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terça-feira, 22 de setembro de 2020

Pacientes diagnosticados com câncer precisam dar continuidade no tratamento

Dr. Marcos Dall’Oglio, urologista, reforça que apesar de eletiva, a cirurgia oncológica é de suma importância para o paciente


Em 2018, no Brasil, aconteceram 7,1 milhões de cirurgias eletivas segundo dados dos Sistemas Público e Privados de Saúde do país. Se dividirmos por dia, cerca de 19,5 mil procedimentos cirúrgicos foram realizados. Mas, o mesmo não vem acontecendo em 2020, pois entre março e junho, quatro primeiros meses da pandemia do novo coronavírus, o Brasil deixou de realizar cerca de 388 mil cirurgias eletivas no SUS, queda de 61%, segundo o Ministério da Saúde.

"As cirurgias eletivas foram suspensas devido à facilidade na transmissão do vírus e, também, porque, pacientes que estavam apresentando síndromes respiratórias agudas e desenvolvendo quadros graves da doença ocuparam a maioria dos leitos dos hospitais públicos e privados. Porém, nós, médicos, estamos muito preocupados com aqueles que estavam com cirurgias marcadas e não realizaram, por diversos motivos, como avanço da doença e, também, aumento incontrolável da demanda", explica Dr. Marcos Dall'Oglio, Urologista e Professor Livre-Docente da Faculdade de Medicina da USP.

Além da vivência prática, operando em hospitais públicos e privados, muito da preocupação se dá por conta de um artigo publicado no "The Journal of Urology", revista científica da "American Urological Association", que abordou os fatores que cercam o atraso da detecção e do tratamento dos cânceres urológicos e, um deles é a realização do procedimento cirúrgico que é de suma importância para vencer a doença.

Mas, o tratamento vai muito além da cirurgia. Mesmo que o paciente não consiga realizar o procedimento, aquele que foi diagnosticado com câncer deve continuar o tratamento, como, por exemplo, a radioterapia e a quimioterapia. "Sabemos que a quimioterapia e a radioterapia tem efeitos adversos, proporcionando ao paciente maior exposição, além de diminuir a imunidade frente ao coronavírus, mas é necessário a continuação para a doença não avançar", explica o urologista.

Apesar de os procedimentos estarem voltando, o Dr. Marcos Dall’Oglio está preocupado com o futuro, pois sabe que o número de pacientes com câncer deve ter aumentado. E, o urologista tem razão, já que segundo estimativas das Sociedades Brasileiras de Patologia e de Cirurgia Oncológica, mais de 50 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados. Além disso, outro fator que preocupa é de uma nova onda de coronavírus, o que pode prejudicar o andamento dos tratamentos e parar, novamente, as cirurgias eletivas.

"Estamos tomando todos os cuidados necessários, mas não queremos, em hipótese alguma, parar de atender nossos pacientes e deixa-los esperando. Infelizmente, o câncer não espera e a situação pode ficar ainda mais grave para o cenário da saúde brasileira", finaliza Dall’Oglio

 



Dr. Marcos Dall'Oglio  - Possui graduação em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1993) e doutorado em Medicina (Urologia) pela Universidade Federal de São Paulo (2000). Professor Livre-Docente da Faculdade de Medicina da USP desde 2008. Tem certificação para atuar em cirurgia robótica (Urologia) pela Intuitive Da Vinci Surgical System Training. Atuou como Diretor Médico Oncocirúrgico e Chefe do Setor de Uro-Oncologia do Instituto de Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e como Chefe do Setor de Uro-Oncologia da Divisão de Clínica Urológica do Hospital das Clínicas (HCFMUSP). Professor Associado da Faculdade de Medicina da USP desde 2012. Atua em Cirurgia Robótica Urológica, com linhas de pesquisa principalmente nos seguintes temas: fatores prognósticos do carcinoma de células renais, câncer de bexiga, de próstata e testículo, neoplasias malignas do trato genitourinário, técnicas cirúrgicas em urooncologia.


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