Evidências apontam alto índice de
internações devido à piora clínica causada pelo vírus; dependendo do caso, pode
ocorrer a suspensão de tratamento e até levar a óbito
Com a explosão das infecções atuais, muito se discute sobre os impactos que essas doenças causam em nosso organismo. A Covid-19, a gripe H1N1 e a dengue são doenças que, cada uma na sua intensidade e modo, trazem grandes desafios e preocupações para a saúde nacional. Com semelhanças, por exemplo, na estrutura viral e diferenças, como na transmissão e letalidade, as três têm um fator em comum: são causadoras de impactos que devem ser estudados para melhorar a qualidade da saúde da população.
As infecções respiratórias são grandes portas de entrada para complicações de outras doenças. Ultimamente, muitos estudos demonstram as sequelas causadas pela Covid-19 nos pulmões, cérebro e coração, mas outras doenças como dengue, Influenza e até mesmo a gripe podem impactar em pacientes oncológicos e cardíacos.
De acordo com o Dr. Fernando Assakawa, cardiologista do Hcor, é
possível observar um aumento no índice de internações devido a problemas como
infarto agudo do miocárdio, miocardite e tromboembolismo. “O coração é o órgão
responsável por bombear o sangue para todo o corpo. Quando o vírus está dentro
do organismo, ele pode causar vários danos e inflamação em diversos órgãos. Um
deles é o coração, sendo a inflamação do músculo cardíaco uma das possíveis
complicações que podem reduzir ou até mesmo dificultar o bombeamento do sangue
adequado aos órgãos necessários”, explica o especialista.
Outras complicações que podem ocorrer são os acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e insuficiência cardíaca, principalmente em pacientes portadores de alguma cardiopatia. “Em casos como esses, o coração do paciente tem maior dificuldade em bombear o sangue. Quando o indivíduo é acometido por alguma infecção viral, respiratória ou por uma arbovirose, como a dengue, ocorre um aumento da demanda ao coração, seja pela febre ou desidratação que pode acarretar em alguma arritmia ou descompensação cardíaca. É importante ficar atento, pois o coração pode apresentar dificuldade de adaptação neste cenário e provocar um evento de maior gravidade”, alerta Dr. Fernando.
Em paralelo, a dengue, assim como qualquer outra infecção, atrapalha o tratamento oncológico porque pode atrasar, adiar ou interromper temporariamente a quimioterapia e/ou a radioterapia. Além disso, os pacientes com câncer têm mais chances de apresentar dengue grave. Esse risco é maior nos pacientes com câncer acima de 60 anos, que também apresentam comorbidades, como diabetes, hipertensão arterial, cardiopatia, doença renal ou pulmonar crônica, por exemplo.
Por isso, pacientes que estão em tratamento oncológico devem redobrar os cuidados. Geralmente, indivíduos que passam pelo processo de quimioterapia têm o sistema imunológico mais fragilizado, tornando-os mais suscetíveis a contrair infecções respiratórias. “Com o diagnóstico preciso de dengue, gripe ou influenza, a pessoa deve contatar seu médico de rotina o mais breve possível para que a melhor conduta seja aplicada, a fim de evitar uma complicação na própria patologia oncológica”, afirma Dr. Henrique Alkalay, oncologista clínico do Hcor.
O médico reforça, ainda, que cânceres hematológicos (como as leucemias e os linfomas) e os tumores de fígado podem chamar ainda mais a atenção por já possuírem características comuns de distúrbio de plaquetas ou anemia. “A dengue, influenza e gripe são capazes de causar lesões que impedem uma coagulação precisa do sangue, fazendo com que o paciente possua sangramentos e uma recuperação ainda mais difícil”.
Os especialistas ressaltam que a melhor forma de evitar contrair
qualquer um dos vírus é manter o calendário vacinal completo. “Em casos de
pacientes que estejam em tratamento imunoterápico, é necessário avaliar cada
separadamente”, aponta Dr. Henrique. Para evitar o contágio pela dengue, os
cuidados são os mesmos: não deixar água acumulada e usar repelente.
Hcor
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