Foram mais de 612 mil acidentes no trabalho em 2022, um a cada 51 segundos, segundo a última aferição. O Brasil está em quarto lugar no ranking de países com mais mortalidade no trabalho
Quase
três milhões de pessoas morrem a cada ano no mundo devido a acidentes e doenças
relacionados com o trabalho, um aumento de mais de 5% em comparação com 2015,
de acordo com novas estimativas da Organização
Internacional do Trabalho (OIT).
Os
acidentes de trabalho são responsáveis por outras 330 mil mortes, segundo a
análise. O relatório ressalta que morrem mais homens (51,4 por 100.000 adultos
em idade ativa) em comparação com as mulheres (17,2 por 100.000). A região da
Ásia e do Pacífico apresenta a mais elevada mortalidade relacionada com o
trabalho (63% do total global) devido à dimensão da força de trabalho da
região.
Além
da tragédia global das mortes relacionadas com o trabalho, a OIT estima que 395
milhões de trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo sofreram lesões de
trabalho não fatais, o que prejudica a sua saúde e acarreta faltas ao trabalho.
Brasil – quarto País que
registra mais óbitos no trabalho
O
Brasil é o quarto País que possui maior taxa de mortalidade no trabalho,
ficando atrás apenas de China, Índia e Indonésia. Só em 2022 (aferição mais recente) segundo a OIT, registramos 612,9 mil
acidentes, que causaram 2.538 mortes, um aumento de 22% em relação a
2021. Ainda de acordo com a entidade, um acidente de trabalho é registrado a cada 51 segundos e um óbito
acontece a cada 3 horas no País.
O
Dr. Ricardo Pacheco, médico, gestor em saúde e presidente da ABRESST
(Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho) e da
Oncare Saúde, ressalta que só em 2022,
registramos 612,9 mil acidentes, que causaram 2.538 mortes, um aumento de 22%
em relação a 2021. “Fica muito claro que esse aumento no número de
acidentes laborais tem vários motivos, e um dos mais impactantes é o reflexo da
atual situação da inspeção do trabalho no País, que conta, hoje, com o menor
contingente de auditores-fiscais do trabalho (AFTs) dos últimos 30 anos,
operando com uma quantidade de profissionais bem abaixo da ideal. Isso
dificulta muito o trabalho de fiscalização nas empresas e abre brechas para que
mais acidentes aconteçam”, alerta.
Outros
motivos, não menos importantes, estão relacionados ao investimento necessário
que não é priorizado, e à cultura prevencionista, que não é uma realidade no
País. “As empresas infelizmente ainda veem a saúde e segurança no trabalho como
um custo, e não um investimento que vai impactar nos seus caixas lá na frente.
Promover uma cultura prevencionista, com todas as ações que implica essa
atitude, só traz benefícios, para os trabalhadores, para as empresas e para o
Brasil. Ficarmos passivos diante da morte de mais de 15 mil pessoas em
acidentes de trabalho (dados do Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho entre
2016 e 2022) é um erro fatal, e os números
estão mostrando isso”, alerta o médico que preside a ABRESST.
Doenças ocupacionais também
são acidentes de trabalho
A subnotificação justifica o tema da
campanha Abril Verde, do Ministério Público do Trabalho, neste ano: Adoecimento
também é acidente do trabalho — Conhecer para prevenir. O slogan não é mero
reflexo de uma opção do legislador brasileiro, mas o reconhecimento de que a
afetação da saúde do trabalhador pelas condições e pela organização do trabalho
emite um sinal claro de que as medidas de prevenção são insuficientes ou
inexistentes.
Para o presidente da Oncare Saúde,
outro fator importante que distorce as estatísticas oficiais relacionadas aos
acidentes do trabalho diz respeito à quantidade cada vez menor de empregos
formais. “As notificações acontecem por meio da Comunicação de Acidente do
Trabalho (CAT), que é possível somente para os acidentes dos trabalhadores que
têm a carteira de trabalho assinada. Se for feito um levantamento dos acidentes
(e doenças ocupacionais) de trabalhadores que estão na informalidade, teremos
números alarmantes”, lamenta Dr. Ricardo Pacheco.
O papel das
empresas de SST para reduzir as lamentáveis estatísticas
Para o presidente da
ABRESST (Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho) e
da Oncare Saúde, as empresas de saúde e segurança no trabalho desempenham um
papel fundamental na redução de acidentes, doenças e óbitos no ambiente
laboral. Aqui estão algumas das maneiras pelas quais elas são importantes:
·
* Prevenção de
acidentes -
as empresas de saúde e segurança no trabalho implementam medidas preventivas
para evitar acidentes. Isso inclui a identificação e correção de potenciais
perigos, a implementação de procedimentos de segurança e o fornecimento de
treinamento adequado para os trabalhadores.
·
* Promoção da
saúde ocupacional -
essas empresas trabalham para melhorar a saúde dos trabalhadores, fornecendo
programas de bem-estar e saúde ocupacional. Isso pode incluir serviços como
exames médicos regulares, rastreamento de saúde e programas de promoção da
saúde mental.
·
* Cumprimento da
legislação -
as empresas de saúde e segurança no trabalho ajudam as organizações a cumprirem
as leis e regulamentos de saúde e segurança ocupacional. Isso ajuda a evitar
multas e penalidades legais, além de proteger os trabalhadores.
·
* Redução do
absenteísmo -
ao promover um ambiente de trabalho seguro e saudável, essas empresas ajudam a
reduzir o absenteísmo causado por doenças e lesões relacionadas ao trabalho.
Isso beneficia tanto os trabalhadores quanto os empregadores, aumentando a
produtividade e reduzindo os custos associados à substituição de funcionários
ausentes.
·
* Melhoria da
produtividade -
trabalhadores saudáveis e seguros tendem a ser mais produtivos. As empresas de
saúde e segurança no trabalho ajudam a melhorar a eficiência no local de
trabalho, garantindo que os funcionários estejam bem treinados, motivados e
saudáveis.
·
* Proteção da
reputação da empresa - manter altos padrões de saúde e segurança no trabalho é
essencial para proteger a reputação da empresa. Um histórico ruim em termos de
segurança pode afetar negativamente a imagem da empresa e sua capacidade de
atrair e reter talentos.
·
* Redução dos
custos
- acidentes de trabalho e doenças ocupacionais podem ser extremamente custosos
para as empresas, em termos de compensação dos trabalhadores, custos médicos,
seguro mais elevado e perda de produtividade. Investir em saúde e segurança no
trabalho pode ajudar a reduzir esses custos a longo prazo.
“As empresas de saúde e segurança no trabalho desempenham
um papel crucial na proteção dos trabalhadores e na promoção de ambientes de
trabalho seguros e saudáveis. Ao prevenir acidentes, reduzir doenças
ocupacionais e melhorar a saúde geral dos trabalhadores, essas empresas não
apenas protegem vidas, mas também contribuem para o sucesso a longo prazo das
organizações”, completa o presidente da ABRESST.
Associação Brasileira de
Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho
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