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A ansiedade que acomete muitos no final do domingo é um fenômeno amplamente observado e cada vez mais recorrente, denotando a “Síndrome do Domingo”. Tal manifestação se caracteriza pela apreensão diante da iminência de uma nova semana de atividades laborais, repleta de desafios e responsabilidades. Embora frequentemente associada à insatisfação profissional, estudos indicam que também afeta aqueles que desfrutam de suas ocupações.
Uma investigação conduzida pela Universidade de
Exeter, no Reino Unido, com 656 indivíduos, revelou que os temores dominicais
se intensificaram em virtude das fronteiras cada vez mais imprecisas entre vida
pessoal e profissional, um efeito amplificado pela pandemia recente. Um estudo
global realizado em 46 países apontou a segunda-feira como o dia menos
valorizado da semana, refletindo uma tendência cultural amplamente disseminada.
Segundo a psicóloga Maria Klien,
compreender a dinâmica dessa ansiedade é o primeiro passo para mitigá-la. “A criação
de rituais que proporcionem uma experiência acolhedora no âmbito dominical é
essencial. Nosso organismo responde positivamente à previsibilidade e à
estruturação de hábitos que promovam a segurança emocional”, afirma
a especialista.
Uma estratégia é a delimitação clara entre os
espaços destinados ao trabalho e ao lazer, especialmente durante o fim de
semana. Tal medida favorece um descanso efetivo e reduz a sensação de
sobrecarga. Maria Klien destaca que “a prática regular de atividades físicas não apenas
atenua o desconforto emocional, mas também estimula a produção de
neurotransmissores que ampliam a percepção de bem-estar”.
Outra abordagem enfatizada é a ressignificação,
transformando o mesmo em um dia ativo e dinâmico, com iniciativas que rompam a
associação desse período com a preparação exclusiva para a segunda-feira.
Pequenas alterações na perspectiva podem remodelar a experiência e aumentar o
aproveitamento pleno do domingo.
A visão positiva sobre o domingo pode ser
trabalhada por meio de práticas como a visualização criativa e o planejamento
consciente. “Projetar mentalmente um dia harmônico, repleto de momentos
significativos, auxilia na redução do impacto da ansiedade. Além disso, manter
regularidade nos horários de sono e alimentação são elementos para sustentar o
equilíbrio emocional”, ressalta Klien.
Uma sugestão adicional inclui a elaboração de uma
lista objetiva das atividades previstas para a segunda-feira, a ser realizada
ainda no domingo. Este gesto organiza os pensamentos, diminui o estresse mental
e facilita a obtenção de um sono reparador, impactando diretamente o bem-estar
no início da semana.
Entretanto, Maria Klien adverte que casos
persistentes e de maior intensidade demandam atenção especializada. “A procura
por acompanhamento psicológico constitui uma etapa fundamental quando o
desconforto extrapola os limites. O suporte profissional oferece ferramentas
que auxiliam na reconstrução das relações com o tempo e com o trabalho”,
orienta a psicóloga.
A ansiedade associada ao domingo evidencia os desafios contemporâneos de gerenciar as intersecções entre as esferas pessoal e profissional. Com intervenções conscientes, voltadas à reorganização de hábitos e à promoção de espaços de autocuidado, se torna possível transformar o fim de semana em uma oportunidade de renovação, atenuando os impactos emocionais e garantindo maior leveza na transição para a semana subsequente.
Maria Klien - psicóloga, se orientando pela investigação dos distúrbios ligados ao medo e à ansiedade. Sua atuação clínica integra métodos tradicionais e práticas complementares, visando atender às necessidades emocionais dos indivíduos em seus universos particulares. Como empreendedora, empenha-se em ampliar a oferta de recursos terapêuticos que favorecem a saúde psíquica, promovendo instrumentos destinados ao equilíbrio mental e ao enfrentamento de questões que afetam o bem-estar psicológico de cada paciente.
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