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quinta-feira, 11 de abril de 2024

Acidentes de trabalho - Brasil está entre os países com mais óbitos

   Foram mais de 612 mil acidentes no trabalho em 2022, um a cada 51 segundos, segundo a última aferição. O Brasil está em quarto lugar no ranking de países com mais mortalidade no trabalho 


Quase três milhões de pessoas morrem a cada ano no mundo devido a acidentes e doenças relacionados com o trabalho, um aumento de mais de 5% em comparação com 2015, de acordo com novas estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT).  

Os acidentes de trabalho são responsáveis por outras 330 mil mortes, segundo a análise. O relatório ressalta que morrem mais homens (51,4 por 100.000 adultos em idade ativa) em comparação com as mulheres (17,2 por 100.000). A região da Ásia e do Pacífico apresenta a mais elevada mortalidade relacionada com o trabalho (63% do total global) devido à dimensão da força de trabalho da região.

Além da tragédia global das mortes relacionadas com o trabalho, a OIT estima que 395 milhões de trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo sofreram lesões de trabalho não fatais, o que prejudica a sua saúde e acarreta faltas ao trabalho.

 

Brasil – quarto País que registra mais óbitos no trabalho

O Brasil é o quarto País que possui maior taxa de mortalidade no trabalho, ficando atrás apenas de China, Índia e Indonésia. Só em 2022 (aferição mais recente) segundo a OIT, registramos 612,9 mil acidentes, que causaram 2.538 mortes, um aumento de 22% em relação a 2021. Ainda de acordo com a entidade, um acidente de trabalho é registrado a cada 51 segundos e um óbito acontece a cada 3 horas no País.

O Dr. Ricardo Pacheco, médico, gestor em saúde e presidente da ABRESST (Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho) e da Oncare Saúde, ressalta que só em 2022, registramos 612,9 mil acidentes, que causaram 2.538 mortes, um aumento de 22% em relação a 2021. “Fica muito claro que esse aumento no número de acidentes laborais tem vários motivos, e um dos mais impactantes é o reflexo da atual situação da inspeção do trabalho no País, que conta, hoje, com o menor contingente de auditores-fiscais do trabalho (AFTs) dos últimos 30 anos, operando com uma quantidade de profissionais bem abaixo da ideal. Isso dificulta muito o trabalho de fiscalização nas empresas e abre brechas para que mais acidentes aconteçam”, alerta.

         Outros motivos, não menos importantes, estão relacionados ao investimento necessário que não é priorizado, e à cultura prevencionista, que não é uma realidade no País. “As empresas infelizmente ainda veem a saúde e segurança no trabalho como um custo, e não um investimento que vai impactar nos seus caixas lá na frente. Promover uma cultura prevencionista, com todas as ações que implica essa atitude, só traz benefícios, para os trabalhadores, para as empresas e para o Brasil. Ficarmos passivos diante da morte de mais de 15 mil pessoas em acidentes de trabalho (dados do Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho entre 2016 e 2022) é um erro fatal, e os números estão mostrando isso”, alerta o médico que preside a ABRESST.

 

Doenças ocupacionais também são acidentes de trabalho

 

A subnotificação justifica o tema da campanha Abril Verde, do Ministério Público do Trabalho, neste ano: Adoecimento também é acidente do trabalho — Conhecer para prevenir. O slogan não é mero reflexo de uma opção do legislador brasileiro, mas o reconhecimento de que a afetação da saúde do trabalhador pelas condições e pela organização do trabalho emite um sinal claro de que as medidas de prevenção são insuficientes ou inexistentes.

 

Para o presidente da Oncare Saúde, outro fator importante que distorce as estatísticas oficiais relacionadas aos acidentes do trabalho diz respeito à quantidade cada vez menor de empregos formais. “As notificações acontecem por meio da Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT), que é possível somente para os acidentes dos trabalhadores que têm a carteira de trabalho assinada. Se for feito um levantamento dos acidentes (e doenças ocupacionais) de trabalhadores que estão na informalidade, teremos números alarmantes”, lamenta Dr. Ricardo Pacheco.

 

O papel das empresas de SST para reduzir as lamentáveis estatísticas

 

Para o presidente da ABRESST (Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho) e da Oncare Saúde, as empresas de saúde e segurança no trabalho desempenham um papel fundamental na redução de acidentes, doenças e óbitos no ambiente laboral. Aqui estão algumas das maneiras pelas quais elas são importantes:

·         * Prevenção de acidentes - as empresas de saúde e segurança no trabalho implementam medidas preventivas para evitar acidentes. Isso inclui a identificação e correção de potenciais perigos, a implementação de procedimentos de segurança e o fornecimento de treinamento adequado para os trabalhadores.

·         * Promoção da saúde ocupacional - essas empresas trabalham para melhorar a saúde dos trabalhadores, fornecendo programas de bem-estar e saúde ocupacional. Isso pode incluir serviços como exames médicos regulares, rastreamento de saúde e programas de promoção da saúde mental.

·         * Cumprimento da legislação - as empresas de saúde e segurança no trabalho ajudam as organizações a cumprirem as leis e regulamentos de saúde e segurança ocupacional. Isso ajuda a evitar multas e penalidades legais, além de proteger os trabalhadores.

·         * Redução do absenteísmo - ao promover um ambiente de trabalho seguro e saudável, essas empresas ajudam a reduzir o absenteísmo causado por doenças e lesões relacionadas ao trabalho. Isso beneficia tanto os trabalhadores quanto os empregadores, aumentando a produtividade e reduzindo os custos associados à substituição de funcionários ausentes.

·         * Melhoria da produtividade - trabalhadores saudáveis e seguros tendem a ser mais produtivos. As empresas de saúde e segurança no trabalho ajudam a melhorar a eficiência no local de trabalho, garantindo que os funcionários estejam bem treinados, motivados e saudáveis.

·        *  Proteção da reputação da empresa - manter altos padrões de saúde e segurança no trabalho é essencial para proteger a reputação da empresa. Um histórico ruim em termos de segurança pode afetar negativamente a imagem da empresa e sua capacidade de atrair e reter talentos.

·         * Redução dos custos - acidentes de trabalho e doenças ocupacionais podem ser extremamente custosos para as empresas, em termos de compensação dos trabalhadores, custos médicos, seguro mais elevado e perda de produtividade. Investir em saúde e segurança no trabalho pode ajudar a reduzir esses custos a longo prazo.

“As empresas de saúde e segurança no trabalho desempenham um papel crucial na proteção dos trabalhadores e na promoção de ambientes de trabalho seguros e saudáveis. Ao prevenir acidentes, reduzir doenças ocupacionais e melhorar a saúde geral dos trabalhadores, essas empresas não apenas protegem vidas, mas também contribuem para o sucesso a longo prazo das organizações”, completa o presidente da ABRESST.

 

Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho


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