Comportamentalista animal explica como funciona a readaptação de animais depois da tragédia e dá dicas valiosas para o processo ser bem sucedido
A tragédia que afetou o Sul do país no último mês deixou muitas marcas, entre elas, diversos animais desabrigados que buscam um novo lar e uma nova chance para ser feliz e bem cuidados. Porém, assim como os seres humanos, os animais sofrem traumas e podem demonstrar resistência e até mesmo medo quando encontram um novo tutor.
Por isso, o processo de readaptação precisa ser paciente e respeitoso, como comenta Wagner Brandão, comportamentalista animal com anos de experiência, “Cada animal tem uma história única e reações diferentes a traumas passados. Avaliar individualmente é essencial para entender suas necessidades específicas. No começo o animal pode apresentar comportamentos como latidos excessivos, medo e isolamento, por isso a paciência deve ser a primeira coisa que o tutor deve ter em mente quando resgatar um animal.”
É importante lembrar também que animais passam por momentos de luto quando perdem seu tutor ou são separados de outros animais. “Os pets são capazes de formar um vínculo emocional muito forte. A perda dessa conexão pode ter um impacto significativo na sua saúde emocional e física bem como no seu comportamento no dia a dia. Por exemplo: é muito comum que alguns gatos percam uma quantidade enorme de pelos quando são separados dos seus donos ou de outros animais. É preciso ter isso em mente quando se está disposto a adotar um animal que já passou por algum trauma.” complementa Wagner Brandão.
Confira algumas dicas práticas do comportamentalista animal para
fazer a readaptação dos animais resgatados.
- Ambiente seguro e estável
O primeiro passo para a readaptação de um animal é fazer uma
avaliação do estado mental e físico dele, para isso, consulte um profissional
da área. Em seguida é fundamental proporcionar um ambiente seguro e estável.
"Os animais precisam de um espaço onde se sintam protegidos e possam se
adaptar gradualmente às novas condições. Um local tranquilo, sem muitos
estímulos externos, é ideal nos primeiros dias", afirma Brandão.
- Socialização gradual
A socialização é um aspecto chave na readaptação. Brandão explica:
"Introduza o animal a outros animais e pessoas de forma gradual. Comece
com encontros curtos e aumente a duração conforme o animal se mostra mais
confortável. Isso ajuda a reduzir a ansiedade e a construir confiança entre
todos. Porém, se ver que o animal está apresentando muita resistência, raiva o
medo, suspenda por alguns dias e volte a socialização depois"
Além disso, é importante monitorar o progresso do animal e fazer
ajustes conforme necessário. Brandão aconselha: "Observe o comportamento
do animal e esteja pronto para adaptar o plano de readaptação. Cada animal
responde de maneira diferente, e a flexibilidade é crucial."
- Rotina Consistente
Manter uma rotina consistente é benéfico para a adaptação.
"Os animais prosperam com previsibilidade. Estabeleça horários regulares
para alimentação, passeios e brincadeiras. Isso ajuda a criar uma sensação de
segurança e normalidade", sugere o especialista.
- Paciência e Amor
Por fim, Wagner Brandão enfatiza a importância da paciência e do
amor nesse processo: "A readaptação pode ser lenta e desafiadora, mas com
paciência, carinho e compreensão, é possível transformar a vida desses animais.
Eles têm uma incrível capacidade de recuperação e podem florescer em um
ambiente seguro e amoroso."
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