecnologias e pela consolidação de várias rotas para uma mobilidade mais
sustentável e acessível.
Para o Instituto MBCBrasil, o desafio é transformar
esse potencial técnico em resultados estruturantes. A entidade defende que o
sucesso da mobilidade de baixo carbono depende da convergência entre inovação
tecnológica e políticas públicas bem coordenadas. “O Brasil tem condições
únicas para liderar uma transição energética eficiente e inclusiva, capaz de
unir crescimento econômico e sustentabilidade. O avanço das novas tecnologias e
o fortalecimento dos biocombustíveis mostram que é possível reduzir emissões e,
ao mesmo tempo, ampliar oportunidades de desenvolvimento”, afirma José Eduardo
Luzzi, presidente do Instituto MBCBrasil.
Biocombustíveis como vantagem
competitiva
Com base no estudo, os biocombustíveis assumem
papel estratégico na transição energética brasileira. O etanol,
apontado como um dos maiores diferenciais do país, pode ter a
demanda ampliada em até 2,4 vezes até 2040, impulsionada tanto pelo
consumo interno quanto pela abertura de novos mercados globais. Essa expansão
será especialmente relevante com o uso crescente do etanol na produção
de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) e no transporte
marítimo, segmentos que podem alcançar em 2040 um volume quase equivalente à
80% da demanda total de etanol do ciclo Otto registrada em 2025. Contudo, o
documento enfatiza que, apesar do crescimento da demanda para SAF e transporte
marítimo, a oferta de etanol será robusta, impulsionada pelo aumento da
produtividade da cana-de-açúcar e pela expansão do etanol de milho, garantindo
o suprimento para o transporte terrestre. Esse movimento reforça o papel do
Brasil como fornecedor estratégico de energia limpa.
Para suportar esse crescimento, o setor
sucroenergético investe em inovação tecnológica, com avanços genéticos e
biotecnológicos capazes de dobrar a produtividade da cana-de-açúcar até
2040, fortalecendo a competitividade e a sustentabilidade da oferta. A oferta
de etanol de milho ganha protagonismo como vetor de segurança energética e
diversificação, saltando de 7,6 bilhões de litros em 2024 para cerca
de até 25 bilhões em 2040, ampliando a capacidade do país de atender à
demanda global por fontes renováveis.
Biometano: novo vetor de
transição
Entre as fontes de energia limpa, o biometano
desponta como uma das maiores oportunidades para a descarbonização do
transporte e o fortalecimento da segurança energética nacional. Produzido
a partir de resíduos agroindustriais, o combustível tem potencial para
substituir até 70% do consumo de diesel no transporte pesado até
2040, um avanço relevante para reduzir emissões e custos logísticos.
Segundo a LCA Consultores, a expansão do biometano
pode impulsionar novos polos de desenvolvimento regional, especialmente em
áreas ligadas à agropecuária e ao setor sucroenergético. O aproveitamento do
potencial estimado de produção, que pode chegar a 120 milhões de metros
cúbicos por dia, reforça a posição do Brasil como referência mundial em
energia renovável.
“As projeções indicam que custo marginal de
descarbonização do transporte é otimizado quando o país aproveita as rotas já
consolidadas e introduz gradualmente novas tecnologias, como o biometano. Essa
combinação reduz os riscos e permite uma trajetória de investimento mais
estável para o setor”, explica Fernando Camargo, sócio-diretor da LCA
Consultores.
O futuro do transporte de
carga
O transporte pesado avança em ritmo acelerado na
adoção de soluções de menor emissão. Embora os caminhões a combustão interna
ainda representem cerca de 85% da frota, o estudo aponta o crescimento
expressivo de alternativas como o biometano e os veículos
elétricos a bateria (BEV), que juntos devem somar 15% da frota até 2040. A
descarbonização desse segmento ocorre por meio de múltiplas rotas
tecnológicas. Para a frota majoritária movida a diesel, a política de
biocombustíveis continua essencial, com projeção de mistura (biodiesel no
diesel) chegando a B20 no cenário base e B25 no cenário
alternativo, garantindo uma transição gradual e consistente que mantém a
segurança energética do país.
O avanço da mobilidade elétrica no Brasil exigirá
investimentos de R$ 25 bilhões até 2040 apenas para a infraestrutura de recarga
de bateria. O país, com sua matriz elétrica 88% renovável, cadeia de
biocombustíveis consolidada e capacidade industrial instalada, está preparado
para escalar essas soluções de forma coordenada e eficiente. O estudo propõe
políticas públicas necessárias e consistentes para que os desafios
estruturantes sejam vencidos e o país alcance os objetivos de segurança
energética, a partir das demandas projetadas para os próximos 15 anos. É
preciso iniciar agora.
Instituto MBCBrasil
Para mais informações, visite o site
LinkedIn e Instagram
Nenhum comentário:
Postar um comentário