Até 30% dos
casais inférteis não sabem exatamente o que está impedindo a gravidez
Junho
é mês de conscientização da infertilidade, mal que atinge cerca de 80 milhões
de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. Dessas, existe um
grupo que não consegue saber exatamente qual a causa da infertilidade. E a
principal preocupação é se a falta de um diagnóstico afeta a possibilidade de
tratamento.
“Após
um ano de tentativas de gravidez frustradas e, depois da realização de diversos
exames como ultrassonografias, exames de sangue, espermograma e avaliação das
trompas, se os médicos não encontram a raiz do problema, chamamos de
infertilidade sem causa aparente”, explica a especialista em Reprodução
Assistida, Cláudia Navarro.
Tratamento
Segundo
a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva - ASRM, até 30% dos casais
inférteis não têm um diagnóstico inicial preciso. Nesses casos, o tratamento é
empírico, ou seja, baseado em experiência. “Apesar da literatura médica ser
vasta nesta área, muitos estudos não consideram as inúmeras variáveis, por isso
é preciso individualizar”, comenta a médica.
Para
Cláudia Navarro, é muito importante que as pesquisas médicas ocorram para
aumentarem as chances de sucesso para os pacientes. “Para muitas mulheres a
gravidez é um sonho. Quando ela recebe a notícia de que sua infertilidade não
tem uma causa determinada, aquele momento não pode ser o fim da linha. É muito
importante ficar atento aos estudos na área para ter o maior número de
alternativas a fim de ajudar aquela paciente”, comenta a especialista.
Estudo
A
ASRM conduziu uma pesquisa bibliográfica que incluiu revisões sistemáticas,
meta-análises, ensaios clínicos randomizados e estudos observacionais
comparativos publicados entre 1968 e 2019. Em um artigo publicado sobre o
estudo, a ASRM mostra que a conduta para cada casal deve ser individualizada,
considerando-se basicamente a idade da mulher e o tempo de infertilidade.
Casais
jovens poderão até se beneficiar de ciclos com estimulação ovariana e
orientação de coito ou até mesmo da Inseminação Intra Uterina (IIU), enquanto que em mulheres
com idade mais avançada, a Fertilização in vitro (FIV) possa ser a primeira opção.
“Em casos específicos de FIV, existe até a indicação de se realizar a biópsia pré-implantacional (PGT-A)
para que se selecionem embriões cromossomicamente normais para serem
transferidos para o útero”, diz Cláudia Navarro.
Cautela
Cláudia
lembra que a descoberta da infertilidade é um momento muito delicado. E é
necessário observar as diversas variáveis, como a idade da mulher, análise da
qualidade do sêmen do companheiro, a reserva ovariana, entre outros fatores.
Quando não há uma causa e um caminho determinado a seguir, a
sensação de incerteza pode causar momentos de estresse e ansiedade no casal.
Além disso, as alternativas como IIU e FIV podem também não ser bem sucedidas.
“É importante ter calma e paciência diante desses resultados e contar sempre
com auxílio médico e, se for necessário, emocional ”, finaliza
Cláudia Navarro - especialista em reprodução assistida e diretora
clínica da Life Search. Graduada em Medicina pela UFMG em 1988, Cláudia
titulou-se mestre e doutora em medicina (obstetrícia e ginecologia) pela
instituição federal. Atualmente, atua na área de reprodução humana, trabalhando
principalmente os seguintes temas: infertilidade, reprodução assistida,
endocrinologia ginecológica, doação e congelamento de gametas.
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