Psicopedagoga do Núcleo de Apoio ao Estudante da Escola Vereda defende a abordagem de temas como vida pré e pós pandemia, saúde mental, benefícios e malefícios da internet no Ensino Não Presencial
Momento de descontração faz parte do programa de
acolhimento socioemocional dos alunos e alunas do Fundamental I
A disseminação do novo coronavírus e o esforço conjunto para
freá-la fez com que a sociedade enfrentasse um cenário sem precedentes,
impulsionando o convívio pessoal e profissional de forma predominantemente
online. A adaptação ao home office, ao ensino não presencial e à mudança da
dinâmica nas aulas, agora também inseridas no contexto doméstico, não apenas
levou à limitação do tempo fora de casa, como também à restrição das
afetuosidades e das interações sociais importantes a todos, ocasionando em
alguns casos desdobramentos negativos, principalmente, entre os mais jovens,
chamando a atenção de pais e mães e educadores.
A Organização Mundial da Saúde (OMS)
alertou recentemente que a pandemia de Covid-19 causa crise de saúde mental nas
Américas. A opinião é reforçada por uma série de estudos. Um em particular, da
Universidade de Bath, no Reino Unido, aponta uma tendência de alta nas taxas de
depressão e ansiedade dos jovens nos próximos anos, uma vez que, segundo o
estudo, os jovens que experimentaram a solidão durante o
bloqueio podem ter até três vezes mais chances de desenvolver depressão no
futuro. Em âmbito nacional, com o Brasil sendo um dos países que
registra um número elevado de casos da doença, cabe às escolas repensar novas
formas de trabalhar as habilidades socioemocionais, em especial, as habilidades
de estabilidade emocional, sociabilidade e empatia.
Foi pensando nisso que a equipe da Escola
Vereda (Santo André, São Bernardo do Campo e Mooca – São Paulo)
implementou em agosto um programa de acolhimento socioemocional
para os estudantes chamado Projeto Gaia. Inspirado na figura que representa a
mãe Terra na mitologia grega, o nome foi escolhido pensando nas diretrizes
principais do projeto: acolhimento, proteção e segurança. “O núcleo familiar
tem um papel importante nesse sentido, mas a escola também deve apoiar os
responsáveis, principalmente no contexto da pandemia.” afirma a psicopedagoga
do Núcleo de Apoio ao Estudante Patricia Carvalho.
Após um levantamento feito com as
famílias, a equipe da Vereda reuniu os assuntos mais urgentes nesse período de
pandemia e estipulou roteiros de atividades específicos para cada etapa da
educação. Com as crianças do Fundamental I, os temas a serem abordados são:
vida pré e pós pandemia, com conversas e dinâmicas voltadas para entender o que
mudou na rotina dos pequenos; os benefícios e malefícios da internet e seu uso
seguro e consciente, que envolve o cuidado no diálogo com estranhos e no
recebimento de arquivos não solicitados por exemplo.
No Fundamental II, inicia-se um
trabalho mais direcionado à saúde mental, com rodas de conversa para falar
especificamente sobre a experiência do isolamento social. Os professores e
professoras também conduzirão atividades sobre discurso de ódio e como ele se
manifesta, para debater acerca do que é liberdade de expressão. A partir do 8º
ano, os alunos e alunas começam as dinâmicas que envolvem cyberbullying e essas
continuarão até o Ensino Médio, progredindo gradualmente de assuntos iniciais
como a definição de violência/assédio virtual a conscientização e empatia como
formas de combatê-lo.
O projeto irá continuar até o fim do
ano, diversificando os temas e proporcionando uma abordagem completa com alunos
e alunas de todas as idades. “Há uma preocupação muito comum com a regularidade
dos conteúdos atrasados, o que é normal, mas que já estão sendo trabalhados nas
aulas online. Nós temos de olhar também para o emocional dos nossos
estudantes”, alerta Patricia.
Escola Vereda
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