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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Diagnóstico por redes sociais: entenda importância de procurar atendimento médico para identificar distúrbios como o TEA

A facilidade de acesso às mídias digitais tem feito surgir uma tendência de autodiagnósticos de doenças neurológicas por meio de vídeos rápidos sem respaldo científico

 

Nos últimos meses, uma tendência preocupante tem ganhado espaço nas redes sociais: a oferta de testes rápidos para detectar o Transtorno do Espectro Autista (TEA), muitas vezes sem qualquer respaldo científico. Esses vídeos geralmente contêm perguntas simples ou tarefas visuais, como ordenar objetos por cor ou responder a questões sobre preferências pessoais para identificar o Transtorno, que atinge 70 milhões de pessoas no mundo, sendo 2 milhões no Brasil, segundo projeções da Organização das Nações Unidas (ONU). 

A oferta desses testes nas redes sociais pode levar milhares pessoas a se autodiagnosticarem erroneamente e a buscarem tratamentos inadequados e até mesmo perigosos. Cabe destacar que a automedicação com base em diagnósticos não profissionais representa um fator de risco à saúde mental e física dos indivíduos, sendo a responsável por cerca de 20 mil mortes por ano no Brasil, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma).  

De acordo com a profissional de Neurocirurgia da rede AmorSaúde, doutora Elisa Braun Rizkalla, em especial o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista deve ser feito por profissionais especializados em saúde mental, a exemplo de psicólogos, psiquiatras e neurologistas ou neurocirurgiões. “O diagnóstico não é baseado em apenas um instrumento ou teste, mas sim em uma avaliação abrangente de vários aspectos do desenvolvimento da criança e das características da pessoa adulta, por isso envolve uma equipe multidisciplinar especializada. Por isso, não hesite em procurar ajuda profissional caso identifique sinais de autismo em si mesmo ou na criança sob sua responsabilidade”, indica a profissional da maior rede de clínicas médico-odontológicas do Brasil.

 

Diferença do diagnóstico em adultos e crianças 

Conforme destaca a Dra. Elisa Braun, o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) exige cuidados especiais, entre outros motivos, porque pode apresentar algumas diferenças em crianças e em adultos, devido a diversos fatores, tais como a manifestação dos sintomas, a evolução do quadro ao longo do tempo e a forma como o transtorno é percebido pela sociedade. 

“Em crianças, os sintomas do autismo costumam ser mais evidentes e fáceis de identificar, incluindo dificuldades de comunicação, interação social e comportamentos repetitivos. Já em adultos, os sintomas podem se manifestar de forma mais sutil, podendo ser confundidos com características de personalidade ou de outros transtornos mentais”, diferencia a médica. 

De acordo com a médica, muitas crianças autistas apresentam outras condições médicas ou transtornos, como déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ou transtorno de ansiedade, o que também pode afetar o processo diagnóstico. Já em adultos, o diagnóstico pode ser complicado pela presença de outras condições médicas não diagnosticadas anteriormente. 

Alguns transtornos que compartilham características semelhantes com o TEA e podem ser confundidos com ele incluem: 

·         Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), que pode apresentar sintomas semelhantes, como dificuldade de concentração, hiperatividade e impulsividade;

·         Transtorno do Espectro da Coordenação (TEC), que, por afetar a coordenação motora, pode apresentar dificuldades semelhantes às observadas em indivíduos com autismo, como deficiências motoras finas e grossas;

·         Transtorno de Comunicação Social (SCD), por envolver dificuldades na comunicação social e interpessoal, porém sem os comportamentos repetitivos e estereotipados associados ao autismo;

·         Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), já que algumas pessoas podem apresentar comportamentos repetitivos e rituais semelhantes aos observados em indivíduos com autismo. 

Por isso, ao identificar sinais que indicam a possibilidade de Transtorno do Espectro Autista – na própria pessoa ou na criança pela qual ela é responsável – é importante procurar um profissional de saúde com atuação na área. “O primeiro passo é marcar uma consulta com um médico de família ou clínico geral, que poderá encaminhá-la para um profissional com atuação na área de saúde mental, como um psiquiatra, psicólogo ou neurologista/neurocirurgião”, explica a médica.

 

O processo de diagnóstico geralmente envolve uma avaliação multidisciplinar. “No caso das crianças, inclui entrevistas com os pais ou responsáveis, observação do comportamento da criança em diferentes contextos e a utilização de instrumentos padronizados de avaliação, avaliações neuropsicológicas, testes de desenvolvimento, exames físicos e, por vezes, laboratoriais para descartar outras possíveis causas dos sintomas apresentados pela criança”, diz a profissional de Neurocirurgia.

 

Importância do diagnóstico de autismo

 

Quanto mais cedo o TEA for diagnosticado, mais cedo a intervenção e o suporte apropriados podem ser fornecidos. “A precocidade do diagnóstico é fundamental para o início de intervenções precoces e adequadas, que podem melhorar significativamente a qualidade de vida da criança e da pessoa autista, como terapia comportamental, terapia ocupacional, fonoaudiologia, entre outros”, indica a médica.

 

O diagnóstico também pode contribuir para a identificação e o tratamento de condições médicas coexistentes, já que muitas vezes o autismo está associado a transtornos do sono, TDAH e epilepsia, entre outros.

 

Há ainda uma questão social relacionada ao diagnóstico correto. “O diagnóstico de autismo pode ajudar a família e a comunidade a entender melhor as dificuldades e necessidades do indivíduo, promovendo uma maior aceitação e inclusão social, além de permitir à família planejar o futuro do indivíduo, considerando suas necessidades e habilidades específicas”, fala a doutora Elisa.

 

Principais sinais de autismo em crianças

 

Algumas das principais características comportamentais do TEA que diferenciam essa condição de outras condições neurológicas ou psiquiátricas incluem maior dificuldade na interação social; dificuldades em compreender e interpretar as emoções, expressões faciais e sinais sociais dos outros; comportamentos repetitivos e restritos; interesses restritos e rígidos em determinados temas ou atividades, também conhecido como hiperfoco; e sensibilidade sensorial aumentada ou diminuída aos estímulos.

 

A profissional de Neurocirurgia da rede AmorSaúde aponta quais são alguns dos principais sinais e sintomas que os pais ou cuidadores devem observar para suspeitar de TEA em uma criança e buscar apoio profissional: 

1.   Dificuldade em se comunicar, como não falar ou ter dificuldade em iniciar ou manter uma conversa.

2.   Comportamento repetitivo, como movimentos de balanço, bater palmas ou alinhar objetos de forma repetitiva.

3.   Falta de interesse em brincar com outras crianças ou em participar de atividades sociais.

4.   Sensibilidade extrema a estímulos sensoriais, como luzes brilhantes, sons altos, texturas de alimentos, entre outros.

5.   Dificuldade em manter contato visual durante uma conversa.

6.   Atraso no desenvolvimento da linguagem e habilidades motoras.

7.   Incapacidade de entender ou expressar emoções de forma apropriada.

8.   Intensa fixação em certos temas, objetos ou atividades.

“É importante ressaltar que cada criança com TEA é única e pode apresentar uma combinação única de sintomas, portanto, é crucial observar o comportamento e o desenvolvimento da criança como um todo para identificar possíveis sinais de autismo”, frisa a doutora Elisa Braun. 

Em caso de suspeita, é essencial procurar a avaliação de um profissional com atuação na área de Transtorno do Espectro Autista para um diagnóstico preciso e intervenção adequada.


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