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sexta-feira, 12 de abril de 2024

Como medir a pressão arterial de forma precisa? O que mudou na maneira de se obter um diagnóstico correto?

 

Para responder a estas questões tão importantes para cardiologistas, médicos de outras especialidades, gestores, profissionais da saúde e, principalmente, pacientes, a Sociedade Brasileira de Cardiologia lançará, neste mês de abril, as Diretrizes Brasileiras de Medidas da Pressão Arterial Dentro e Fora do Consultório.

O documento, elaborado por 67 profissionais que estão entre os principais especialistas do país, será divulgado no 1° Encontro de Departamentos da Cardiologia, que acontece entre os dias 12 e 13 de abril, no Centro de Convenções Frei Caneca.

A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco modificáveis para morbidade e mortalidade em todo o mundo, sendo um dos maiores fatores de risco para doença arterial coronária, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência renal.

Quase 24% (23,93%) da população brasileira é hipertensa, de acordo com o relatório Estatística Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia de 2023. A prevalência entre as mulheres supera a registrada entre os homens, com 26,45% e 21,06%, respectivamente.

Quanto aos grupos etários, a mais alta prevalência de hipertensão no país, 61%, foi observada em indivíduos com idade a partir de 65 anos. Por outro, lado estima-se, entre crianças e adolescentes, que cerca de 10% desta fatia relevante da nossa população já conviva com a hipertensão arterial.

 

Como medir a pressão arterial em 2024?

De acordo com as novas Diretrizes Brasileiras de Medidas da Pressão Arterial Dentro e Fora do Consultório, o diagnóstico definitivo da Hipertensão Arterial não deve considerar apenas os resultados obtidos nas medidas realizadas em consultórios.

“Orientar médicos e pacientes para aumentar a eficácia de métodos para avaliação da pressão arterial também fora dos consultórios é uma agenda fundamental para uma abordagem populacional efetiva sobre este fator importante de risco cardiovascular no Brasil e no mundo”, afirma o coordenador destas Diretrizes, o cardiologista Audes Feitosa.

A Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) e a Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA) e Automedida da Pressão Arterial (AMPA) são as principais metodologias para se monitorar a Pressão Arterial fora do consultório médico.

A utilização destas técnicas e equipamentos auxiliam na elaboração de um diagnóstico mais complexo e assertivo, detectando variações comuns como a hipertensão do avental branco (HAB), hipertensão mascarada (HM), alterações da pressão arterial no sono e hipertensão arterial resistente (HAR), condições não detectadas com acompanhamento restrito aos consultórios.

“O acesso a estes equipamentos e profissionais capacitados nos serviços de saúde se faz necessário e merece um olhar atento na formulação de políticas de saúde. Estas Novas Diretrizes oferecem um embasamento técnico e científico altamente qualificado para orientar gestores, médicos e demais profissionais da saúde”, avalia Feitosa.

 

No Consultório

A medida da pressão arterial é um procedimento obrigatório em qualquer atendimento médico ou realizado por diferentes profissionais de saúde.

As Novas Diretrizes demonstram que o emprego de técnicas e/ou equipamentos inadequados podem levar a diagnósticos incorretos, tanto subestimando quanto superestimando valores e levando a condutas inadequadas e grandes prejuízos à saúde e à economia das pessoas e dos sistemas de saúde.

Considera-se hipertensão se PAS ≥ 140 mmHg ou PAD < 90 mmHg, e deve ser classificada em estágios 1, 2 e 3.


Tabela 01

Classificação da pressão arterial de acordo com a medida no consultório a partir de 18 anos de idade

Classificação

PA sistólica (mmHg)

PA diastólica (mmHg)

Ótima

< 120 e

< 80

Normal

120-129 e/ou

80-84

Pré-hipertensão

130-139 e/ou

85-89

Hipertensão estágio 1

140-159 e/ou

85-89

Hipertensão estágio 2

160-179 e/ou

100-109

Hipertensão estágio 3

≥ 180 e/ou

≥ 110

 

Maior complexidade no diagnóstico

As Novas Diretrizes Brasileiras de Medidas da Pressão Arterial Dentro e Fora do Consultório apontam que o diagnóstico final não deve se embasar em uma única medida, considerando que os indicadores são variáveis.

“Níveis pressóricos que não se enquadrem em estágio 3 em ambiente de consultório, por exemplo, devem ser reavaliados em medidas subsequentes para a confirmação diagnóstica, bem como para a definição do estágio de hipertensão”, explica.

Ainda assim, com alguma frequência, os valores obtidos nos consultórios não são suficientes para a caracterização da hipertensão arterial. As medidas de consultório estão sujeitas a inúmeros vieses (erros sistemáticos) e a utilização de outros métodos de medida para o diagnóstico são necessários.

Olhar para a jornada de pacientes a partir de suas características como gênero, faixa etária, classe social e condições diversas de saúde também foi outro aspecto relevante trazido pelas novas Diretrizes.

 

Fora do Consultório

Ao longo do tempo, foram agregadas alternativas a ela, mediante o uso de equipamentos automáticos pelo próprio paciente, nas salas de espera ou fora do consultório, em sua própria residência ou em espaços públicos.

Um passo adiante foi dado com o uso de equipamentos automáticos providos de memória que permitem medidas sequenciais fora do consultório (AMPA; ou MRPA) e outros automáticos que permitem medidas programadas por períodos mais prolongados (MAPA).

Alguns aspectos na medida da pressão arterial podem interferir na obtenção de resultados fidedignos e, consequentemente, causar prejuízo nas condutas a serem tomadas. Entre eles, estão: a importância de serem utilizados valores médios, a variação da pressão arterial durante o dia e a variabilidade a curto prazo.

Esse contexto tem estimulado a realização de maior número de medidas em diversas situações. Ganham cada vez mais espaço os equipamentos que realizam MRPA ou MAPA.


Tabela 02

Valores de pressão arterial considerados anormais nas medidas Casuais (consultório), pela MAPA (nas 24 horas, vigília e Durante o sono) e na MRPA para definição de diagnósticos 

 

PAS (mmHg)

 

PAD (mmHg)

Consultório

≥ 140

e/ou

≥ 90

MAPA 24 horas

≥ 130

e/ou

≥ 80

MAPA Vigília

≥ 135

e/ou

≥ 85

MAPA Sono

≥ 120

e/ou

≥ 70

MRPA – MAPA 5d*

≥ 130

e/ou

≥ 80

 

 

PAS: pressão Arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica.


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