Dados do IBGE revelam aumento nos casos
de TEA e reforçam a importância de análises criteriosas no desenvolvimento
infantil
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Um levantamento inédito divulgado em 2025 pelo IBGE, evidenciou uma realidade importante: 760,8 mil estudantes brasileiros com 6 anos ou mais têm diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Isso representa 1,7% do total dessa faixa etária — um índice superior ao da população geral e que confirma a escalada dos diagnósticos entre crianças e adolescentes.
Os números reforçam ainda um movimento que especialistas já
observam na prática clínica: a procura por respostas sobre o desenvolvimento
infantil começa cada vez mais cedo, muitas vezes impulsionada
por médicos, escolas e até pelas redes sociais. Mas essa busca, apesar de necessária,
carrega riscos quando se apressa processos e rotula crianças sem uma avaliação
psicológica completa.
“Ainda é muito comum a confusão entre os termos
‘diagnóstico precoce’ e ‘detecção precoce de sinais’. O que
se faz na infância é a identificação de comportamentos atípicos, não um
diagnóstico fechado e definitivo”, explica Lília Maíse de Jorge,
psicóloga parceira da
Vetor Editora, empresa da Giunti Psychometrics. Ela alerta que antecipar um diagnóstico sem uma análise
profunda pode limitar o desenvolvimento da criança, direcionando-a para uma
condição que talvez não represente sua totalidade.
Tecnologia como aliada
Diante desse contexto, cresce a demanda por instrumentos de
avaliação mais robustos, adaptados à realidade brasileira. A Vetor
Editora, empresa da Giunti Psychometrics, lançou recentemente o
Modelo Binário de Investigação da Sintomatologia Autística em Crianças
(BINAUT). A proposta é inovadora: dividir os sintomas do TEA em
dois conjuntos — comportamentos atípicos e falhas no
desenvolvimento infantil —, permitindo uma análise mais
refinada dos impactos na vida da criança.
“O olhar sobre a criança deve ir além do rótulo diagnóstico. É preciso entender seu desenvolvimento como um todo, seus pontos fortes e desafios, para que as intervenções sejam realmente efetivas e personalizadas”, reforça Lília.
O mercado brasileiro de avaliação psicológica tem avançado com a
criação de escalas próprias, superando uma antiga prática de utilizar
instrumentos apenas traduzidos, sem validação para a realidade sociocultural do
país. Além disso, o uso de tecnologias tem se mostrado um importante aliado no
desenvolvimento de habilidades socioemocionais, especialmente para o público
autista. Nesse contexto, surge o EmotiPlay, uma plataforma de
aprendizado social que atende essa necessidade por meio de uma abordagem
educacional terapêutica que apoia o desenvolvimento
de habilidades sociais e emocionais. As crianças se envolvem em tarefas
de aprendizagem e prática interativa, sempre acompanhadas de um adulto — seja
um profissional, responsável ou educador. O EmotiTeam apoia e facilita
intervenções tanto presenciais quanto remotas, ou mesmo híbridas, e pode ser
utilizado em atendimentos individuais, em dupla ou em grupo. Seu conteúdo foi
desenvolvido com especialistas internacionais e validado cientificamente (Fridenson-Hayo
et al., 2017). Da mesma forma, destacam-se instrumentos de avaliação psicológica
nacionais, como o PROTEA-R, focado na observação de
comportamentos associados ao TEA em crianças de 2 a 5 anos, e os testes da
Vetor, como a Técnica de Reconhecimento de Emoções (TRE) e a Técnica de
Vocabulário Emocional (TVE), que avaliam de forma estruturada e
contextualizada competências emocionais essenciais no desenvolvimento infantil.
“Sem normas brasileiras, acabávamos comparando nossas crianças a parâmetros de
outros países, o que é inadequado. Cada cultura influencia de maneira diferente
o desenvolvimento infantil”, observa a especialista.
O processo de avaliação exige cautela
Apesar da crescente preocupação dos pais em compreender o
desenvolvimento dos filhos, a busca por orientação psicológica tem ocorrido
cada vez mais cedo, muitas vezes estimulada por médicos, professores ou pela
mídia. No entanto, crianças já chegam ao consultório com diagnósticos prontos
de TEA, o que limita o papel investigativo dos profissionais da saúde psíquica
no processo.
Por conta disso, especialistas alertam para a necessidade de
resgatar a avaliação mental como etapa fundamental na construção diagnóstica,
especialmente no que diz respeito à análise de aspectos como cognição,
personalidade, motivação, maturidade e afetividade, dimensões que apenas o olhar
clínico de consultores comportamentais é capaz de integrar de forma ampla e
contextualizada.
Vetor Editora
Giunti Psychometrics
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