Especialistas da
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo esclarecem dúvidas mais
frequentes de um dos métodos contraceptivos mais populares
O público feminino dispõe de diversos
tipos de métodos contraceptivos, desde a camisinha e anéis vaginais até
injeções e dispositivos internos colocados dentro do útero – o chamado DIU –,
para impedir a gravidez e prevenir doenças sexualmente transmissíveis. Ainda
assim, parece haver um favorito entre eles: a pílula anticoncepcional. Segundo
dados divulgados este ano pela Federação Brasileira das Associações de
Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), aproximadamente 100 milhões de mulheres
no mundo utilizam esse método.
Mesmo sendo bastante popular e um dos
métodos mais indicados pelos ginecologistas, ainda há muito debate sobre os
riscos que as mulheres correm com as pílulas anticoncepcionais. As dúvidas
sobre a melhor maneira de tomar o medicamento surgem com frequência e, na era
das redes sociais e das “fake news” (notícias falsas), os mitos também se
propagam.
Pensando nisso, o Dr. Roberto Franken,
médico vascular e professor da disciplina de Clínica Médica e a Dra. Sonia
Tamanaha, ginecologista e professora da disciplina de Ginecologia, ambos da
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), esclarecem
às mulheres – e também aos homens – as principais dúvidas sobre a pílula
anticoncepcional:
- Engorda?
Talvez. De acordo com o Dr. Roberto Franken,
a ingestão do medicamento causa a retenção de líquido e aumento da vontade de
consumir carboidratos. Porém, a Dra. Sonia afirma que existem pílulas com
composições que podem diminuir o sintoma – estudos comparativos entre usuárias
e não usuárias mostraram que as variações de peso (média de 0,5 kg) foram
semelhantes nos dois grupos.
- Dá celulite?
Mito. Segundo a Dra. Sonia, “a celulite é
uma patologia que possui vários fatores envolvidos, tais como: predisposição
genética, sexo feminino, idade, obesidade, sedentarismo, alto consumo de doces
e bebidas gasosas, disfunções circulatórias, gestação, tabagismo, disfunções
hormonais e uso de determinados medicamentos. “Assim, não é possível dizer que
a pílula seja a responsável por sua origem. Porém, a retenção hídrica associada
ao uso de pílulas poderia causar a sensação de aumento da celulite nas mulheres
com predisposição”, explica.
- Aumenta os seios?
Mito. Conforme a Dra. Sonia, as pílulas
contraceptivas são formuladas pela combinação de estrogênio e progestagênio ou
apenas com o progestagênio. “Os efeitos desses hormônios nas mamas podem causar
aumento da sensibilidade, dor mamária e sensação de inchaço, mas não aumentar o
volume”, afirma.
- Dá trombose?
Verdade. Dados da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) indicam que mulheres que usam anticoncepcional
correm risco de quatro a seis vezes maior de desenvolver trombose em um ano do
que aquelas que não utilizam métodos contraceptivos hormonais. Segundo o Dr.
Roberto, os dois tipos de trombose mais comuns para essas mulheres são a venosa
e a arterial e que, dependendo do perfil da mulher, ou seja, se ela é obesa,
possui histórico familiar ou é fumante, as chances se elevam.
- Melhora a pele?
Verdade. “Há uma melhora na pele porque o
estrogênio tem a propriedade de aumentar a produção de uma proteína no fígado,
chamada SHBG (steroid hormone biding globulin), que é responsável por
diminuir a biodisponibilidade dos hormônios com efeitos androgênicos. E, assim,
ocorre melhora da oleosidade da pele e da acne”, explica a Dra. Sonia.
- Existe uma idade certa para começar
a tomar?
Depende. Segundo os professores da FCMSCSP, a
idade para se começar é definida mediante consulta com o ginecologista, que
definirá se a mulher pode ou não tomar a pílula. Dra. Sonia explica que, em
geral, é recomendado começar quando existir o risco de acontecer uma gestação
não planejada. Estudos reportam que os benefícios contraceptivos superam todos
os eventuais riscos de seu uso. “No caso de adolescentes, com o início da
atividade sexual, a recomendação é o uso da dupla proteção: a pílula
anticoncepcional associada a outro método de alta efetividade, como a camisinha
feminina ou masculina, por exemplo”, complementa.
- Quem não pode tomar a pílula?
Para o Dr. Roberto e a Dra. Sonia,
pelo risco de associação com complicações graves, não podem tomar pílulas
contendo estrogênio as mulheres que tiveram trombose, portadoras de
trombofilias hereditárias, histórico pessoal de acidente vascular cerebral,
câncer de mama, hipertensas, tabagistas acima de 35 anos e aquelas que sofrem
com enxaqueca com aura.
- A pílula causa problemas vasculares?
Segundo ambos os especialistas, as
pílulas não são recomendadas para pessoas que possuem problemas de circulação,
principalmente as tromboses e os efeitos colaterais do tabagismo. Além disso, a
Dra. Sonia enfatiza que os problemas vasculares com o uso de pílulas de baixa
dose de estrogênio não são habituais quando a mulher é saudável, ou seja, não
tabagista e não é hipertensa.
- Causa varizes?
Mito. Segundo o Dr. Roberto, não é
comprovado que o uso da pílula anticoncepcional cause varizes. Porém, por se
tratar de uma doença multifatorial – a que pode ser causada por várias origens
–, para a Dra. Sonia, a pílula pode ser considerada um fator desencadeante por
intensificar a dilatação dos vasos ao diminuir os tônus vasculares.
Faculdade
de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP)
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