Diante do cenário que
estamos vivenciando, os desafios são gigantes para a educação como um todo e
para os professores em particular. O mundo está se transformando e não
voltaremos “ao normal”, pois o normal será uma nova realidade, muito diferente
do que estávamos vivendo até a pandemia de covid-19. O mundo, provavelmente,
não será o mesmo. A Educação e os professores também não. São muitos os
aspectos que devem ser levados em consideração, como também, as inúmeras
incertezas: durante quanto tempo as escolas ficarão fechadas? Como será a
regulamentação? Como garantir a qualidade e o cumprimento do currículo? Como
engajar alunos e famílias nesse nosso modelo? Mas, deixando de lado as
incertezas e sobre as quais não temos domínio, vamos focar especialmente no
papel do professor, que precisa se reinventar para continuar cumprindo sua
missão de mediar a aprendizagem dos estudantes.
O processo de ensino
e aprendizagem se transforma neste contexto. As formas habituais de lecionar
precisam ser revistas. É preciso modificar o planejamento pedagógico e
encontrar alternativas para envolver, motivar e propiciar o desenvolvimento dos
estudantes, mesmo que a distância. A profissão de professor envolve muita
relação interpessoal e acolhimento. Talvez aqui esteja a maior perda. A falta
do olho no olho e das interações entre professores e alunos assim como entre
alunos e os colegas. Um dos principais desafios é adequar aulas, materiais e
atividades para outro modelo que não o presencial. Muitas tecnologias estão
sendo disponibilizadas neste momento de crise. É uma avalanche de informações,
o que torna muito difícil encontrar a melhor solução para atender a essa
necessidade não planejada de ensinar além dos muros da escola.
Apesar da grande
maioria dos professores utilizar regularmente as tecnologias no dia a dia, a
situação fica mais complicada quando se trata de conhecer e dominar novas
ferramentas e metodologias para adaptar as aulas a um novo formato. Isso exige
um tempo que não temos. Inclusive, muitas escolas no país estão definindo
férias de vinte dias para que suas equipes se preparem melhor e desenvolvam
conteúdos e dinâmicas adequados para as aulas a distância. Outro grande desafio
é a falta de infraestrutura necessária para aulas a distância nos lares,
especialmente em se tratando de estudantes da escola pública. Essa questão, de
homeschooling, não pode ficar à margem, pois temos que garantir uma educação
não excludente. A falta de tempo e preparo das famílias para mediar a
realização de atividades pedagógicas torna a situação o ensino em ainda mais
complexo.
Existe o fato, ainda, de que os
desafios são diferentes para alunos das diferentes faixas etárias, já que é
possível adaptar recursos para atender desde a Educação Infantil até o Ensino
Médio. Porém criatividade, objetividade e simplicidade são os postos-chave para
este momento, independentemente da idade dos estudantes. A crise consolidou
algo que já sabemos: alunos estão mostrando que as instituições formais de
ensino já não são mais os principais locais para buscar informações e aprender.
Portanto, precisamos reinventar a escola como espaço relevante de aprendizagem
para que cumpra seu papel de formar estudantes a fim de interagir com
criatividade, ética e responsabilidade na sociedade em que estão inseridos.
As tecnologias
digitais podem ajudar a tornar esse desafio menos estressante para todos os
envolvidos nos processos de ensinar e aprender. Plataformas adaptativas, por
exemplo, permitem ao estudante seguir o próprio caminho de aprendizagem de uma
forma mais autônoma, seja recuperando dificuldades individuais ou avançando
para conceitos mais complexos. Os dados coletados no decorrer da realização das
atividades auxiliam o professor a acompanhar, mesmo que a distância, o
desempenho de cada aluno e a intervir quando a mediação se faz necessária. É
apenas um exemplo de como os tão propalados Big Data e Inteligência Artificial
podem ajudar o #FiqueEmCasa a ser mais produtivo e envolvente.
Oferecer conteúdo
relevante, bem dosado, com interação e uma rotina de produção para que os
alunos participem de forma ativa das atividades, compartilhando ideias e dando
devolutivas, pode assegurar maior interesse e compreensão dos conceitos
abordados. Metodologias ativas, educação 4.0, autonomia do aluno, temas
voltados para educação e amplamente discutidos em congressos, seminários,
simpósios entre outros eventos agora ganham destaque e é o momento para
colocá-los em prática.
O professor, depois do
covid-19, assim como qualquer um de nós (inclusive os estudantes), será um
profissional mais preocupado com o outro, que valoriza as relações
interpessoais. A principal transformação que a crise nos trará está ligada ao
envolvimento, engajamento e determinação para fazer e ser diferente. Quando as
aulas presenciais retornarem, o professor certamente estará mais antenado às
estratégias diferenciadas e ao novo. Será capaz de enxergar, avaliar e aliar o
interesse dos alunos aos recursos usados em sua prática pedagógica diária. Isso
proporcionará mais dinâmicas para aulas, engajamento dos alunos e, consequente,
mais aprendizagem. Estamos prestes a vivenciar a decolagem da Educação 4.0 no
Brasil, defintivamente.
Regina Silva - diretora pedagógica da unidade
de tecnologia educacional da Positivo Tecnologia e especialista nas soluções
para escolas disponíveis em http://tecnologia.educacional.com.br
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