Dr.
Marcos Dall’Oglio, urologista, reforça que apesar de eletiva, a cirurgia
oncológica é de suma importância para o paciente
Em 2018, no Brasil, aconteceram 7,1 milhões de
cirurgias eletivas segundo dados dos Sistemas Público e Privados de Saúde do
país. Se dividirmos por dia, cerca de 19,5 mil procedimentos cirúrgicos foram
realizados. Mas, o mesmo não vem acontecendo em 2020, pois entre março e junho,
quatro primeiros meses da pandemia do novo coronavírus, o Brasil deixou de
realizar cerca de 388 mil cirurgias eletivas no SUS, queda de 61%, segundo o
Ministério da Saúde.
"As cirurgias eletivas foram suspensas
devido à facilidade na transmissão do vírus e, também, porque, pacientes que
estavam apresentando síndromes respiratórias agudas e desenvolvendo quadros
graves da doença ocuparam a maioria dos leitos dos hospitais públicos e
privados. Porém, nós, médicos, estamos muito preocupados com aqueles que
estavam com cirurgias marcadas e não realizaram, por diversos motivos, como
avanço da doença e, também, aumento incontrolável da demanda", explica Dr.
Marcos Dall'Oglio, Urologista e Professor Livre-Docente da Faculdade de Medicina
da USP.
Além da vivência prática, operando em hospitais
públicos e privados, muito da preocupação se dá por conta de um artigo
publicado no "The Journal of Urology", revista científica da
"American Urological Association", que abordou os fatores que cercam o
atraso da detecção e do tratamento dos cânceres urológicos e, um deles é a
realização do procedimento cirúrgico que é de suma importância para vencer a
doença.
Mas, o tratamento vai muito além da cirurgia.
Mesmo que o paciente não consiga realizar o procedimento, aquele que foi
diagnosticado com câncer deve continuar o tratamento, como, por exemplo, a
radioterapia e a quimioterapia. "Sabemos que a quimioterapia e a
radioterapia tem efeitos adversos, proporcionando ao paciente maior exposição,
além de diminuir a imunidade frente ao coronavírus, mas é necessário a
continuação para a doença não avançar", explica o urologista.
Apesar de os procedimentos estarem voltando, o
Dr. Marcos Dall’Oglio está preocupado com o futuro, pois sabe que o número de
pacientes com câncer deve ter aumentado. E, o urologista tem razão, já que
segundo estimativas das Sociedades Brasileiras de Patologia e de Cirurgia
Oncológica, mais de 50 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados. Além
disso, outro fator que preocupa é de uma nova onda de coronavírus, o que pode
prejudicar o andamento dos tratamentos e parar, novamente, as cirurgias
eletivas.
"Estamos tomando todos os cuidados
necessários, mas não queremos, em hipótese alguma, parar de atender nossos
pacientes e deixa-los esperando. Infelizmente, o câncer não espera e a situação
pode ficar ainda mais grave para o cenário da saúde brasileira", finaliza
Dall’Oglio
Dr. Marcos Dall'Oglio - Possui graduação em Medicina pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1993) e doutorado em
Medicina (Urologia) pela Universidade Federal de São Paulo (2000). Professor
Livre-Docente da Faculdade de Medicina da USP desde 2008. Tem certificação para
atuar em cirurgia robótica (Urologia) pela Intuitive Da Vinci Surgical System
Training. Atuou como Diretor Médico Oncocirúrgico e Chefe do Setor de
Uro-Oncologia do Instituto de Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e como
Chefe do Setor de Uro-Oncologia da Divisão de Clínica Urológica do Hospital das
Clínicas (HCFMUSP). Professor Associado da Faculdade de Medicina da USP desde
2012. Atua em Cirurgia Robótica Urológica, com linhas de pesquisa
principalmente nos seguintes temas: fatores prognósticos do carcinoma de
células renais, câncer de bexiga, de próstata e testículo, neoplasias malignas
do trato genitourinário, técnicas cirúrgicas em urooncologia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário