Como as empresas devem se preparar para incluir em
seu quadro de funcionários, colaboradores com necessidades especiais – Quais os
ganhos para a empresa? Não estamos falando de cota. Estamos falando de conviver
com o diferente para ampliar o olhar para as capacidades, e não limitações
físicas.
Como todos os temas novos que surgem, a inclusão
passou por um processo de ser algo obrigatório para ser algo que faz parte de
nosso cotidiano de verdade. Aconteceu isso com o fator responsabilidade social.
Muitas organizações pregavam políticas na parede, que não correspondiam a ações
verdadeiras no dia-a-dia. Agora, vemos que se tornou verdadeiramente um
propósito em muitas dessas organizações. A inclusão, atualmente, nada mais é do
que uma cota obrigatória na maioria dos casos. A boa notícia é que caminhamos
para a incorporação desta prática como parte do cotidiano e verdadeiramente
algo que faz parte, e não algo à parte.
Preparar o ambiente para facilitar a entrada de
pessoas que devem ser incluídas é, ainda, um desafio. Podemos ter cadeirantes,
cegos, pessoas com síndromes diferentes e cada um vai precisar de um tipo
de adaptação. Desse modo, talvez não seja possível termos todas as condições de
realizarmos as adaptações antes da chegada destas pessoas, mas podemos fazê-las
à medida que a situação se apresenta, o que requer uma cabeça aberta para investir
nessas adaptações. Lembremos que, se for de verdade e não apenas um cumprimento
de cota, ficaremos com o profissional se ele entregar resultados de verdade.
Senão, ele poderá sair como qualquer outro profissional. A empresa ganha à
medida que as pessoas como um todo percebem o respeito a todas as condições de
um indivíduo e as exigências de maneira real para que todos possam dar sua
contribuição.
Eu passei por uma situação difícil há alguns anos.
Uma empresa me contratou para um evento de integração e desdobramento do
planejamento estratégico com 800 pessoas participantes. Após levantarmos o
perfil dos participantes e as condições para o evento, criamos algumas
atividades que envolviam música e a empresa aprovou. Ao chegar ao local,
descobrimos que 20% das pessoas eram surdas e que faziam parte do processo de
inclusão da empresa. Ninguém lembrou de nos avisar. Demos um jeito na hora, um
super desconforto e desafio.
Ao conviver com pessoas diferentes, a ampliação do
olhar e a inclusão tem a ver com todos passarem a olhar o diferente como parte
do processo e não apenas como uma obrigação de convivência. Nas escolas atuais,
vejo que isto tem sido comum, as pessoas são incluídas pelos alunos como
parte da sala, fazendo com que todos colaborem mais uns com os outros. No
trabalho, talvez esse seja o efeito colateral mais desejado, um aumento de
colaboração entre todos.
Celso Braga - Sócio-diretor do
Grupo Bridge, Psicólogo e Mestre em Educação, pós-graduado
em Psicodrama Sócio Educacional pela ABPS, Professor supervisor pela
FEBRAP. Acumula experiência de mais de 25 anos em desenvolvimento humano e
projetos de conexões educacionais e inovação. É autor dos livros ‘A
Jornada Ôntica’ (2013), ‘O Hólon da Liderança’ (2015), ‘Inovação: diálogos
sobre a prática’ (2016), ‘Inovação: diálogos sobre colaboração produtiva’
(2017), A Magia dos Sentimentos: 27 emoções para transformar sua vida e
recentemente lançou os livros em versão digital Lifelong Learning - Aprender
para a Vida e Empowerment, Uma liderança que inspira e coautor do livro
‘Educação para Excelência’ (2010).
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