Já são quase seis meses que a maioria das pessoas estão em isolamento social. Com isto, o afastamento das relações sociais, o excesso de convívio familiar, o trabalho home office e a falta de distração de si mesmo. Esse cenário em que todos foram inseridos por conta da Pandemia pelo Coronavírus, chegou sem avisar. Lidar com esse imponderável da vida, é desafiador, detalha a Neuropsicóloga Leninha Wagner.
A pandemia
trouxe uma mudança de hábitos profunda em toda a sociedade. Mas, quase seis
meses depois em que o isolamento social foi decretado, é possível observar que
se por um lado ficar em casa pode proteger quanto à doença física, um outro
problema vem agora à tona: os efeitos psicológicos de lidar com tantas emoções
negativas, com fatores estressores. “Estes causam um estado de prontidão
contínua, sem saber exatamente com o que estamos lidando e suas futuras
sequelas”, comenta a Neuropsicóloga Leninha Wagner.
As
consequências desse estado de estresse permanente trazem desdobramentos com
sintomas psicológicos e físicos. Como sabemos a imunidade carrega um forte
caráter emocional, se estamos adoecidos emocionalmente, ficaremos mais
vulneráveis a contrair viroses e afins. “Na tentativa de ajustamento social,
trouxemos as relações profissionais, sociais, familiares e até românticas para
a era digital, isto está impactando negativamente nossa saúde mental e
consequentemente física, pela falta da energia da presença física.”, explica a
Neuropsicóloga.
Ela conta que
os sintomas mais comuns são: irritabilidade, desamparo, insegurança, depressão,
ansiedade, intolerância. “É claro que logo da primeira fase da pandemia, onde
as mudanças de rotina foram drásticas, o cuidado imediato foi com saúde física
das pessoas; e o combate ao agente patogênico, estes foram os focos primários
de atenção de gestores e profissionais da saúde, de modo que as implicações
sobre a saúde mental tendem a ser negligenciadas ou subestimadas de imediato.
Porém com a persistência da pandemia e a adaptação do novo estilo de vida, há
que se cuidar da saúde mental. Portanto, medidas para reduzir as implicações
psicológicas da pandemia não podem ser negligenciadas, são urgentes e
necessárias”, reforça Leninha.
E esses
sintomas são observados em diversos lugares. Pessoas diferentes de lugares
diferentes, mas com os mesmos sintomas, tem buscado ajuda de Leninha para lidar
com esses sentimentos: “Atendo pessoas, na modalidade on-line em praticamente
em todos os Estados do Brasil, e em muitos continentes. E a forma de sentir e
reagir ao novo e desagradável momento, é o mesmo: Todos estão no desamparo, na
dor da incerteza que é geradora de angústias e tantos outros sintomas que
causam síndromes, transtornos e doenças”, detalha.
Como evitar a sensação de solidão:
Muitas famílias perderam o contato. Sem ir ao trabalho ou rever as pessoas, é preciso encontrar alternativas para evitar o sentimento de solidão e exclusão; e uma das formas de superar este momento é manter a conexão virtual, como paliativo para amenizar o momento adverso. Leninha Wagner orienta o uso das chamadas de vídeo, via WhatsApp, Zoom, Skype e afins, “para que possamos diminuir o distanciamento emocional e manter a conexão sentimental. Isso nos garante por outra via o sentimento de pertença e importância. É imprescindível nos mantermos distantes, mas não separados. É possível, apesar de tudo, estarmos conectados afetivamente, pelo recurso das plataformas digitais. A tecnologia disponibiliza ferramentas que utilizadas com parcimônia, trazem benefícios para a comunicação e conexão. Diminuindo o sofrimento pelo distanciamento.
Como evitar uma crise de pânico nesse momento:
É um tempo de incertezas, e essas expectativas são geradoras de estresse e ansiedade, o que pode afetar intensivamente a saúde mental. Para evitar que isso aconteça, Leninha deixa algumas recomendações: “Manter o controle da respiração, é sempre o primeiro passo para manter a homeostase do corpo. Quando garantimos a autorregulação, evitamos a alta produção de neurotransmissores como cortisol, adrenalina e noradrenalina, por conta do descontrole da respiração, que provocam hiperventilação, isto é, grande concentração de partículas de oxigênio na corrente sanguínea, e baixa oxigenação cerebral. A respiração diafragmática, é o primeiro passo para quem se vê numa crise de ansiedade ou pânico”. E claro, buscar ajuda profissional, como ela enfatiza: “Um psicólogo terá as técnicas de manejo e ferramentas adequadas para lidar com a situação. Mesmo que de forma remota, on-line, conseguimos dar auxílio imediato a quem está em sofrimento da alma”.
Vai passar
Há que se pensar que a vida é feita de momentos, mas é sempre maior que eles. Esse momento irá passar. Virando história nos livros que serão escritos para as futuras gerações. Por isso a Neuropsicóloga destaca algumas dicas valiosas para enfrentar este período difícil: “Deixe esse seu momento marcado por ações positivas e produtivas em sua vida. É importante buscar inteligência emocional para lidar com tantos desafios diários, que nos foram impostos de maneiras surpreendente. A preocupação com a saúde, com a evitação do contágio, com o afastamento social, alteração das relações e da rotina de trabalho, a insegurança com a manutenção da vida financeira, todos esses fatores são desencadeadores de dores emocionais com as quais não estávamos preparados para lidar”. Buscar por auxílio, procurar ajuda profissional, ela finaliza, “é um cuidado que devemos nos permitir para superar este momento adverso. Certamente não é fácil nem agradável o momento a que todos nós estamos submetidos. Mas é possível atravessar amenizando os efeitos”.
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