Documento produzido pelo Observatório Brasil da Igualdade de Gênero, do Ministério das Mulheres, retrata a situação das brasileiras a partir de indicadores, e será divulgado na quarta-feira (24)
O Ministério das Mulheres divulga, nesta quarta-feira (24), o
Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (Raseam), marcando a retomada após
quatro anos sem publicação. O documento traz uma compilação descritiva e
analítica de dados produzidos a partir de 2020, referentes ao perfil
demográfico e socioeconômico das brasileiras e torna-se uma importante fonte
para subsidiar a elaboração e implementação de políticas públicas.
As informações foram obtidas de diversas fontes oficiais como Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Tribunal Superior Eleitoral,
ministérios, entre outros, compilados pelo Observatório Brasil da Igualdade de
Gênero (OBIG).
“Ao assumir o Ministério das Mulheres, em janeiro de 2023, afirmei
meu compromisso com a retomada das políticas para as mulheres, tendo por base a
produção e disseminação de dados e informações confiáveis e transparentes, que
são cruciais para a formulação de quaisquer ações do Governo em prol das
mulheres”, diz a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.
O relatório está dividido em três partes. A primeira traz um texto
descritivo dos principais indicadores de cada tema. A segunda é uma síntese,
com os dados considerados mais relevantes para a apreensão da realidade das
mulheres brasileiras. A terceira apresenta todos os indicadores do Raseam de
forma mais completa, expondo os dados desagregados para Brasil e Grandes
Regiões.
Ao todo, são sete eixos temáticos: Estrutura Demográfica;
Autonomia Econômica e Igualdade no Mundo do Trabalho; Educação; Saúde Integral,
Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos; Enfrentamento de todas as formas de
violência contra as mulheres; Mulheres em espaços de poder e decisão; e
Mulheres no Esporte. Eles trazem 270 indicadores.
O relatório é um registro consistente sobre a situação das
mulheres em diversos âmbitos da vida social que tem servido para subsidiar a
formulação de políticas públicas e o acesso à informação para que a sociedade
possa cobrar o governo. Além disso, está alinhado com os princípios da política
de governança na administração pública contribuindo para o processo decisório
baseado em evidências”, destaca a coordenadora-geral do Observatório Brasil da
Igualdade de Gênero, Camila Firmino.
O primeiro indicador do documento mostra que as mulheres estão em
maioria no Brasil, sendo 104,5 milhões numa população de 203,1 milhões de
pessoas, segundo dados do Censo Demográfico de 2022. Seriam 94 homens para cada
100 mulheres. Ainda assim, em algumas áreas como postos de trabalho, cargos de
liderança, no esporte e na política, elas ainda são minoria.
Mulheres em espaços de poder
No Congresso Nacional, por exemplo, 95% dos líderes partidários na
Câmara dos Deputados e 78% no Senado são homens. Outro espaço relevante de
tomada de decisões são as comissões permanentes, cujas presidências estão, em
mais de 80% dos casos, nas mãos deles. Apenas quando são comissões mistas, as
mulheres são maioria nas presidências: 75%.
Isso também se reflete no esporte. Segundo o Raseam, nas
Olimpíadas de Tóquio, em 2020, dos 105 técnicos, apenas sete eram mulheres
(6,7%).
Elas são maioria no cuidado com os outros
Por outro lado, elas são as que ocupam a maioria dos espaços que
envolvem o cuidado, inclusive nas profissões. Dados compilados pelo Raseam
mostram que as mulheres que se inserem no mercado de trabalho tendem a se
concentrar em alguns grupamentos de atividades, tais como Administração
pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais,
que figuram entre as principais áreas de ocupação. Além disso, 12,7% atuam em
serviços domésticos, setor predominantemente feminino.
Os dados mostram, ainda, que em 2022 as mulheres dedicavam, em média, 21,3 horas por semana às atividades de afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas, os homens destinavam apenas 11,7 horas semanais. Esse tempo diminui, porém, na medida em que a renda aumenta, possivelmente justificado pela contratação de mão de obra terceirizada, como de babás, empregadas domésticas e creche/escola.
Trabalho
A taxa de participação na força de trabalho, que é a proporção da
população de 14 anos ou mais de idade que está ocupada ou desocupada, tende a
ser historicamente menor entre as mulheres, seja pela entrada tardia delas no
mercado de trabalho, ou pela desigual divisão dos afazeres domésticos e da
responsabilidade com filhos (as), idosos ou outras pessoas que necessitam de
cuidados.
Neste sentido, em 2020, durante a pandemia de coronavírus,
enquanto 69,5% dos homens de 14 anos ou mais de idade participavam do mercado
de trabalho, trabalhando ou buscando trabalho, menos da metade das mulheres do
País (49,3%) o faziam. Contudo, com a flexibilização das medidas sanitárias a
partir de 2021, a taxa de participação na força de trabalho voltou a aumentar,
chegando a 52,5% para mulheres e 71,9% para homens em 2022.
Apesar de terem uma participação menor que a dos homens no mercado de trabalho, quando ocupadas, as mulheres tendem a se inserir mais formalmente que os homens. Em 2022, enquanto a taxa de informalidade das mulheres era de 37,9%, a dos homens era de 40,6%.
Educação, saúde e violência
O Raseam também compilou dados referentes à educação, mostrando
que há uma proporção maior de mulheres que alcançaram os níveis mais elevados
de escolaridade em comparação aos homens; e de saúde, revelando a diminuição da
taxa de mortalidade materna desde 1990, quando a razão foi de 141 mortes por
100 mil nascidos vivos. Já em 2019, esse índice caiu para 55 mortes por 100 mil
nascidos vivos.
Índices de feminicídio, estupro e população carcerária também
constam no relatório, trazendo dados já conhecidos, como o número de
assassinatos de mulheres em razão de gênero, totalizando 1.366 ocorrências em
2023, a maioria provocada por pessoas do sexo masculino, na casa da vítima e
por quem ela tinha convivência.
Outros números menos divulgados também aparecem, como a quantidade de mulheres aprisionadas: 45.259, fazendo do Brasil o país com a terceira maior população carcerária feminina do mundo.
Uma década de Raseam
Instituído há uma década, o Raseam foi regulamentado pelo Decreto
8.131/2013 e busca responder à demanda social e institucional por produção e
divulgação de dados sobre a realidade das mulheres brasileiras e a sua edição
anual é retomada justamente em um período de reconstrução das políticas
públicas no Brasil.
Publicado pela primeira vez em 2013, ele tem por objetivo reunir e
disponibilizar, em uma só obra, dados que se encontram dispersos em fontes
oficiais diversas ou ainda inacessíveis para a população.
Confira síntese do Raseam: anexo
1.pdf
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